Rollin’Chamas e Aurora Rules lançam discos no Martim Cererê
Fazem dez anos desde que a Rollin’Chamas lançou seu último disco, mas o momento finalmente…
Fazem dez anos desde que a Rollin’Chamas lançou seu último disco, mas o momento finalmente chegou. Neste sábado (28), o grupo retorna ao palco do Martim Cererê para lançar o seu terceiro álbum. E não estarão sozinhos: também lançando seu terceiro disco, a Aurora Rules aproveita o ensejo para botar Adentre o Labirinto no mundo.
“Rollin’Chamas é uma banda que sempre foi uma referência pra gente. Os caras são das antigas, né velho”, conta Lucas Rezende, guitarrista da Aurora Rules. “Eu quis ter banda depois de ter visto um show deles”, revela.
“A gente demorou três anos em pré-produção, gravação, mixagem e masterização. Ele vai sair físico mais pra frente, estamos vendo uma via para prensar, mas por enquanto é só digital em todo serviço de streaming internet à fora”, conta Lucas sobre o disco, que tem 12 faixas inéditas.
Ele conta que eles fazem questão de lançar Adentre o Labirinto em CD: “a gente está em um momento em que o digital tomou conta de tudo. O Stories tem 15 segundos: as pessoas querem tudo rápido. Porém a gente nota que a mídia física ainda tem uma relevância porque em pleno 2018 a Polysom, que fabrica vinil, bateu recorde de vendas. Então tem um público e o fã que é fã mesmo vai no show e compra mesmo pra ajudar, pra fortalecer. Então não vamos abrir mão”.
Depois do show de lançamento, a Aurora já se prepara para cumprir 15 datas pelo Brasil. “Tá tudo organizado, começamos depois do show aqui em Goiânia. Semana que vem estamos em Uberlândia, depois Brasília, São Paulo, Rio, Rio Grande do Sul. Vamos até o final do ano tocando”, conta o guitarrista.
Já com a Rollin’Chamas o rolê é diferente. Afinal de contas, por que demoraram tanto tempo para lançar um novo disco?
“Banda independente, né, irmão, sem dinheiro”, justifica Leozinho, baixista da banda. Ele conta que a gravação só saiu graças à “broderagem” dos envolvidos: “até fiz um texto no Facebook agradecendo a todos que ajudaram a fazer esse disco: o batera que tocou de graça; o estúdio que gravou de graça; o produtor que fez de graça; foi uma coisa feito muito na amizade mesmo”.
O segundo disco saiu no Goiânia Noise de 2008 e veio num marmitex. “O que a gente fez: fomos num pirateiro, prensamos duas mil cópias, aí vinha a camisa, um adesivo e o CD. Você ia na barraquinha, falava o seu tamanho, M, G. Dobrava a camisa e colocava dentro do marmitex prateado com o adesivo e o CD e fechava o marmitex, igual quentinha mesmo”, explica o baixista, “a gente é muito contra fazer tudo igual. Prefiro pecar pela loucura que pela mesmice”, disse Leozinho.
Ele também desmentiu os rumores que sempre cercam a banda sobre ela ter acabado. Segundo o baixista, o Rollin’Chamas só tira férias. “Apesar de não estar direto na cena, a gente nunca parou. Essas músicas já vêm sendo criadas, maturadas, fazendo pré-produção em home studio mesmo”. Para o show no Martim, a banda se reúne com uma adição ao seu elenco: Rodrigo Miranda, da MQN, assumiu as baquetas da banda.
Com 15 anos de estrada, pergunto se esse apoio todo vem do status de instituição do rock goiano adquirido por eles. “Sem dúvida”, diz Leozinho, “na real a gente é quase uma clínica de reabilitação. Somos a curva do rio: vai juntando pneu, galho, porta. Vamos agregando pessoas e amigos que são muito queridos e competentes”.
Ele destaca, por exemplo, o produtor Guilherme Bicalho, que produziu o primeiro disco deles lá em 2004 e agora retornou. “Ele fez de novo, disse ‘cara, não vou deixar vocês na roubada’. Ele é produtor de sertanejo, já trabalhou com várias duplas. Foi muito legal fazer com um produtor fora do rock, fora do eixo”, afirma Leozinho.
A banda é conhecida desse sempre por suas performances inventivas com direito a berrante, churrasco feito na hora, mesa de truco e até um sofá pra galera curtir o show no palco. “O Rollin’Chamas não é exatamente uma banda só de música, é uma entidade, uma festa. Rock a gente já é no estilo de vida”, completa.
O terceiro disco também manteve a bizarra tradição não intencional da banda que é não ter nome. “O primeiro as pessoas chamam de Eu sou goiano e f*da-se, mas não tínhamos colocado esse nome, a gente aceitou e ficou. O segundo a gente chama de Marmitex, mas também não tinha nome, mas a ideia do marmitex colou. O terceiro o nome deve surgir aí ao longo do tempo (risos)”.
No final das contas, Leozinho quer somente agradecer ao apoio dos amigos e dos fãs, sempre: “conseguimos fazer esse produto com 0 reais graças ao tanto de amigos que o Rollin’Chamas fez ao longo dos 15 anos de banda”. Já Lucas finaliza deixando o convite: “a galera anda falando que a cena do rock morreu. Esse rolê é de graça, não tem essa desculpa de falar ‘tô sem grana’. Vamos lá, curtam, vão ser dois p*ta shows. Esperamos todos lá”.