“O grande desafio é se enquadrar na nova realidade da música”, diz Dudu Nobre
“Já perdi as contas”, diz Dudu Nobre quando perguntado sobre quantas vezes esteve em Goiânia.…
“Já perdi as contas”, diz Dudu Nobre quando perguntado sobre quantas vezes esteve em Goiânia. “Vou praticamente de três a quatro vezes por ano, sem falar no estado de Goiás. A primeira vez foi há 15 anos. O público daí gosta muito de samba, apesar da identificação muito forte com o sertanejo. Os eventos que a gente tem feito tem um público diferenciado e tem dado super certo”.
Pelo jeito ele ainda não cansou: o artista estará na capital novamente neste domingo (5), às 13h, para uma roda de samba na primeira Feijuca da Comissão de Advocacia Jovem de Goiás (CAJ), no Píer do Centro de Cultura, Esportes e Lazer (CEL) da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).
“Eu faço um mix de músicas que eu gravei e fizeram sucesso em televisão, aberturas de novela, abertura da Grande Família, alguns sambas-enredo e alguns sambas clássicos”, conta ele. “É um mix que tem sido muito bem aceito em Goiânia”.
Neste ano, Dudu Nobre – apelido de João Eduardo de Salles Nobre – está mais ocupado do que o normal, e não vai conseguir nem mesmo desfilar no Carnaval. “Vou trabalhar e só dar uma passada na Marquês de Sapucaí”, explica.
O motivo para isso pode ser também explicado com seus diversos projetos musicais. Ele pretende lançar um CD no segundo semestre deste ano – conta que tem mais de 200 músicas inéditas prontas -, e prepara um álbum inteiramente instrumental.
“Todo mundo sabe que, na minha história, o músico puxou o compositor que puxou o cantor, e muita gente me cobra um CD instrumental”, diz ele. “Já estou trabalhando nele há dois anos, e vai ser uma junção de chorinho com música eletrônica. Tive a participação do Negralha, que é o DJ do Rappa, do Malboro, e tem um DJ famosíssimo da música eletrônica, o Alok, que a gente está conversando para ter a participação”.
Outra atividade que está ocupando seu tempo é ainda uma novidade: “Estou dando aula de cavaquinho pela internet”, conta, animado. “O curso se chama Cavaquinho com Dudu Nobre, que está em www.cavaquinhocomdudunobre.com.br, onde em 14 aulas a pessoa já está tocando. Temos uma aula por pessoa, encontro os alunos e tiro as dúvidas do pessoal, está sendo bem interessante. Hoje está fazendo um mês e já temos quase 300 alunos”.
Essa é uma retomada da carreira musical após uma tentativa de ingressar na política que não obteve sucesso. Em 2016, Dudu se candidatou ao cargo de vereador da cidade do Rio de Janeiro. “Minha decisão foi em cima da falta de opções, principalmente no segmento de cultura, da música, e também defendendo a educação. Eu não via ninguém como uma representatividade, e infelizmente não andou, por questões até de inexperiência no assunto, em tocar uma campanha política”.
“A gente lamenta porque as pessoas falam muito de mudança, mas quando você vai ver o rol dos que foram eleitos, a gente vê que a mudança foi muito pequena. Nós que somos artistas – e todos os segmentos – temos que ter representatividade no parlamento. Para ser bem sincero, não pretendo mais tentar porque é muito complicado. Quando você tenta fazer uma carreira política, a maioria acha que está se metendo para se aproveitar de alguma coisa, para ganhar alguma coisa, ninguém pensa que você está tentando fazer alguma coisa bacana. Você para sua vida para isso. A política é feita de vitórias e derrotas, e o momento da derrota é muito complicado”, desabafa.
Sobre sua trajetória musical, ele reflete: “Minha intenção sempre foi construir uma carreira, e eu acho que, nesses 17 anos, eu consegui. Hoje eu sou um artista reconhecido no País inteiro, tenho uma carreira no Brasil e fora, todo ano vou pelo menos dois anos para fora para fazer shows. Mas nesses 17 anos a música mudou muito, e hoje o grande desafio é se enquadrar na nova realidade da música. O rádio está acabando”.
Para o sambista, a pirataria foi o principal motivo para a mudança no mundo da música, e só vai sobreviver quem puder se adaptar. “Eu comecei numa época onde você vendia CD – quando eu assinei meu primeiro contato ainda era LP, na verdade. Por uma questão de estratégia da gravadora, eu assinei o contrato e só lancei nove meses depois. Tive sete propostas de gravadoras, quatro produtoras, três empresários, todo mundo procurando fazer um trabalho comigo. Toda a divulgação, estratégia e promoção era com a gravadora”.
“Agora a mudança é tão rápida que enquanto a gente está falando de Youtube já vai surgir outra plataforma. Antes, para ser um artista famoso, você precisava ter uma discografia. Hoje você vê casos de artistas que têm quatro músicas gravadas, mas um clipe com 20 milhões de visualizações na internet. O nosso sonho antigamente era vender 100 mil discos para ganhar um disco de ouro, 250 mil para ganhar um disco de platina. Hoje, quando vende 30 mil, a gravadora está te agradecendo. A música está mudando em uma velocidade muito grande, e a gente tem que estar por dentro”, afirma.
“A gravação de DVD também está rareando, porque você não tem nem onde tocar o DVD. Nesses 17 anos, não me arrependo de nada, foi dentro do que a vida foi levando. Se o CD tivesse continuado, sem a pirataria, teria continuado naquele esquema ali também. Por um lado, acho [essa mudança] muito positiva por democratizar, mas por outro acho complicada, porque é uma coisa muito nebulosa, você não sabe a direção que tem que tomar. São muitas possibilidades”.
Para ver o cantor ao vivo, basta adquirir os ingressos no Restaurante Tribo do Açaí e na Sul Bebidas, por R$80 para não sócios e R$60 para sócios, valor referente ao primeiro lote. O Píer do CEL da OAB fica na Avenida de Furnas, em Jardim Rio Grande, em Aparecida de Goiânia. Mais informações pelo telefone (62) 9 8422-4675.