Vermelha, longa-metragem goiano, é o grande premiado do Festival de Tiradentes
Esta é a primeira vez que um filme goiano recebe o prêmio da crítica, que é considerado uma espécie de farol para os demais do país
O longa-metragem goiano Vermelha foi considerado o melhor filme Mostra de Cinema de Tiradentes. Esta é a primeira vez que uma produção goiana recebe o título, dentro da principal mostra competitiva do festival. A película foi escolhida por unanimidade pelos críticos que definiram quem recebe o prêmio. O encerramento ocorreu no último sábado (26).
Ao todo, foram sete produções competindo na mesma categoria. Nos últimos dez anos, apenas um filme do centro-oeste foi contemplado como “Melhor Filme da Mostra Aurora, segundo o júri da crítica”. Esta é a principal mostra do Festival e reúne trabalhos de jovens diretores. Já o Festival é tido como uma espécie de farol para os demais brasileiros.
Este é o primeiro longa-metragem de Getúlio Ribeiro, que tem 27 anos e mora em Goiânia. O Setor Sudoeste, bairro onde reside, e a casa da família são os cenários do filme. “Esses seis, sete dias aqui em Tiradentes, com os meus pais, foram como uma extensão do filme. É forte pra c****” , disse ele, durante discurso de premiação.
“Por manejar, através da imprevisibilidade de sua condução e sutilidade de medida para si e, assim, um dinâmico exercício cósmico-doméstico sobre a ideia de narração, e desmistificar uma vida de um Brasil sem mar, por sua experimentação estrutural”, foi a justificativa do júri para a escolha do filme.
Vermelha estreou na última quinta-feira (22) no interior de Minas Gerais sob risos e aplausos da plateia. Isso porque os personagens principais, Gaúcho e Beto, têm diálogos que remetem ao Brasil central, com temas sobre fazendas, telhados e brigas que alternam entre a violência e o humor.
Além de Gaúcho, que é pai de Getúlio, e de Beto, amigo da família, também acompanharam o Festival a irmã dele, Débora, e a mãe, Diva. Eles são os principais atores do longa.
Parte da equipe também acompanhou a Mostra: a produtora-executiva, Cecília Brito; o fotógrafo, Larry Machado; o diretor de produção, Tothi Cardoso; e o montador, que assina o trabalho junto com Getúlio, Luciano Evangelista.
“Estou feliz demais. Mas sem nenhuma pretensão: nós levamos esse prêmio pra casa. Que saudade da minha cachorra Vermelha!”, disse Gaúcho ao subir no palco para ser premiado.
Durante a premiação, a todo o tempo eram ouvidos gritos de “É Goiás” e “Viva Goiás”, vindos da equipe e demais conterrâneos presentes. A emoção era dupla, já que o longa-metragem Parque Oeste, de Fabiana Assis, também foi premiado.
O filme recebe o nome da cachorra da família, traz uma narrativa não-linear, com agiotas, fantasmas, uma raiz sendo desenterrada para depois ser enterrada novamente. Isso trouxe confusão e divertimento aos espectadores, que diversas vezes interpelaram a equipe, ao longo da Mostra, para parabenizar e buscar respostas. Mas elas talvez não existam e tudo faz parte de uma espécie de aleatoriedade que permeia toda a produção.