TBT Mais Goiás: Let Go completa 18 anos como marco para Avril Lavigne e para o pop
Disco, primeiro da carreira da cantora, foi lançado em 2002 e influenciou geração de jovens e de artistas
Em 2002, o pop era dominado por princesas, como Britney Spears e Christina Aguilera, que cantavam músicas ora doces, ora sensuais. Na contramão, Avril Lavigne surgiu com uma nova proposta e, em 4 de junho daquele ano, ao lançar o disco Let Go, marcou o pop para sempre.
O disco seguiu os passos de Jagged Little Pill de Alanis Morissette e Avril apareceu como uma alternativa de consumo para os jovens. As roupas não eram curtas, nem justas. Em vez de salto alto, ela usava all star. As coreografias foram trocadas por solos de guitarra. E a música pop perfeitinha foi jogada para escanteio e deu espaço às angústias adolescentes.
Deu certo. Let Go foi segundo projeto musical mais vendido de 2002, de acordo com a Federação Internacional da Indústria Fonográfica; estima-se que as vendas tenham ultrapassado 16 milhões de cópias. Além disso, o disco tem Certificado Sétuplo de Platina nos EUA e duplo no Brasil.
E, principalmente, levou o marca de Lavigne para os quatro cantos do mundo, colocando-a como um nome potente da música.
O impacto Let Go
Na época, a crítica recebeu o disco com notas relativamente positivas. Maior parte não compreendeu que Let Go, assim como a própria Avril Lavigne, marcaria uma geração de jovens e abriria caminho para uma nova leva de artistas.
Foi graças ao sucesso de faixas como Complicated e Sk8er Boi que o pop-rock ganhou mais espaço nas rádios. Assim, nomes como Kelly Clarkson e Ashlee Simpson puderam brilhar. Hayley Williams, vocalista do grupo Paramore, já declarou que talvez não tivessem tido sucesso se não fosse por Avril.
Outros artistas tiveram de mudar a imagem e o som para ficarem mais semelhantes ao da cantora. Foi o caso das estrelas teen Hilary Duff e Lindsay Lohan, por exemplo. É só comparar Mobile com Fly (Duff) e Disconnected (Lohan), por exemplo.
Visualmente falando, o disco ainda trouxe à tona uma nova moda: munhequeiras, delineador preto e gravatas. Estilo copiado por diversos jovens em todo o mundo.
O impacto perdurou até meados da década de 2010. À época, nomes como Miley Cyrus, Selena Gomez e Demi Lovato ainda usavam esta fórmula mais “roqueira” para o pop adolescente que produziam.
Após 18 anos, ainda é um bom álbum?
Let Go traduziu os sentimentos da maioria dos adolescentes da época. A ira por ter sido abandonado por alguém em Losing Grip e Unwanted; a angústia de querer ser amado em I’m With You; vulnerabilidade em Naked e Things I’ll Never Say; e a incerteza sobre vida em Mobile e Anything But Ordinary.
Além disso, o álbum conta com um fator importantíssimo para qualquer música boa: ele convence. Todas as canções, compostas por Avril, parecem ter saído do diário dela e são interpretadas como tal.
As agressivas são cruas, e as baladas são delicadas.
Passaram-se 18 anos desde o lançamento do disco. Os tempos mudaram e os adolescentes, mais ainda. Entretanto, com certeza ainda se reconheceriam em muitas das letras de Lavigne. O som pode soar um pouco datado, já que hoje o pop bebe muito mais da fonte do dance e do trap, mas não dá pra dizer que não é de qualidade.
Let Go é um álbum é redondinho, daqueles que dá para ouvir sem pular nenhuma faixa – exceto, talvez, Unwanted; é gritaria demais para uma pessoa adulta.
Para quem cresceu nos anos 2000, o projeto envelheceu como um bom vinho e cada faixa traz nostalgia e conforto. Para quem chegou agora, é um daqueles álbuns primordiais que devemos ouvir durante nosso crescimento para encontrarmos a própria voz.
É uma injustiça que não tenha levado nenhum Grammy nas quatro categorias em que foi indicado. Mas não importa, o marco que fez é melhor que qualquer gramofone dourado.