TBT Mais Goiás: Novela ‘Mulheres Apaixonadas’ completa 17 anos
Em 2003, estreava na TV Globo aquela que seria uma das novelas de maior repercussão…
Em 2003, estreava na TV Globo aquela que seria uma das novelas de maior repercussão da década. Com tramas envolventes e personagens carismáticos, Mulheres Apaixonadas trouxe à tona assuntos polêmicos e delicados que até hoje são lembrados pelo público.
Violência doméstica, urbana e contra idosos, homossexualidade, alcoolismo, relacionamento abusivo e câncer eram alguns dos temas tratados na obra, que teve média geral de 47 pontos de audiência. O último capítulo marcou 59 pontos, com picos de 66, números impensáveis para a emissora atualmente.
“Minha ideia foi montar um painel. Investi num novo formato de novela, em que as histórias tinham vida própria e se entrelaçavam, mas corriam paralelamente. Foi muito difícil de fazer, mas muito prazeroso”, afirmou o autor Manoel Carlos.
A repercussão da novela foi tamanha que virou tema de uma reportagem especial da revista americana Newsweek, publicada em julho de 2003.
Durante os oito meses em que a novela esteve no ar, foram exibidas 15 aberturas diferentes. As fotos das aberturas, enviadas pelos telespectadores, eram constantemente trocadas.
Na última semana da novela, a produção colocou na abertura fotos de pessoas que trabalharam nos bastidores da trama.
Entre 2008 e 2009, Mulheres Apaixonadas foi reprisada no Vale a Pena Ver de Novo, e novamente foi um sucesso: diversas vezes, a novela deu mais audiência que as tramas inéditas das 17h, 18h e 19h horas da época – Malhação, Negócio da China e Três Irmãs.
Mulheres apaixonadas e apaixonantes
Uma das principais personagens da obra era Raquel, que tentou durante toda a trama se livrar de Marcos, o marido que a agredia. A personagem rendeu uma das cenas mais memoráveis da novela, quando apanha com uma raquete de tênis.
Em agosto de 2003, os atores Dan Stulbach e Helena Ranaldi foram a Brasília visitar o então presidente Lula, e participaram do lançamento do Programa Nacional de Combate à Violência contra a Mulher, como um incentivo de mudar a lei da violência contra a mulher.
Em setembro daquele ano, depois de ser mais uma vez espancada na novela, Raquel tomou coragem e denunciou Marcos na Delegacia Especial da Mulher.
A atitude da professora incentivou milhares de mulheres no país a fazerem o mesmo e o número de denúncias contra violência doméstica aumentou em todo o país. Só no Rio de Janeiro as denúncias cresceram cerca de 40% naquele mês.
Outra inesquecível, Heloísa, era a problemática que possuía um ciúme doentio do marido, Sérgio. A cena em que ela o fere com uma faca foi um dos recordes de audiência da novela.
O drama da personagem serviu de mote para que fosse divulgado em todo o país o trabalho do MADA (Mulheres que Amam Demais Anônimas), um grupo de apoio à mulher.
Entre vários personagens da teledramaturgia nacional que sofreram com o alcoolismo, Santana de Mulheres Apaixonadas é com certeza, uma das mais lembradas. Em uma das cenas, enquanto sofria com abstinência da bebida, Santana bebeu perfume e comoveu os espectadores.
A professora enfrentou dificuldades para se livrar do vício e constantemente provocava transtornos na vida dos amigos, que a estimulavam a procurar tratamento.
O namoro entre Rafaela e Clara causava muita confusão na escola onde as duas estudavam. Na trama, o romance provocava a ira de alguns personagens. Mas fora das telas, uma pesquisa encomendada pela Globo comprovou a simpatia do público por elas.
Contudo, apontou a pesquisa, as pessoas não estavam preparadas para uma cena de beijo. Na época (há 17 anos) isso era bastante representativo. Basta relembrar que as homossexuais Leila (Silvia Pfeifer) e Rafaela (Christiane Torloni), de Torre de Babel (1998), causaram tanta rejeição no público que tiveram que morrer na novela.
Egoísta e arrogante, Dóris maltratava tanto os avós que acabou levando uma surra do pai. Regiane Alves, que é lembrada até hoje pela personagem má, conta que na época da novela era sempre repreendida nas ruas.
O drama vivido pelos idosos Leopoldo e Flora também comoveu as autoridades do país. Mulheres Apaixonadas fez com que o Estatuto do Idoso tivesse agilidade na aprovação no Senado Federal. Além disso, houve um incentivo para o aumento das denúncias de agressões contra os idosos.
Mulheres Apaixonadas foi a novela responsável por lançar a carreira de Bruna Marquezine. Na pele de Salete, a atriz, com apenas sete anos de idade na época, foi um dos destaques da trama e impressionava o público pela facilidade de chorar.
A cena em que a personagem Fernanda, mãe de Salete, é atingida por uma bala perdida em um tiroteio entre policiais e assaltantes, no Rio de Janeiro, registrou 58 pontos de audiência em pleno sábado.
Um dos outros pontos de importância da obra foi a paixão entre Estela e o padre Pedro, que levantou a discussão sobre o celibato. Estela era apaixonada pelo padre desde criança, quando ele realizou sua primeira comunhão.
Após reencontrá-lo durante uma festa de casamento, a paixão reacendeu e ela decidiu lutar pelo amor do padre Pedro até que ele resolvesse largar a batina, fato que se concretiza nos últimos capítulos.
Na TV e no radinho
A novela também foi um sucesso se tratando de música. Mulheres Apaixonadas inovou na época com o lançamento de um CD duplo, um com músicas nacionais e outro com o repertório internacional.
Foram vendidas cerca de um milhão de cópias do CD, levando a Som Livre a lançar um segundo volume. Na trilha sonora, estavam sucessos de Avril Lavigne, Tribalistas, Shakira, Luiza Possi, Norah Jones, Jennifer Lopez, Maná, Tiziano Ferro entre outros.
*Com informações dos sites Teledramaturgia e Memória Globo.