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Raul Seixas: 34 anos sem o “Maluco Beleza”

Morte ocorreu dias após o lançamento de "Panela do Diabo", em agosto de 1989

Na segunda-feira de 21 de agosto de 1989, às sete da manhã, Raul Santos Seixas repousava inerte sob sua cama quando o olhar perplexo de sua empregada, Dalva Borges, se deteve sobre o quadro inesperado do cantor que não despertou com sua chegada habitual. A perplexidade de Dalva era justificada, afinal, Raul, conhecido por sua batalha contra a diabetes, jazia sob o peso de uma noite regada a excessos que seu corpo já debilitado não suportou. Os resultados foram nefastos: uma parada cardíaca ocasionada por uma pancreatite aguda.

Nesse momento crítico, Raul Seixas atravessava uma fase turbulenta em sua carreira. Seu derradeiro álbum, intitulado “A Panela do Diabo”, concebido em colaboração com Marcelo Nova, mal havia sido lançado, há meros dois dias. Sua voz, uma vez gloriosa nos tempos de “Gita” (1974) e “Há 10 mil Anos Atrás” (1976), encontrava-se irremediavelmente comprometida pelos excessos. A mácula do alcoolismo corroía sua vida, enquanto sérios infortúnios financeiros o assombravam.

Não obstante, foi Marcelo Nova quem desempenhou um papel crucial no retorno triunfante de Raul aos palcos. Em 1989, após três anos de reclusão das luzes dos palcos, o Maluco Beleza enfrentou uma sequência de 50 espetáculos por todo o território brasileiro, numa parceria que também evidenciava a debilidade de sua saúde, ao lado do ex-integrante do Camisa de Vênus. Tais apresentações marcariam sua derradeira performance.

Após a prematura partida de Raul Seixas, “A Panela do Diabo” conquistou a impressionante marca de mais de 150 mil cópias vendidas, garantindo à dupla a prestigiada certificação de disco de ouro. O troféu que simbolizava esse reconhecimento foi entregue nas mãos da família do saudoso cantor.

Mesmo após sua partida precoce, aos 44 anos, o Maluco Beleza ressurgiu no cenário midiático brasileiro. As ondas do rádio voltaram a entoar suas canções e os noticiários televisivos dedicaram reportagens à trajetória do ícone. A figura física havia desaparecido, mas a lenda persistia, ressoando poderosamente mesmo após três décadas.

*Com informações do Portal Terra