TBT Mais Goiás: Há 15 anos estreava a novela ‘América’
Escrita por Glória Perez, em março de 2005 estreava na TV Globo uma das novelas…
Escrita por Glória Perez, em março de 2005 estreava na TV Globo uma das novelas mais lembradas pelo público até hoje. Por meio da protagonista Sol (Deborah Secco), América teve como tema central brasileiros que tentavam cruzar a fronteira do México rumo aos EUA ilegalmente.
O sucesso da novela, entretanto, se deu com a mistura de temas como rodeios, homossexualidade, deficiência visual e cleptomania, além de personagens marcantes e um apelo humorístico característico das novelas da autora.
América teve uma média geral de 49 pontos de audiência, a segunda maior da década de 2000, superada apenas por Senhora do Destino (50,4 pontos). O último capítulo marcou 68 pontos, a maior audiência final da década. Contudo, para chegar nesses índices, a produção do folhetim penou um pouco.
Após a realização de uma pesquisa, foi constatado que o público inicialmente rejeitou a novela por causa de Sol. A personagem trocou o amor de Tião (Murilo Benício) pela ambição de uma vida melhor e estava sempre chorando e sussurrando, agarrada a um souvenir dos EUA. Até o bronzeado da personagem incomodava.
Após desentendimentos entre Glória Perez e Jayme Monjardim, diretor da novela, Monjardim foi substituído por Marcos Schechtman na direção. A novela e a protagonista ganharam ares mais ensolarados e animados.
Até a abertura de América mudou: sai Anjos do Paraíso, de Milton Nascimento e entra Soy Loco por Ti America, com Ivete Sangalo. As mudanças surtiram efeito e a audiência cresceu.
América surpreendeu por ser uma das primeiras novelas em que os protagonistas não ficaram juntos no final. O peão Tião realizou o sonho de montar o touro Bandido e se consagrar campeão de Barretos. Já Sol terminou a novela junto de Ed (Caco Ciocler).
O já citado touro Bandido inclusive foi um dos “personagens” de destaque da trama. Na época, o animal era considerado o melhor touro de rodeio brasileiro sendo que apenas um peão conseguiu permanecer em cima dele por 8 segundos. Bandido morreu em janeiro de 2009 após um câncer de pele.
Outra personagem que deu o que falar foi Creusa (Juliana Paes). Na frente de todo mundo, Creusa era uma religiosa vestida da cabeça aos pés, o sonho de qualquer sogra.
Contudo, era só estar longe de todos que a beata fogosa tirava o visual comportado e revelava um visual mais ousado: uma lingerie usada para seduzir os homens – comprometidos ou não.
A falsa religiosa que levava os homens para cama e depois os acusava de assédio causou a ira de alguns evangélicos, por mais que nunca tenha sido citado na novela qual religião que Creusa era adepta. A cena em que ela é desmascarada e apanha da personagem Diva (Neuza Borges), foi uma das mais esperadas de América.
América também marcou a estreia de Cleo Pires nas novelas. A atriz dava vida à personagem Lurdinha, que fazia de tudo para conquistar Glauco (Edson Celulari), pai da melhor amiga Raíssa (Mariana Ximenes).
Lurdinha sempre chamava Glauco de “tio”, bordão que ficou famoso na época para se referir a homens mais velhos.
Outro casal muito lembrado da trama foi o de Dona Neuta (Eliane Giardini) e Dinho (Murilo Rosa). Neuta era uma viúva que vivia pela memória do falecido marido, mas aos poucos foi se entregando ao peão.
O público torcia pela felicidade dos dois, que protagonizaram cenas quentes, e demoraram a assumir o romance.
Outro destaque da trama foram os personagens cegos Flor (Bruna Marquezine) e Jatobá (Marcos Frota). Glória Perez tratou da importância da inclusão social dos deficientes visuais e convidou Dudu Braga, filho do cantor Roberto Carlos, para participar da novela.
Dudu tornou-se embaixador da campanha de inclusão desenvolvida em América. Segundo o site Memória Globo, Marcos Frota, Bruna Marquezine e Gloria Perez foram homenageados pela Câmara Municipal do Rio de Janeiro pela abordagem das dificuldades enfrentadas pelos deficientes visuais.
Na novela, Bruno Gagliasso interpretava Júnior, que, no decorrer da trama, se descobriu gay. Ele se apaixonou pelo peão Zeca (Erom Cordeiro) e o público aprovou o casal, que teve um final feliz no folhetim.
No último capítulo de América, Júnior e Zeca iriam protagonizar o primeiro beijo gay em uma novela da TV Globo. Beijo esse que chegou a ser gravado, mas foi vetado pela direção de teledramaturgia da emissora, segundo a autora.
“Passamos a cena para a diretoria toda, daí resolveu-se cortar. Ficamos todos frustrados. Eu vi uma ansiedade muito grande das pessoas na rua que queriam que aquilo acontecesse. Não era um beijo que acontecia do nada, tinha toda uma história entre aquelas duas pessoas”, declarou ela na época.
“Fiquei muito chateado, chorei quando vi que cortaram a cena. Fui censurado, né? A gente gravou sete vezes. Fiquei muito triste, quem faz arte não consegue acreditar em censura. Quem somos nós para julgar se as pessoas estão preparadas ou não para isso? Era um beijo de amor”, desabafou Gagliasso em entrevista no programa Encontro com Fátima Bernardes.
Recentemente, especulava-se que América seria a substituta de Por Amor no Vale a Pena Ver De Novo. Contudo, segundo Flávio Ricco, do UOL, a Globo teria desistido de reprisar a trama e iria apostar em uma novela mais dramática e mais humana, como Por Amor.
Mas não foi o que o público viu, afinal: Avenida Brasil entrou no lugar da novela de Manoel Carlos. Agora nos resta aguardar e torcer para uma futura reprise da saga de Sol e Tião.
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