TBT Mais Goiás: As guerras e polêmicas de Madonna em ‘American Life’
Era politizada de Madonna teve clipe violento censurado na TV e o clássico beijo na boca de Britney Spears e Christina Aguilera
Depois de lançamentos espiritualizados e “amenos”, com Ray Of Light (1998) e Music (2000), em 2003 Madonna voltou a causar com o controverso American Life, que completa 17 anos neste mês de abril.
O disco conceitual é de extremos: muitos odeiam enquanto outros o tem como preferido da discografia da cantora. Contudo, é inegável a importância do trabalho até hoje.
American Life foi lançado em meio à guerra no Iraque e após os ataques contra as torres gêmeas nos Estados Unidos. Madonna, que àquela altura já tinha desafiado a Igreja Católica e simulado masturbação nos shows, começou a cantar sobre moralidade, ética e a fazer questionamentos sociais e políticos.
A cantora se mostra preocupada o quanto o desejo de “ter” fez as pessoas esquecerem da importância de “ser”. Até a capa do álbum é politizada, com uma foto da artista, agora morena, remetendo a Che Guevara.
A antes material girl agora critica o materialismo, o consumismo e o individualismo, se mostra aflita com o seu país (EUA) e faz comentários ácidos sobre o american dream na era do presidente George W. Bush.
Resultado: American Life foi considerado um fiasco, tendo vendido “apenas” 5 milhões de cópias mundialmente – números impensáveis para a carreira de Madonna até então.
Segundo a Billboard, “o público se sentiu ofendido pela postura considerada antinacionalista da cantora, pois as pessoas queriam uma fuga do caos e a cantora foi no caminho contrário”.
Mais uma vez, a artista mostrou que a música pop não está reduzida a apenas corpos seminus e letras sobre sexo. Pelo menos não a música pop de Madonna.
Em American Life, Madonna trabalhou quase que exclusivamente com um único produtor, o francês queridinho dos fãs Mirwais Ahmadzaï. Ele foi responsável por trazer uma sonoridade bastante eletrônica, dançante e experimental para o trabalho.
O clipe do primeiro single, que leva o mesmo título do álbum, foi gravado antes do início da guerra entre EUA e Iraque. Mais tarde, Madonna decidiu cancelar o lançamento por considerá-lo inapropriado.
Motivo? No vídeo, a guerra é vista como entretenimento para os ricos em um desfile de moda. Modelos como soldados, crianças muçulmanas, armas, membros decepados, imagens de guerras com explosões atômicas e Madonna como integrante de um grupo que invade o desfile para matar o presidente Bush.
O segundo single, Hollywood, volta a comentar sobre sonhos e superficialidade, com Madonna recebendo uma injeção de botox no clipe.
Em Love Profusion a artista fala do amor como resposta, um sentimento que há tempos está escasso. O clipe é colorido, cheio de efeitos especiais e Madonna aparece cercada por fadas.
Die Another Day, música feita para o filme 007 – Um Novo Dia Para Morrer, concorreu no Grammy nas categorias Melhor Videoclipe e Melhor Gravação Dance. O vídeo apresenta Madonna como uma prisioneira em uma câmara de tortura. Paralelamente, suas personalidades do bem e do mal lutam esgrima.
Durante a divulgação de American Life, a artista protagonizou um dos atos pop mais marcantes da música.
Ao lado de Britney Spears e Christina Aguilera, o trio apresentou um medley de Like a Virgin e Hollywood no Video Music Awards (VMA) de 2003, fazendo referência ao desempenho polêmico de Madonna na MTV em 1985.
Mas a polêmica maior ainda estava por vir. Ao vivo para o mundo todo, Madonna beijou a dupla de cantoras na boca, para o espanto de muitos, principalmente para Justin Timberlake, recente ex-namorado de Spears na época.
A MTV fez questão de filmar a reação do ex-NSYNC e a apresentação foi o assunto mais comentado do mundo do entretenimento durante semanas.
https://www.youtube.com/watch?v=IE3pJMk-9Bw&feature=emb_title
Ao confrontar o sistema e colocar o dedo na ferida dos americanos, Madonna não obteve tanto êxito comercialmente. Mas com American Life, fica a sensação de que a cantora atingiu justamente o ponto que almejava com o disco: incomodar e incitar discussões.
O trabalho ainda soa atual. Seja pelo conteúdo das letras ou pelas músicas que não parecem ter quase duas décadas. Cansada de tentar salvar o mundo, Madonna voltou aos holofotes – e principalmente às pistas de danças – com o aclamado Confessions On a Dance Floor dois anos depois. Mas isso é papo para outra hora.
https://www.emaisgoias.com.br/madonna-completa-60-anos-firmando-seu-titulo-de-maior-artista-de-todos-os-tempos/