Val Marchiori vence processo de injúria racial aberto por Ludmilla
O processo corre desde o carnaval de 2016, ocasião em que Ludmilla desfilou pela escola de samba Salgueiro
Val Marchiori venceu um processo aberto pela cantora Ludmilla que acusava a empresária de injúria racial. A denúncia aconteceu após Val comparar o cabelo da funkeira a uma esponja de aço, durante o desfile da escola de samba Salgueiro, no Carnaval de 2016.
Ludmilla chegou a vencer o processo em primeira instância, em 2018, e em 2020, mas Val recorreu às duas decisões, de R$ 10 mil e R$ 30 mil respectivamente.
A cantora se manifestou através das redes sociais após a decisão judicial favorável à loira, afirmando que não se calará.
“Racismo não é liberdade de expressão. “‘Sofreu racismo?’ ‘Fácil, vai lé e denuncia’. ‘Lugar de racista é na cadeia’. ‘Vocês reclamam demais. E só ir pra justiça..’ Vocês perceberam agora que não e fácil como parece? Essa não e a primeira, segunda ou terceira denuncia que eu faço. Eu também não sou a primeira a passar por isso e, infelizmente, não sou a única. Eu não me faço de vítima. Eu sou. Tá provado. Mas a estrutura desse país é tão racista que eles tem a audácia de recorrer e ainda por cima comemorar a vitória no Instagram. Mas quer saber? Não vou parar. E não é só por mim, não! Uma horas as coisas vão ter que mudar. E no que eu puder usar a minha visibilidade para ajudar nessa mudança, eu juro pra vocês que vou”, escreveu.
RACISMO NÃO É LIBERDADE DE EXPRESSÃO
— LUDMILLA (@Ludmilla) March 26, 2021
Mariana Moreira Tangari Baptista, juíza responsável pelo caso, assistiu ao vídeo e disse estar claro “que a ré insiste em comparar o cabelo da autora a um bombril, ainda que os apresentadores do programa tenham tentado impedir que ela continuasse a ofender a autora, afirmando que se tratava de um aplique e não do cabelo da cantora”.
Já em sua sentença, falou sobre a liberdade de expressão. “[A liberdade de expressão] deve ser exercida com responsabilidade, respeitando outros direitos constitucionalmente tutelados, notadamente o da dignidade da pessoa humana”.
Entenda
Val Marchiori era comentarista da Rede TV! no Carnaval 2016, ocasião em que fez a comparação. “A fantasia está bonita, a maquiagem… agora, o cabelo… Hello! Esse cabelo dela está parecendo um bombril, gente!”, disse.
Após alguns dias, Ludmilla rebateu e chegou a pedir à Justiça R$ 300 mil de indenização, alegando injúria racial, acusação negada pela ré.
“Depois do desfile muitas pessoas me enviaram um vídeo de uma pessoa que apresentava um programa ao vivo na TV falou que meu cabelo parecia bombril. Eu fiquei muito triste quando vi o vídeo, mas curti o restante da minha noite de ontem tranquila e com sensação de dever cumprido após o desfile da minha escola maravilhosa que arrasou na avenida. Hoje, ao viajar pro Pará pra fazer um show, vim refletindo no avião. Quem é essa pessoa? O que eu fiz pra ela? O que ela fez pra chegar onde ela está? E vi que não valia a pena ficar com raiva dela, nem bater boca nas redes sociais. Tenho consciência de tudo que passei pra chegar aqui, vim de baixo SIM, mas lutei MUITO pra chegar onde estou e o mais importante, com um trabalho digno e honesto e com o apoio de toda a minha família e amigos que tenho orgulho de tê-los comigo sempre! Tenho muito orgulho da minha raça e não vai ser qualquer pessoa que vai me colocar pra baixo por puro preconceito , SER CHIQUE É TER VALOR E NÃO PREÇO. Muito obrigada a todos que responderam em minha defesa”, escreveu a cantora à época.
Val se justificou e reiterou não ter gostado do penteado. “Realmente, não gostei de como estava o penteado e não do cabelo em si. Cada um tem o seu, a diferença é o modo como usa. (…) falei que não gostei do penteado escolhido! Que na verdade, nem era o cabelo dela, e sim uma peruca. E independente da cor da pessoa, do jeito da pessoa, ou da pessoa em si. Não gostei, achei que não ficou bom para o look e falei. Agora, pensar que isso possa representar algum tipo de inferioridade ou superioridade como algumas pessoas disseram, já é demais. A pessoa, seu caráter, sua vida, quem faz é ela própria e não seu cabelo ou peruca. Hello! Pensar dessa forma até me enoja! Não foi preconceito”, pontuou a socialite.
Com informações do Extra*