Música

Raimundos: “Goiânia marcou muito a gente”

Banda de Digão e Canisso fecha a programação do Noise no domingo (20)

“Goiânia marcou muito a gente”, conta José Henrique Pereira, mais conhecido como Canisso, baixista e membro original do Raimundos desde antes da gravação do primeiro disco, em Brasília. “Quando a banda acabou, em 1990, fizemos o nosso show da volta aí em 1992”. O primeiro disco viria em 1994 como um tapa na orelha.

Com canções suaves como Puteiro em João PessoaSelimTora ToraEu Quero Ver o Oco, o Raimundos era o terror de todas as mães durante os anos 1990 com suas músicas recheadas de palavrões, sexo e riffs pesados. Ao mesmo tempo, músicas como A Mais PedidaMulher de Fases tocaram na rádio em loop infinito e deu à banda projeção nacional.

Agora, 23 anos após o primeiro LP, Canisso, Digão, Marquim e Caio Cunha sobem ao palco para encerrar o Goiânia Noise, tocando no palco 1 às 22h20 no domingo (20).

Canisso elogiou bastante o festival: “Sou muito amigo do Léo Bigode, é uma galera sangue nos zóio, que faz a cena acontecer. Apesar de Goiânia ser conhecida como a terra do sertanejo, também é uma das capitais em que se faz um dos melhores rocks atualmente, e muito disso é culpa da galera do Noise e da Monstro. Tocar com eles é sempre uma honra e um prazer”.

O baixista também elogiou Goiânia e destacou algumas bandas locais, como o Hellbenders e a Black Drawing Chalks: “É uma cena forte, de resistência, muito atualizada, sempre inteirada do que tá rolando, com rock pesado mesmo, é sempre uma honra tocar aí, nos sentimos em casa. Especialmente pra mim, que sou parte goiano também”, conta o músico, que costuma passar o natal com os pais por aqui.

Mas a ligação de Canisso e dos Raimundos com Goiânia não para aí: “Durante muitos anos o recorde de público em um show do Raimundos foi no Jaó. Foram 11 mil pessoas na época só pra ver a gente. Nem em Brasília, a gente tocou menos em Brasília do que em Goiânia”, revelou.

Além disso, ele está muito empolgado por voltar a tocar no Jaó Music Hall: “Passei muitas tardes da minha infância brincando ali. Rola uma familiaridade boa, é como voltar no tempo”.

Atualmente eles estão em turnê após lançar um disco de inéditas em 2014, Cantigas de Roda, e um disco acústico lançado este ano com participações especiais de Ivete Sangalo, Dinho Ouro preto e outros convidados.

Parece peculiar: uma das bandas conhecidas por seus riffs pesados e pela velocidade das músicas fazer um acústico? Segundo Canisso, era uma cobrança – e uma vontade – bem antiga: “Era uma coisa que já cobravam da gente há muito tempo. Nos anos 1990 era costume toda banda gravar um acústico”.

De acordo com o baixista, foi uma questão de momento: “Queríamos fazer do jeito certo. Aí chegou o momento. A gente tava em um intervalo de dois discos de inéditas, fizemos uma turnê de 20 anos, celebrando o primeiro disco da carreira. Aí pensamos, o que está faltando? Putz, é o acústico, né”.

Canisso conta que a banda queria botar tudo o que tinha direito: “Metais, quarteto de cordas, sabe, percussão, piano, toda essa história. Foi isso, chegou o momento de buscar a essência da música dos Raimundos, da canção, da melodia que fica meio sepultada ali pelo peso das guitarras, mas que sobrevive bem só no violão”.

Ele conta que uma das melhores coisas da experiência foi poder brincar e mexer com composições antigas: “Pra gente é bastante emocionante, tem momentos ali que dialogam com a nossa história, tem músicas nossas ali que não tiveram tanto destaque ao longo da carreira, como ‘Bonita’, que mereciam um tapa e a gente pode revisitá-las”.

Mas se você já está preocupado se o show de domingo será acústico, relaxe: “Vai ser todo elétrico. É o nosso show de festivais. Geralmente o tempo é mais reduzido, aí fica legal porque você toca só o que interessa, só os hits, vai direto ao ponto, sem encheção de linguiça”, garante Canisso.

Ele contou que a banda atualmente está fazendo turnê em três formatos: “A gente tá fazendo uma turnê agora que tem três formatos. O show elétrico normal, o show acústico completo com todos os músicos participando e os pockets em que a banda toca os instrumentos acústicos e o resto vai gravado em sampler. Então abrimos um leque de formatos pra gente explorar”.

Por fim, com toda essa correria, quais são os planos para 2018? Segundo o baixista, eles estão sem tempo agora, mas compor está nos planos: “Agora não dá tempo. A gente faz uma série de shows acústicos, aí você acostuma com acústicos. Vem a demanda por shows elétricos, aí você faz uma série de shows elétricos. Fica complicado. A gente tem esse ano pra fazer a turnê do acústico e devemos, acredito, parar lá pelo meio do ano que vem pra começar a fazer inéditas”.

O 23º Goiânia Noise Festival rola entre os dias 18 e 20 de agosto no Jaó Music Hall.