investigação

Record e Igreja Universal afastam diretor acusado de assediar sexualmente jornalista

Elian Matte diz que as investidas de Márcio Santos começaram há cerca de um ano

Igreja Universal do Reino de Deus e a Record afastaram o diretor de Recursos Humanos da emissora, Márcio Santos, de suas funções. A medida é válida enquanto a polícia civil investiga a acusação de assédio sexual feita pelo editor de programas Elian Matte.

O afastamento da IURD se deu porque a igreja não permite a presença de funcionários ou voluntários investigados pela polícia em seus quadros.

Já a Record o afastou por entender que as denúncias são robustas e que a entrada da polícia deixa a TV em uma posição difícil.

Por meio de nota, a Igreja Universal confirmou o afastamento. “Desde que soube do ocorrido, a Igreja o afastou até que as investigações sejam concluídas”, diz trecho da nota. A Record, também procurada, não se pronunciou até o fechamento desta reportagem.

A polícia civil de São Paulo abriu inquérito para investigar o caso na última sexta-feira (24). Márcio Santos, além de outras testemunhas, têm depoimentos marcados para esta semana.

O caso de assédio foi revelado pela revista Piauí. Elian Matte diz que as investidas começaram há cerca de um ano, após ser transferido para a equipe de Cabrini, e que Santos passou a convidá-lo para reuniões em sua sala. Na terceira delas, em novembro de 2022, o diretor de RH teria feito perguntas pessoais ao repórter, indo além de assuntos profissionais.

A partir disso, a conversa teria migrado para o WhatsApp. De acordo com Matte, Santos insistia para que os dois se encontrassem foram dali, com mensagens de cunho sexual. Prints das conversas de WhatsApp foram anexados pelo repórter no boletim de ocorrência.

Matte alega também que Santos lhe assistia através do sistema de câmeras do circuito interno, ao qual os diretores têm acesso por meio de um aplicativo de celular.

O jornalista, então, disse ter buscado ajuda psicológica. Foi diagnosticado com burnout pela equipe médica da própria Record. Ainda segudno a Piauí, a médica teria mudado o laudo do atestado pouco tempo depois e admitiu ter agido assim desta maneira por receio de ser demitida. Ela prestará depoimento nesta semana à polícia.

Neste meio tempo, Matte também diz ter feito denúncias à Record. Ele pediu uma reunião com Antonio Guerreiro, o vice-presidente de Jornalismo, na qual teria relatado estar sofrendo assédio sexual, sem citar o nome de Santos. Enviou também um email para Luiz Claudio da Silva Costa, presidente da emissora, que disse nunca ter sido respondido.

Em uma terceira tentativa de denúncia, ele teria citado nominalmente o suposto assediador em e-mail enviado para Silva Costa, com cópia para Marcus Vieira, o CEO do Grupo Record. Dias depois, foi chamado para uma reunião com Edinomar Galter, diretor jurídico da Record, na qual recebeu a orientação de fazer um BO, esquecer o que aconteceu e focar no trabalho.

Hoje, Matte está afastado pelo INSS por “esforço excessivo”. Márcio Santos diz que tudo não passou de “brincadeiras” e afirmou ser vítima de uma mentira. A Record não se posicionou sobre o caso até a publicação desta reportagem.

Neste sábado (25), após a repercussão do caso, Matte publicou um print de sua conversa com Roberto Cabrini no WhatsApp. Nela, o jornalista presta apoio ao repórter.

“Tomei conhecimento estarrecido das situações que enfrentou. Siga firme na busca por seus sonhos e que jamais venha a passar por experiências desse tipo. Fique bem e volte logo a fazer o que ama”, afirmou Cabrini nas mensagens.