Televisão

O que Vandré Silveira aprendeu com ‘Jesus’?

O ator interpreta Lázaro na produção da Rede Record. Pela primeira vez, está em uma produção televisiva do início ao fim e tira ensinamentos da experiência

Com 17 anos de carreira, esta é a primeira vez que Vandré Silveira tem um papel recorrente durante uma obra completa na televisão. O ator interpreta Lázaro na novela Jesus, da Rede Record. Além do peso de dar vida a um dos milagres mais lembrados do Messias (Dudu Azevedo), o artista também foi responsável por dar peso ao Milagre de Madalena, uma mulher que, segundo a Bíblia, estava possuída por sete demônios.

“Foi muito forte, intensa, bonita e emocionante”, descreveu Silveira ao Mais Goiás. Segundo ele, o telespectador pode fazer várias leituras da cena, mas “acho que a mensagem mais bonita que Jesus trouxe foi que Ele veio pelas pessoas que era malvistas pela sociedade”

“Acho que vai foi uma ‘supercena’, porque foi feito com muita verdade”, sublinhou. Vandré adiantou que Lázaro foi quem levou as mulheres – amordaçadas com grilhões – até Jesus. Para ele, a cena tem potencial para ser uma das mais marcantes da teledramaturgia da Record, assim como foi quando Moisés abriu o Mar Vermelho em Os Dez Mandamentos e como provavelmente será a crucificação do Messias.

Mas, independente de qualquer cena específica, Silveira se disse realizado com o trabalho, porque, de acordo com ele, deu dimensão a um personagem importante na história bíblica. “Todo mundo conhece a história de Lázaro, sua morte e ressurreição, mas Paula Richard e os demais colaboradores me deram o presente de ir além do milagre”, apontou.

Vandré complementa a explicação, citando um romance do personagem com a gladiadora Suzana, vivida pela atriz Bárbara Reis. “Conhecer o homem Lázaro fortalece o milagre”, acrescenta.

O artista e o personagem

“Estou lendo um livro chamado O Evangelho Segundo Lázaro. É um romance, então, claro, há uma parte ficcional”, conta o ator. De acordo com ele, as páginas falam sobre o milagre da ressurreição e a análise que fez foi que: “é uma prova de fé. Jesus trouxe Lázaro de volta à vida para que as pessoas entendessem que aquilo era um milagre”.

Interpretar um homem tão próximo de Jesus o fez entender a fé de outra maneira. “Mais vale a salvação de uma pessoa que se arrepende de algo do que salvar 99 justos”, comenta ele. Para Silveira, vale sempre relembrar que Ele passou uma mensagem de empatia, mas que, em pouco mais de 2000 anos, não aprendemos nada com o Messias. “O ser humano ainda não sabe nada sobre se colocar no lugar do outro”, coloca.

Para Vandré, outro ensinamento poderoso com a experiência no folhetim bíblico da Record é a cura através do amor. “Aprendi a ver que sempre é possível fazer uma escolha pelo bem. É possível escolher fazer o bem”, pondera.

O artista sem o personagem

Por esta ser a primeira telenovela em que Vandré tem um papel do início ao fim, ele ainda é pouco conhecido pelo grande público. Nem por isso ele passa despercebido nas ruas ou nas redes sociais. “Às vezes, a gente escuta uma coisinha ou outra. Falam que o Lázaro que estou fazendo é muito bonito, e transmito um olhar de bondade e generosidade”, conta.

Silveira, inclusive, é vez ou outra comparado ao ator espanhol Javier Bardem (Mãe!, Onde Os Fracos Não Têm Vez). Sobre isso, ele ri, mas aceita a equiparação. “Tenho um quê dele. O rosto mais longo, um beleza não muito óbvia”, diz. “Eu gosto dessa comparação; ele e eu somos camaleões”, afirma, relembrando que já viveu um homem-elefante e ganhou quatro prêmios no papel da travesti Bárbara em um curta de 2007 que leva o nome da personagem.

“O ator não é dono de sua imagem. Ele está a serviço da personagem”, constata. Para interpretar Bárbara, por exemplo, o ator perdeu alguns quilos e imergiu verticalmente no universo da personagem. “Há mais de 10 anos, havia um grupo da prefeitura do Rio que dava apoio a travestis e transsexuais. Uma inserção destas figuras na sociedade. Assim, fui tento contato com elas para que eu entendesse e conhecesse o universo delas”, explica.

Para viver Lázaro, não houve mudanças drásticas fisicamente. Apenas deixar crescer a barba e os cabelos. A mudança maior foi interna, na fé. “Aprendi que possível que você ressuscite e escolha o caminho da luz”, pontua Vandré.