Oscar 2018: críticos fazem suas apostas para a premiação
No próximo domingo (4) está marcada a cerimônia de premiação do Oscar 2018 e o…
No próximo domingo (4) está marcada a cerimônia de premiação do Oscar 2018 e o páreo pode ser duro. Estão na disputa A Forma da Água, de Guillermo del Toro, acumulando incríveis 13 indicações, assim como Trama Fantasma, último filme da carreira de Daniel Day-Lewis e que pode render ao ator mais um Oscar.
Mas entre os candidatos a premiação também possui alguns favoritos menores independentes correndo por fora: Três Anúncios para um Crime, CORRA! e Lady Bird podem derrubar os favoritos e levar estatuetas importantes para casa, como as de melhor ator e atriz.
Além disso temos os prêmios técnicos com Blade Runner 2049 à frente, podendo fazer um limpa em várias categorias. Para fazermos nossas apostas, nós conversamos com três críticos de cinema com áreas de atuação bem diversas para ver o que cada um acha que vai acontecer na noite de domingo.
O professor doutor Rodrigo Cássio leciona na UFG e fez seu doutorado sobre Glauber Rocha. Para ele, Dunkirk tem boas chances, mas deve acabar superado por A Forma da Água nas principais categorias. “Eu acho que Dunkirk pode levar melhor montagem e trilha. A Forma da Água não deve ganhar muitos prêmios, mas talvez vença algum dos mais importantes por razões políticas, já que o Oscar é muito influenciado pela agenda identitária e o filme representa isso perfeitamente”.
O professor não gostou muito do novo longa de Del Toro e não acha que Sally Hawkins mereça levar o prêmio de melhor atriz: “mas isso é chute total. Meryl Streep em The Post foi muito melhor que a Sally Hawkins imitando a Amélie Polain”, alfineta.
Já Fabrício Cordeiro, mestre em cinema pela UFG e atualmente à frente do Cine Cultura, está na torcida por Trama Fantasma: “Paul Thomas Anderson fez mais um grande filme e o Daniel Day-Lewis mais uma grande atuação. Um drama-romance atípico que fala de muita coisa interessante”.
Em segundo lugar, ele gostou muito de The Post e destaca, outra vez, Meryl Streep, a recordista em indicações ao Oscar. “É uma personagem muito boa, que passa por toda uma transformação durante o filme. Acho muito bom como o Spielberg vai trabalhar isso”, salienta.
Ele porém não se deixou envolver muito pelos independentes e não vê suas chances de vitória como significativas: “Lady Bird é um filme bonitinho, mas superestimado. CORRA! eu gostei muito do que o filme faz com o horror. Muitos filmes do tipo miram muito na pauta e isso não é traduzido na linguagem cinematográfica, mas CORRA! consegue”.
Quanto ao favorito, A Forma da Água, ele acha o filme interessante, mas nada mais: “Ele é visualmente muito interessante, tem algumas cenas inspiradoras como a da dança e tem uma relação instigante sobre sexualidade e com O Monstro da Lagoa Negra da Universal”.
Por fim, ele acha a vitória improvável, mas torce por Logan, em roteiro adaptado. “É um filme muito diferente do que se vê na chave dos super-heróis. Tem um roteiro de fato muito interessante que vai para o faroeste. É um dos melhores filmes do estilo que se separa muito e foge do enfadonho dos filmes de herói”.
Por fim, o crítico e jornalista Max Valarezo migrou suas opiniões e ensaios para o YouTube com o canal EntrePlanos, com mais de 100 mil inscritos. Como Fabrício e Rodrigo, ele acha que A Forma da Água pode ter uma vitória quase certa em Melhor Filme: “é uma obra que equilibra vários elementos que a Academia adora: uma história inspiradora, poética, que homenageia o cinema clássico e que apresenta claros comentários políticos e sociais. Também ajuda o fato de A Forma da Água ter sido o grande vencedor de dois importantes termômetros desta categoria no Oscar: o do sindicato de produtores e o do sindicato de diretores”.
Ele acha que o filme pode render um Oscar de Melhor Diretor para Del Toro exatamente por causa desses termômetros: “quase sempre, o vencedor nesta categoria é também é a pessoa que venceu algumas semanas antes o prêmio do sindicato de diretores. Por isso, minha aposta vai para o Del Toro”. Já em Melhor Atriz, Max concorda que não vai dar para Sally Hawkins e aposta na favorita, Frances McDormand, de Três Anúncios para um Crime, pela complexidade do papel: “A protagonista Mildred Hayes é extremamente complexa: vai do desespero do luto, passa pelo ódio cego, e aprende lições de empatia”.
Ele acredita que o filme também leva ator coadjuvante para Sam Rockwell: “A performance do ator conduz o público com facilidade entre o riso causado pela estupidez do policial e a raiva que seu comportamento racista causa. É uma performance difícil, mas que não o impediu de se tornar um queridinho do público”. Gary Oldman é a aposta para melhor ator e Eu, Tonya, deve levar o de melhor atriz coadjuvante, para Allison Janney: “Janney não apenas entrega uma personagem cativante, mas também é a atriz que venceu grande parte dos prêmios de melhor atriz coadjuvante nesta temporada”.