Taylor Swift vai regravar seus seis primeiros álbuns; entenda o caso
"Vou seguir com o calendário oficial de regravações e embarcarei nesse processo em breve", postou a cantora no Twitter
Agora é mais oficial do que nunca: Taylor Swift não tem mais qualquer propriedade em cima dos primeiros trabalhos de sua carreira. Tanto que a própria cantora e compositora anunciou, nesta segunda-feira, que já decidiu que vai regravar seus seis primeiros álbuns — incluindo “Fearless” e “1989“, vencedores do Grammy de álbum do ano.
“Vou seguir com o calendário oficial de regravações e embarcarei nesse processo em breve”, postou Swift, no Twitter. “Eu sei que isso vai diminuir o valor das minhas masters antigas, mas espero que vocês entendam que esta é a única maneira de eu recuperar o senso de orgulho que eu tive quando ouvia as canções dos meus seis primeiros álbuns, e também permitir que meus fãs possam escutar esses álbuns sem o sentimento de culpa por beneficiar Scooter Braun“.
Entenda o caso
Taylor Swift tem uma briga pública com o empresário Scooter Braun, que trabalhava com Kanye West na época da polêmica entre o rapper e a cantora. Segundo ela, Braun esteve por trás de diversos ataques que recebeu, incluindo quando Kim Kardashian orquestrou o vazamento ilegal de uma gravação telefônica entre Taylor e Kanye.
Acontece que, em junho de 2019, a Ithaca Holdings, empresa que tem Braun como um dos executivos, adquiriu a gravadora Big Machine Records, com quem Taylor tinha contrato até meados de 2018 — desde então, ela assinou com a Universal Music, por onde lançou “Lover” (2019) e “Folklore” (2020).
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No acordo, estimado em US$ 300 milhões, estavam os masters (gravações originais) dos álbuns de Taylor Swift — são eles: “Taylor Swift” (2006), “Fearless” (2008), “Speak now” (2010), “Red” (2012), “1989” (2014) e “Reputation” (2017).
Para Taylor, a ação foi proposital e pode ser vista como mais um ato de bullying de Braun — e do milionário Scott Borchetta, dono da Big Machine — contra ela. “Os dois sabiam o que estavam fazendo. Querem controlar uma mulher que não quer ser associada com eles, de modo perpétuo”, acusou a cantora.
Catálogo vendido
A história voltou à tona nesta segunda-feira, quando a imprensa internacional anunciou que Scooter Braun vendeu as gravações de Taylor Swift, 17 meses após adquiri-las. O comprador foi a Shamrock Holdings, um fundo de investimentos, pelo valor estimado em US$ 300 milhões — o mesmo pago pela Ithaca Holdings para adquirir todo o catálogo da Big Machine, que tem ainda grandes nomes do country, como Sheryl Crown e Florida Georgia Line.
A transação foi confirmada por Taylor Swift em sua nota pública. Nela, a cantora contou que sua equipe recebeu há algumas semanas um comunicado da Shamrock Holdings revelando que tinham comprado 100% de suas músicas, clipes e projetos gráficos que pertenciam a Braun.
Segundo Taylor, sua equipe tentou negociar com Scooter Braun, mas o produtor exigiu antes mesmo de falar de valores que a cantora nunca mais poderia criticá-lo. “Eu teria que assinar um documento que me silenciaria para sempre antes mesmo de poder fazer uma proposta pelo meu próprio trabalho”, explicou ela.
“Ele nunca disse um valor para a minha equipe. Essas gravações originais não estavam à venda para mim”, continuou.
Por fim, Taylor revelou ainda que a Shamrock Holdings a procurou com a expectativa que eles pudessem trabalhar juntos com o catálogo da cantora, mas depois revelaram que Scooter Braun continuaria se beneficiando das canções segundo o acordo que eles haviam assinado. “Eu estava esperançosa e aberta à possibilidade de uma parceria com a Shamrock, mas a participação de Scooter é um impeditivo para mim”.
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O que significa
O contrato de Taylor Swift com a Big Machine tinha uma abertura rara nos dias de hoje, que permite a ela regravar canções dos álbuns a partir deste mês. Enquanto muitos artistas de hoje fecham acordos que os impedem de regravar materiais por anos, os de Taylor terminavam ao fim de cada ciclo de álbum, e não do contrato como um todo.
As gravações originais geram receitas através de streaming e vendas digitais e físicas, uso de samples, reprodução pública, e de uso em programas de TV, filmes e comerciais. Mesmo com as regravações de Taylor, esses arquivos originais têm valor no mercado — segundo um especialista ouvido pela “Variety“, daqui a cinco ou dez anos, eles podem ter valorizado até 20 vezes.
A vantagem que Taylor Swift ganha ao regravar suas músicas, além de sentimental, é obter receitas da Shamrock Holdings, deixando claro aos fãs que as novas versões, e não aquelas de propriedade da ex-gravadora, devem ser ouvidas e usadas em negociações comerciais, como propagandas, séries, filmes etc.
Num anúncio feito também nesta segunda-feira, a Shamrock deu uma resposta elogiosa ao comunicado de Taylor Swift, chamando-a de “artista transcendente com um catálogo atemporal”:
“Nós fizemos esse investimento porque acreditamos no imenso valor e oportunidade que vêm com seu trabalho. Nós respeitamos e apoiamos plenamente sua decisão e, por mais que tenhamos tentado fazer uma parceria, também sabíamos que esse desfecho era provável. Agradecemos as conversas sinceras e o profissionalismo de Taylor nas últimas semanas. Esperamos fazer parcerias com ela de novas maneiras no futuro e permanecemos comprometidos em investir na obra de artistas”.
Até o momento, Scooter Braun não se pronunciou sobre a venda.
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