Quadrinistas goianos lançam projetos no Catarse
Francisco Costa e Tiago Holsi querem publicar suas novas HQs em dezembro
Não um, mas dois quadrinistas goianos botaram seus projetos no Catarse ao mesmo tempo agora em agosto, ambos com planos de publicaram em dezembro. Francisco Costa está se aventurando pela primeira vez no mundo do financiamento coletivo para publicar a sua terceira obra, Insurreição. Já Tiago Holsi, veterano do Catarse, também quer viabilizar o seu terceiro projeto, Floresta Morta.
O fato de os dois estarem no Catarse ao mesmo tempo não foi, exatamente, uma coincidência: “Combinamos em combinar. Desde o ano passado, quando comecei, me coloquei agosto como meta. O Holsi, que é meu amigo, me falou que colocaria no dia 1o. Mas nós nos ajudamos na divulgação, no apoio e tudo mais. Fortalecer o quadrinho goiano, né? (risos)”, contou Francisco.
O projeto de Costa é a terceira parte de uma série de romances gráficos que misturam História com fantasia e que tem a Guerra dos Cem Anos como cenário. Anteriormente ele lançou A Última Fábula e Louis de Danpierre. A nova história fala sobre a guerreira Lara, que não pode morrer, e que trilha um caminho de vingança. A HQ também marca a estreia de Costa com desenhista. Até agora, ele escrevia e os desenhos eram feitos por artistas convidados.
Isso não quer dizer que ele assumiu 100% os pincéis: Insurreição tem cores de Dirceu Sousa e também traz trechos feitos por convidados como Glauber Lopes e, inclusive, Tiago Holsi.
Holsi possui um traço mais colorido e cartunesco e, com Floresta Morta, continua seu caminho de fazer humor e histórias amigáveis usando o improvável tema do terror. Seu livro de estreia, Entardecer dos Mortos, acompanha um zumbi que vendia sabonetes para outros zumbis; o segundo, 665 – A Vizinha da Besta, acompanha a improvável amizade entre o Diabo e uma velhinha que são vizinhos de apartamento.
Agora, Floresta Morta coloca um grupo de crianças contra zumbis que querem “célebro”, tudo com uma pegada meio Conta Comigo e de outras aventuras oitentistas: “Os filmes dos anos 80 sempre são uma grande inspiração para mim, não só os de zumbi do George Romero, mas toda a cultura pop desta época me fascina. Floresta Morta foi inspirado em um pouco de cada filme deste período tão nostálgico da minha infância, Goonies, Conta Comigo, A noite dos Mortos-Vivos, Gremlins, O enigma da pirâmide, tem de tudo um pouco”.
Já Insurreição é mais sombria: “É uma história de vingança. A personagem principal, Lara, foi queimada viva junto com sua família, mas ela é imortal por um algum motivo. Ela pode transitar tranquilamente entre o mundo dos vivos e dos mortos, então continua voltando para tentar se vingar do nobre que ordenou a destruição de sua vila. Posso adiantar que ela morre mais vezes na história…”.
Além disso, pra quem ver a arte poderá perceber uma peculiar semelhança entre Lara com a Joana D’Arc de Luc Besson. Costa explica que, de modo geral, a semelhança para na aparência e no cenário: “Joana D’Arc apareceria alguns anos após a Revolta dos Jacques e, como Lara, é francesa. As duas são guerreiras pela necessidade, mas Joana é uma patriota, enquanto Lara quer vingança. Mas eu queria fazer uma história de uma personagem feminina forte (como D’Arc) e eu adoro o período da Guerra dos Cem Anos, historicamente falando. Então, uni o útil ao agradável. Só pra ressaltar, Lara é o nome da minha filha e uma homenagem”.
Ambos os autores disseram que o mais interessante de chegar ao terceiro projeto é o aprendizado, além da importância de continuar escrevendo: “Continuar produzindo, sempre, pois isso contribui para um amadurecimento. Fazer quadrinhos e tentar viabilizar da forma que for possível. A Última Fábula, a primeira, foi por lei de incentivo a cultura. A Louis de Dampierre foi 100% independente, de próprio bolso. Agora, Insurreição, está no Catarse”, conta Francisco.
Holsi destaca que também é importante ter a cabeça fria e o pé no chão: “Cada projeto eu tive um aprendizado diferente. Não é porque você vem de dois projetos bem-sucedidos que o terceiro vai ser moleza, tem de ralar para divulgar, produzir e vender o peixe. Uma coisa é certa: sempre coloco uma meta realista, fácil de ser batida, angariando precisamente os custos de impressão, se vier acima da meta, aí eu já garanto as despesas de correio, é sempre uma aposta calculada, de maneira produzir tudo mas sem levar prejuízo e sem prejudicar a qualidade do material”.
E a internet? “Ainda não pensei em nada exclusivo para internet, mas quem sabe? Pode rolar, sim”, disse Francisco, que já colocou uma prévia de Insurreição no Tapas, plataforma online de fácil compartilhamento muito usada por quadrinistas. O mesmo vale para Holsi: “Publiquei algumas coisas no Tapas, entre eles, o preview com 20 páginas do quadrinho Floresta Morta. Dentro do Tapas há uma grande comunidade de leitores e produtores de conteúdo, é de fácil compartilhamento, fácil navegação e leitura, é uma plataforma muito boa.
Não tenho pretensões de alcançar o público internacional. Ainda tenho muito pra apresentar pro público da minha cidade, do meu bairro, do meu condomínio, se nesse processo algum público estrangeiro for atingido, tô no lucro”.
Ambos os livros devem ser publicados em dezembro.