Crítica

Outlander: segunda temporada

Série épica conseguiu melhorar sobre o ano passado, mas teve que fazer alguns sacrifícios

Após 13 episódios contínuos, a segunda temporada de Outlander se encerrou com o mesmo cliffhanger enorme do segundo livro da série escrita por Diana Gabaldon, A Libélula no Âmbar.

O seriado de época e alto orçamento que mistura romance, drama e guerra no século XVIII – e agora também no século XX – conseguiu ser melhor do que a primeira tempoada no ano passado, com um ritmo melhor e mais coeso.

A primeira mudança que foi interessante foi no formato. Em 2015, a primeira temporada de 16 episódios foi dividida em duas partes de 8 capítulos com um hiato no meio. Optar por menos episódios, mas por uma transmissão contínua foi mais interessante e mais inteligente este ano.

Além disso, os produtores e roteiristas pareceram mais competentes com a tesoura dessa vez, eliminando boa parte da gordura do romance original – um calhamaço de 900 páginas – e reestruturando com maestria diversos pontos, modificando a história do livro para um encaixe mais harmônico na televisão.

A nova temporada viu a inglesa e protagonista Claire Fraser (Catriona Balfe) e o ridiculamente bonito, ruivo e encrenqueiro Jamie Fraser (Sam Heughan) vão parar na França onde não apenas esperam se refugiar, já que Jamie é um fugitivo da coroa inglesa, mas também tentar esmagar a revolta jacobita antes que ela aconteça.

A tal revolta é mencionada desde a temporada anterior como o evento que dizimou os clãs e levou ao fim da cultura highlander, além de anos de opressão contra o kilt, o gaélico e muito mais.

A primeira parte da temporada se desenrola toda na França, onde o casal tenta desmantelar a revolta sabotando os planos do idiota príncipe Charles Edward Stuart. É claro que Claire também faz inimigos logo de cara e precisa sobreviver em um estilo bem Game of Thrones na corte.

Esta primeira parte é um pouco parada e mais focada na conspiração e no dramático. Dois dos acontecimentos mais tensos da temporada acontecem nela, mas mesmo assim, ela é levemente penalizada no ritmo pela falta de ação, mas nenhum episódio chega a se arrastar igual ao ano passado.

Infelizmente, quando a série entra na segunda parte e os personagens retornam para a Escócia, a trama flui muito mais e os episódios deslancham. Mesmo sem ter muito do enredo, a sensação de progressão é muito maior, fazendo a parte francesa da temporada parecer deslocada e forçada.

E então temos as mudanças nas estruturas. A primeira temporada conseguiu equilibrar bem o fator romântico com a ação em uma tentativa de apelar bem para um público de todos os sexos. Porém, sinto que a segunda temporada deixou o fator dominante dos livros – o romance – em segundo plano nesta temporada.

Conhecida anteriormente por suas elaboradas cenas de sexo, a segunda temporada de Outlander mal tirou a roupa de seus protagonistas. Foi algo negativo, pois o calor e proximidade dos personagens principais é o ponto mais central de toda a história.

Talvez os produtores quiseram mostrá-los um pouco separados para salientar a profundidade do drama que estavam vivendo, mas não ficou bem assim.

Por outro lado, houve um aumento na ação. Mesmo na parada parte parisiense, foram acrescentados alguns poucos embates na trama. Já a segunda parte, embora não tenha tido nenhuma batalha digna de Game of Thrones, teve cenas mais agitadas e elabarodas que no ano anterior.

Enfim, Outlander retornou com uma temporada em geral bem melhor que a primeira: há mais peças móveis e elementos em jogo, muito mais coisa acontece e, embora os problemas de ritmo permaneçam, eles melhoraram neste quisito.

Fora isso, o único problema foi investir tanto no romance, o que deve ter espantado algumas fãs mais ferrenhas dos livros que já estão virando sucesso por aqui. Agora é só esperar mais um ano para o retorno do seriado.