Vilão pode ser pedófilo pois é tudo ‘mentirinha’, diz Porchat sobre filme de Gentili
"O vilão faz coisas horríveis no filme, isso não é apologia ou incentivo àquilo que ele pratica", diz o ator
(por Mônica Bergamo) O humorista Fábio Porchat se manifestou nesta segunda (14) sobre a polêmica envolvendo o filme Como se Tornar o Pior Aluno da Escola, de 2017, e protagonizado por Danilo Gentili. O secretário especial de Cultura, Mario Frias, chegou a afirmar que o filme faz apologia do abuso sexual infantil.
A comédia com Fábio Porchat e Danilo Gentili no elenco se viu no centro de uma polêmica após Frias postar um trecho do filme em seu perfil numa rede social. Na cena, o personagem de Porchat instiga dois garotos menores de idade a pararem de discutir e pede que o masturbem. As crianças reagem com surpresa, negando o pedido.
“O que é isso, preconceito nessa idade? Isso é supernormal, vocês têm que abrir a cabeça de vocês”, diz o personagem de Porchat, que em seguida abre a braguilha da calça e puxa a mão de um dos meninos em direção a ela.
Segundo Frias, a cena é uma afronta às famílias, e o longa usa a pedofilia como forma de humor. Ele disse ainda que tomará medidas cabíveis para que as crianças não sejam “contaminadas por esse conteúdo sujo e imoral”.
“Vamos lá: como funciona um filme de ficção? Alguém escreve um roteiro e pessoas são contratadas para atuarem nesse filme. Geralmente o filme tem o mocinho e o vilão. O vilão é um personagem mau. Que faz coisas horríveis. O vilão pode ser um nazista, um racista, um pedófilo, um agressor, pode matar e torturar pessoas”, afirmou Porchat em texto enviado à coluna por meio de sua assessoria de imprensa.
“O Marlon Brando interpretou o papel de um mafioso italiano que mandava assassinar pessoas. A Renata Sorah roubou uma criança da maternidade e empurrava pessoas da escada. A Regiane Alves maltratava idosos. Mas era tudo mentira, tá, gente? Essas pessoas na vida real não são assim. Temas super pesados são retratados o tempo todo no áudio visual”, continua.
Na manhã desta segunda-feira (14), o ministro da Justiça Anderson Torres disse que “tomou conhecimento de detalhes asquerosos do filme” e que determinou à pasta que tome providências sobre o assunto. Por causa das reações, Porchat e Danilo Gentili se tornaram alvos de ataques nas redes bolsonaristas.
Ele afirma ainda que quando “o vilão faz coisas horríveis no filme, isso não é apologia ou incentivo àquilo que ele pratica, isso é o mundo perverso daquele personagem sendo revelado”.
“Às vezes é duro de assistir, verdade. Quanto mais bárbaro o ato, mais repugnante. Agora, imagina se por conta disso não pudéssemos mais mostrar nas telas cenas fortes como tráfico de drogas e assassinatos? Não teríamos o excepcional Cidade de Deus? Ou tráfico de crianças em Central do Brasil? Ou a hipocrisia humana em O Auto da Compadecida. Mas ainda bem que é ficção, né? Tudo mentirinha.”
Como se Tornar o Pior Aluno da Escola está disponível no catálogo da Netflix. Procurada, a plataforma de streaming disse que não vai se posicionar sobre o caso.