‘Vermelha’, longa-metragem goiano, estreia em festival de Minas Gerais
Projeto começou como curta-metragem e se transformou em longa de 78 minutos e será exibido no dia 24 de janeiro na principal mostra do Festival de Tiradentes
O longa-metragem goiano Vermelha, dirigido por Getúlio Ribeiro, vai estrear no Festival de Tiradentes, em Minas Gerais. O filme será exibido no dia 24 de janeiro na principal mostra do evento, chamada Aurora. Nela, são selecionados apenas longa-metragens de diretores que tenham produzido até três filmes desse tipo.
O filme tem diferentes narrativas: dois homens vão até uma fazenda, no meio do cerrado goiano, extrair e transportar uma raiz atingida por um raio. Paralelamente, Gaúcho reforma o telhado de casa, junto com o amigo Beto, e é constantemente ameaçado por Jonas, que cobra dívidas em atraso. As figuras de Diva, Débora e da cachorra, que dá nome ao filme, perpassam esse cotidiano de trabalho dos homens.
O projeto começou como um curta-metragem e se transformou em um longa de 78 minutos. Foram dois anos entre o início e a finalização do filme. “É bom perceber um cuidado com o filme e um retorno ‘profissional’ meio automático, antes mesmo de ser visto. Impulsiona muito o filme, acredito”, afirma Getúlio.
Essa sensação de que o trabalho já tem um reconhecimento antes mesmo de ser exibido para o público ainda aumenta, já que o filme é uma produção tão íntima e tão caseira. “Pros atores do filme, que são meus pais e pessoas próximas, proporciona uma experiência meio deslocadora também, forte e boa de fazer parte”, finaliza.
Em casa
Vermelha tem uma atmosfera familiar e caseira. Os personagens citados são familiares e amigos do diretor: o pai, Gaúcho, a mãe, Diva, a irmã, Débora, e o amigo Beto. Essa intimidade seria um dos pontos fortes da produção. “Acho que tem essa coisa do caseiro, de um amadorismo íntimo da casa mesclado com a vontade de propor cinemão”, afirma Getúlio.
As gravações foram principalmente na casa da família. O diretor, que aos 27 anos produziu o primeiro longa-metragem da carreira, explica que buscou trabalhar com uma “arquitetura cinematográfica nesse espaço que naturalmente já tende a essa intimidade que de alguma maneira dialoga com uma beleza amadora”.
Novo ritmo
O fato de a locação das cenas ser em casa também contribuiu para que o filme se tornasse uma espécie de laboratório. Gravado ao longo de 2017, ele foi feito em um ritmo diferente do comum: intercalando gravações com edição (ou montagem, no termo técnico).
A produtora goiana Dafuq Filmes, da qual Getúlio é integrante, encontrou nesse trabalho a liberdade de colocar em prática uma ideia que já existia. “Nós na produtora já vínhamos desenvolvendo e afinando um método de trabalho que atendia à nossa agilidade ou lentidão de lidar com isso de cinema”, explica o diretor.
Mais obras
O curta-metragem Kris Bronze, também produzido pela Dafuq Filmes, será exibido na Mostra da Praça, no Festival de Tiradentes. O documentário mostra a rotina de uma casa de bronzeamento natural, no Bairro Floresta, em Goiânia. O filme é dirigido por Larry Machado e já foi exibido em outros sete festivais nacionais e tem cinco prêmios no currículo.
A Dafuq já produziu 13 curtas, em sete anos de existência, a partir uma parceria que surgiu ainda durante o Curso de Cinema e Audiovisual, na Universidade Estadual de Goiás (UEG). Além de Vermelha, o coletivo já produziu outro longa-metragem, Mr. Leather, que está em processo de distribuição pelos festivais brasileiros. Juntamente com Getúlio, participam da equipe o fotógrafo e diretor Larry Machado e o técnico cinematográfico e produtor de cinema e vídeo, Tothi Cardoso.