Rafael de Souza Bussamra foi condenado nesta sexta-feira, 23, a sete anos de reclusão (regime fechado) e mais cinco anos e nove meses de detenção (regime semiaberto) por atropelar e matar o estudante Rafael Mascarenhas, filho da atriz Cissa Guimarães. O pai de Rafael Bussamra, Roberto Martins Bussamra, foi condenado a oito anos e dois meses de reclusão (regime fechado) e mais nove meses de detenção (regime semiaberto). A sentença é do juiz Guilherme Schilling Pollo Duarte, da 16ª Vara Federal da capital. Cabe recurso.
O crime aconteceu na madrugada de 20 de julho de 2010, na Gávea, Zona Sul do Rio. O jovem foi atropelado no Túnel Acústico, que estava fechado ao trânsito para manutenção. O estudante andava de skate com dois amigos, João Pedro Gonçalves e Luiz Quinderé. Dois carros entraram na galeria em alta velocidade, aparentemente disputando um racha. Um dos veículos, o Siena dirigido por Rafael Bussamra, atropelou Rafael Mascarenhas. O rapaz tinha 18 anos e cursava Engenharia Civil na PUC do Rio. O motorista fugiu sem prestar socorro.
Em sua fuga, Rafael Bussamra teve o carro parado por uma viatura policial, segundo imagens de câmeras. O sargento Marcello José Leal Martins e o cabo Marcelo de Souza Bigon, da Polícia Militar, alegaram que liberaram Bussamra porque não viram indícios de atropelamento no veículo. No dia 22 de julho, ao ser apresentado à delegacia, porém, o Siena tinha parte da frente destruída, o que não poderia ter sido ignorado pelos agentes. Raphael Bussamra afirmou que os policiais exigiram R$ 10 mil. Receberam R$ 1 mil de Roberto Bussamra.
Rafael Bussamra foi condenado pelos crimes de corrupção ativa, homicídio culposo, inovação artificiosa em caso de acidente automobilístico, afastamento do local do acidente para fugir à responsabilidade penal e participação em competição automobilística não autorizada. Ele também teve a carteira de habilitação suspensa por quatro anos e meio. Já Roberto Bussamra foi sentenciado pelos crimes de corrupção ativa e inovação artificiosa em caso de acidente automobilístico.
Crítica. Na sentença, o juiz criticou o pai por corromper os policiais militares para tentar acobertar o crime do filho.
“O caso vertente retrata não apenas policiais que acobertam e omitem o crime (sendo, por isso, também criminosos), mas também os falsos pais que superprotegem os filhos criando pessoas socialmente desajustadas. Impõe-se uma reflexão sobre o tipo de sociedade que pretendemos para as futuras gerações ou, mais ainda, que tipo de cidadãos somos. Afinal é essa uma das dificuldades atuais da humanidade no plano da ética. De nada vale o Estado reconhecer a dignidade da pessoa se a conduta de cada indivíduo não se pautar por ela”.