Rejeitado em 2013, álbum de Lady Gaga ganha aumento repentino de streams
À época disco foi massacrado pela crítica especializada e pelo público. Cantora acredita que projeto era à frente do tempo
Lançado em 2013, ARTPOP, quarto disco de estúdio da cantora Lady Gaga, foi considerado um fiasco à época. Nesta semana, entretanto, o trabalho foi revisitado pelo público e teve um aumento repentino de streams nas plataformas digitais.
O disco também ficou entre os assuntos mais comentados do Twitter no início da semana, fomentando discussões entre os fãs da cantora, que endossaram uma campanha pedindo para que as pessoas comprassem o álbum nas lojas digitais.
Deu certo. ARTPOP chegou aos lugares mais altos do iTunes – algo que não acontecia desde 2013 – e alcançou números expressivos no streaming.
Para se ter uma ideia, apenas no Spotify houve um aumento de 240% nos streams. Na segunda-feira (12), o disco contabilizou 322 mil reproduções, enquanto na terça-feira (13), foram mais de 1,1 milhão.
No Deezer, o resultado não foi muito diferente. Entre domingo (11) e terça, reproduções do disco cresceram 215%. Destas, 40% foram de novos ouvintes. Applause, GUY e Venus foram as canções mais ouvidas na plataforma, cujas performances aumentaram 43,5%, 156,7% e 290,7%, respectivamente.
Lady Gaga: “Desmoronei depois do álbum”
A própria Lady Gaga comentou sobre o repentino interesse do público no disco. Segundo contou nas redes sociais, a cantora “desmoronou” após lançar o projeto e que sempre acreditou que ARTPOP era à frente do tempo.
Fazer este disco foi como uma cirurgia cardíaca. Estava desesperada, com dores, e coloquei todo o meu coração na música eletrônica, que anestesiou meu coração mais do que qualquer droga que pudesse encontrar. […] Obrigada por celebrarem algo que uma vez vi como destruição. Sempre acreditamos que [o álbum] era à frente de seu tempo. Anos depois parece que, às vezes, os artistas têm razão. E os Little Monsters [como são chamados os fãs de Gaga] também.
Mas por quê ARTPOP foi tão mal nas paradas?
Há várias possíveis explicações para isso. Uma delas era de que a imagem extravagante de Lady Gaga já estava desgastada. Neste projeto, ela levou a singularidade a outro patamar, tanto no visual quanto na música, misturando várias referências em um mesmo balaio.
Além disso, houve um esforço de Gaga em inflar o projeto, gerando muita expectativa em cima do disco. A ideia original inclusive era a de que ele fosse lançado em dois volumes: um mais pop e outro mais conceitual. Mas apenas um deles viu a luz do dia, mesmo que tenha sido em um dia nublado.
A crítica especializada não se impressionou tanto com o que ouviu. O site DigitalSpy afirmou que as canções pareciam “semi-acabadas”. E o Daily Telegraph apontou que “embora a Gaga tenha abordado diferentes gêneros de música, ela não faz nada muito original com eles”.
A divulgação do disco também foi marcada por polêmicas. A primeira envolvia a própria saúde de Lady Gaga, que precisou fazer uma cirurgia no quadril pouco antes do lançamento do disco. Isso comprometeu toda a estratégia por trás de ARTPOP atrasando gravações e datas de compra.
O primeiro single do álbum, Applause, foi lançado no mesmo dia que Roar, de Katy Perry, fazendo o público se dividir, dissipando o impacto intencionado.
Outro single do disco, Do What U Want – que tinha mais potencial de ganhar a massa que o anterior – também sofreu retaliação. A faixa fala sobre submissão e tem a participação do cantor R. Kelly, à época acusado de estuprar uma jovem de 14 anos.
O diretor do clipe, fotógrafo Terry Richardson, também estava sendo acusado de abuso sexual à época, o que arruinou a estratégia de marketing da faixa.
Anos depois, Do What U Want foi retirada de todas as plataformas digitais. A única versão disponível é uma feita às pressas que troca R. Kelly por Christina Aguilera.