‘O convívio com aquela gente ruim contaminou a Regina Duarte’, diz Maitê Proença
'Com a banalização do que foram as mortes da ditadura, o desrespeito e a desinformação, chega!', afirmou Proença
A atriz Maitê Proença, que defendeu o direito de Regina Duarte pensar diferente da classe artística durante a campanha que elegeu Jair Bolsonaro, criticou duramente a entrevista da atual secretária especial da Cultura à Rede CNN na tarde da última quinta-feira (7).
Durante a conversa, jornalistas da emissora pediram que Regina ouvisse e comentasse um vídeo enviado à produção por Maitê Proença, no qual a atriz questionava seu silêncio diante do falecimento recente de colegas, citando Moraes Moreira e Aldir Blanc. Na gravação, Maitê também pede mais medidas de socorro aos artistas diante da crise gerada pela pandemia e sugere que Regina converse com a classe artística.
— A brigada bolsonarista atira pedras por não entender que, quando menciono as vaquinhas que têm sustentado os trabalhadores do setor cultural, significa que aqueles que têm uma reserva de dinheiro dão para quem está passando fome. Assim tem sido no nosso meio, desatendido, como tantos. Enquanto isso os dirigentes não encontram uma forma rápida e eficaz de assistência para ajudar a população, pagadora de impostos escorchantes — disse Maitê, em depoimento exclusivo ao GLOBO.
Na entrevista, Regina deu declarações em que menosprezou a censura e a tortura durante a ditadura, relativizou o impacto do coronavírus e minimizou seu papel ao mencionar mortes de artistas durante a pandemia. Ela também cantarolou “Pra frente Brasil”, o jingle da seleção na Copa de 1970, e citou Hitler e Stálin.
— Defendi o direito de Regina a uma escolha diferente da minha e da maior parte de nossa classe, agora basta. Com as posturas de ontem, com a banalização do que foram as mortes da ditadura, o ‘la-la-ri qua qua qua’, o desrespeito e a desinformação, chega! O convívio com aquela gente ruim contaminou a Regina que eu pensei existir na Regina.
Leia, abaixo, o depoimento completo de Maitê Proença:
“Hoje o General Villas Boas defende a entrevista de Regina pela demonstração de humanismo, grandeza, perspicácia, inteligência, humildade’ e por aí vai. Eles parecem habitar um mundo paralelo àquele do bom senso e do respeito à população. Por outro lado, a brigada dos bolsonaristas atira pedras, por entender que, quando, na minha intervenção, menciono as vaquinhas que têm sustentado os trabalhadores do setor cultural, significa que aqueles que têm uma reserva de dinheiro dão para quem está passando fome. Assim tem sido no nosso meio, desatendido, como tantos. Enquanto isso os dirigentes não encontram uma forma rápida e eficaz de assistência para ajudar a população, pagadora de impostos escorchantes.
“No princípio, defendi o direito de Regina a uma escolha diferente da minha e da maior parte de nossa classe. Muitos confundiram minha posição com um alinhamento em defesa dessa criatura que nos desgoverna. Nunca! Não votei nele!! Mas entendi que ela enxergasse de outra forma, e achei errado apedrejá-la por sua opinião. Onde estaríamos? Mas agora basta. Com as posturas de ontem, com a banalização do que foram as mortes da ditadura, o ‘la-la-ri qua qua qua’, o desrespeito e a desinformação, chega! O convívio com aquela gente ruim contaminou a Regina que eu pensei existir na Regina.”