Homenagem

O maior de todos os tempos

Ali não foi apenas um grande boxeador na vida real, mas também um herói nos quadrinhos

Ao saber do triste fato da morte de Muhammad Ali, o maior boxeador de todos os tempos, é difícil limitá-lo a apenas isto. Ativista bem-humorado, o lutador chegou a dividir as páginas das histórias em quadrinhos com o mairo super-herói de todos: o Super-homem. Republicada em edição de luxo em 2012, Superman vs. Muhammad Ali foi publicada originalmente em 1978 com arte de Neil Adams e cores de Dick Giordano e Terry Austin em uma história criada por Dennis O’Neal e adaptada por Adams. A publicação, de 72 páginas, é um clássico instantâneo e uma leitura obrigatória mesmo nos dias de hoje para os grandes fãs destes heróis e também das histórias em quadrinhos.

A própria capa original já se tornou icônica, não apenas por mostrar uma torcida em polvorosa enquanto o Último Filho de Krypton e Ali se encaram no centro do ringue, mas pela plateia. Nela, é possível ver um homem careca com as mãos cruzadas que pode ser Lex Luthor e, ao seu lado, compridas orelhas negras de borracha que só podem pertencer ao Batman. A capa completa possui ainda várias celebridades da época, como Frank Sinatra, Don King, Woody Allen, Jackson 5 e até o Pelé, além de outros heróis como o Flash, Lanterna Verde e a Mulher-Maravilha. Não foi o primeiro encontro do Supinho com personalidades reais. Nas páginas das HQs, ele já havia até se encontrado até com o presidente JFK, mas o encontro com Ali, no auge da sua popularidade, ofuscou até mesmo um dos presidentes mais pop que os EUA já tiveram.

 

ali

A HQ é uma homenagem atemporal do sucesso e da personalidade de Cassius Clay, um homem que viveu para se tornar uma lenda não apenas de seu esporte, mas da cultura pop que não o esqueceu, mesmo sendo muitas vezes tão transitória. A história da HQ é bem campy e sem graça, mas ao mesmo tempo divertida se todo o contexto for levado em conta. Porta-voz pelos direitos dos negros nos EUA, Ali contou em entrevista que virou muçulmano por ver o cristianismo americano como uma forma de controlar os negros. Mas ele mostrava sempre a que veio. A revista foi publicada quatro anos depois de sua histórica luta contra George Foreman, conhecido então como “Máquina de Matar” Foreman, que o enfrentou por sete longos e dolorosos rounds, massacrando Ali, que venceu por nocaute graças à sua astúcia.

Na trama, um alien genérico invade a Terra e quer enfrentar seu maior guerreiro. Ali é o escolhido! O Azulão argumenta, mas Ali dispensa o herói, por ele ser alienígena. No final das contas, os dois se enfrentam para ver quem é o maior guerreiro da Terra. O vencedor? Só lendo para descobrir! Uma leitura que vale muito a pena, especialmente hoje.