‘Não gostava que fizessem piada com o corpo dela’, lembra Ingrid Guimarães sobre Claudia Jimenez
Em depoimento exclusivo, humorista lembra a luta da atriz contra estereótipos e diz que ela abriu portas para comediantes mulheres: 'Claudia foi inspiração em toda minha carreira'
“Conheci Claudia Jimenez quando eu fazia ‘Confissões de Adolescente ‘ no Teatro Casa Grande, às sete horas da noite. Ela fazia ‘Como preencher um biquíni selvagem’ às nove. Eu fazia a peça e ficava para assistir à dela, que estava sempre lotada. Assisti inúmeras vezes. Ia lá tietá-la, era uma adolescente.
Ela foi uma inspiração em toda a minha carreira. Eu ficava conversando com ela, que era sempre muito generosa. Às vezes, ficava para nos assistir. E eu tinha uma relação de muito carinho e admiração.
Claudia Jimenez foi uma referência para a minha geração. Primeiro que ela tinha uma coisa que, para mim, era muito significativa: não gostava que usasse do corpo dela como um estereótipo. A vida inteira lutou contra isso, contra o humor depreciativo. Contra o humor que falava do próprio corpo. Apesar de ela brincar com isso, também tinha essa luta. No próprio “Sai de baixo”, não gostava de falar essas piadas. É uma coisa que a gente conversou muito.
Fico muito feliz de ter feito o documentário “Viver do riso” em que pude homenageá-la, além de outras pessoas. E ela falou muito sobre isso, sobre como lutou para que o humor fosse além do próprio tipo físico dela.
Fora que Claudia tinha um humor muito natural. Ela era naturalmente muito engraçada. Não precisava fazer muita coisa. Era um naturalismo que eu achava simplesmente genial. Claudia Jimenez tinha um dos tempos cômicos mais perfeitos do Brasil.
Nesse tempo de pandemia, a gente vinha sempre se falando. Ela estava muito em casa, com medo de sair. Enfim… Merece todas as homenagens. Foi uma referência para todos nós, principalmente, para as comediantes mulheres. Ela abriu portas para nós”.