Música

É Bem por Aí leva música gratuita para a Praça Universitária

Com um cenário político polarizado e uma eleição que se avizinha, o brasileiro parece estar…

Com um cenário político polarizado e uma eleição que se avizinha, o brasileiro parece estar constantemente combalido: é muita notícia ruim o tempo todo, o que dificulta ter qualquer esperança de um futuro melhor. E o País parece não ajudar: crimes de ódio, preconceito e a escalada da violência parecem tirar a vontade de lutar das pessoas boas.

É preciso espalhar o bem: e é exatamente essa a proposta do novo movimento musical de Goiânia, o É Bem Por Aí. Idealizado pelo músico Oscar Jayme e produzido por mais de 30 pessoas de forma colaborativa, o projeto deve trazer shows gratuitos e mensais de diversos estilos musicais para a Praça Universitária.

O evento inaugural está marcado para o próximo sábado (31), às 17h, com shows das bandas Casa Bizantina, DDA, Lobinho e os 3 Porcão, Exame de Fezes, Rastacry, Diabo Velho e The Last Shot, além de discotecagem com Alexandre Perini.

Com uma proposta de inclusão e ocupação do espaço público, o projeto é uma resposta contra a mensagem de ódio e intolerância que se espalha como fogo pelo cenário nacional. Para o músico Alexandre Perini, que se apresenta como DJ neste sábado, os artistas resolveram se juntar “porque o pessoal da música aqui em Goiânia tá muito parado”. Ele destaca que cada um dos envolvidos está fazendo a sua parte: “Eu tô na produção, na parte de equipamento, cada um tá fazendo uma coisa. O próprio pessoal das bandas”.

Perini destacou a variedade de estilos contemplados: “É bem diversa, resolvemos pegar cada um de uma linha. No próximo vamos ter gente do rap, da MPB, cada um de um pedaço”. Ele conta que o objetivo é fazer “um som bem profissional, pequeno, mas de alta definição, que não incomoda os vizinhos”.

Perini sente que é preciso fazer uma movimentação e que a cena rock goianiense, que é enorme, precisa ser mais unida: “Nós estamos juntando todo mundo pra compor essa cena rock de novo de maneira gratuita, participativa. É pra formar de novo um público”. A mensagem é espalhar o bem, o amor e a união frente à avalanche de intolerância e negatividade: “Estamos presos nessa rede de mentira, de inverdades, por isso que o pessoal se juntou: vamos dar o nosso recado. O rock está muito bundão e nós temos uma cena boa pra caramba”.

O idealizador do evento, o percussionista da Orquestra Sinfônica de Goiânia, Oscar Jayme, é categórico em deixar clara essa oposição: “O Brasil está caminhando para uma cultura que não é a nossa. Não acreditamos nesse Brasil que caminha para o ódio, para a raiva, para a intolerância e a falta de respeito às pessoas e às nossas próprias matizes culturais. A própria base do que nos torna um país tão diverso e culturalmente rico está ameaçada pelo ódio”.

Ele conta que o projeto, que deve ser mensal, tem tido aderência dos artistas goianos, especialmente dos mais antigos. “Nós artistas temos o dever de se manifestar. A arte tem um papel social, um poder de transformação e tenho certeza que todos nós, conservadores e de esquerda, podem defender seus ideais, mas sempre no debate e não através do ódio e da violência”, completa. Ele define o É Bem Por Aí e sua mensagem como uma necessidade: “Precisamos caminhar juntos apesar de nossas diferenças para um País maior do que esse ódio de brasileiros contra irmãos brasileiros”.

Aurélio Dias, da banda Lobinho e os 3 Porcão, foi uma dessas pessoas que respondeu de cara ao chamado, subindo ao palco neste sábado. “Esse evento veio de conversas entre alguns músicos como eu e o Oscar e a necessidade de unirmos forças em torno da urgente necessidade de propagar o bem entre as pessoas”, conta. Ele diz que o evento “é resultado de todo a crise de valores que estamos vivenciando. A Lobinho faz parte dessa luta há muito tempo e tem posicionamento político juntamente com as demais bandas”, finaliza.