Quando nos roubaram o feriado de quinta-feira da Semana Santa?
Um tempo atrás, a Semana Santa era um baita de um feriadão, mas agora é só uma sexta-feira de folga
Até bem pouco tempo atrás… Não, nós não poderíamos mudar o mundo, Renato Russo. Isso nunca teve muito ao alcance de quem precisa bater o ponto todos os dias para tentar sobreviver. Mas se a utopia do líder da Legião Urbana sempre foi algo distante, ao menos o proletariado brasileiro tinha uma folguinha a mais na Semana Santa. Voltando à letra de Quando o Sol Bater na Janela do seu Quarto, quem roubou nossa quinta-feira de feriado na Semana Santa?
A folga antes começava hoje depois do expediente, na quarta-feira. Hoje já teríamos clima de sexta. Já estaríamos em ritmo relax, aquele que antecede a folga. Agora, isso é passado. Como diz o rapper Thaíde: tempo bom que não volta nunca mais. Hoje nada mais é que um dia que antecede outro dia de trabalho ordinário.
Sim, governos estaduais e prefeituras ainda mantém a tradição do feriado. Uma parte do serviço público decretou ponto facultativo na quinta. E você sabe como é, ponto facultativo é sinônimo de feriado. Servidor que faculta ir para o trabalho em dia de ponto facultativo é mais raro que torcedor do Goiânia.
No Judiciário, onde não se perde uma oportunidade de emendar uma folga ou até mesmo conceder duas férias por ano aos magistrados, o feriado já começou hoje mesmo, na quarta.
Só posso sentir inveja. O trabalhador brasileiro arroz com feijão não tem esses privilégios.
Escola estará funcionando. Academia funcionando. Comércio todo funcionando. A vida correndo como corre todos os dias.
Vamos bater o ponto de forma resignada na quinta, contando os minutos para que o relógio bata nas 18 horas e a gente possa começar o feriado.
Inclusive, deixo aqui minha sugestão para o pessoal da Procissão do Fogaréu na Cidade de Goiás: que tal transferimos de forma definitiva o evento para a madrugada de quinta para sexta? Sei que será uma traição à tradição de séculos, mas é o que dá pra fazer nos tempos de hoje. Afinal, não dá para acompanhar farricoco com tocha na mão quando se tem o patrão para cumprimentar cedinho no dia seguinte.
@pablokossa/Mais Goiás | Foto: Jucimar de Sousa – Mais Goiás