Zezé Di Camargo aparece em vídeo em defesa do “voto auditável”
Cantor sertanejo, entretanto, esqueceu-se de que voto no Brasil já é auditável
A deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP) publicou no Twitter um vídeo do cantor Zezé Di Camargo se posicionando favorável ao voto auditável, medida defendida pelo presidente Jair Bolsonaro.
Ele inicia o vídeo perguntando a algumas pessoas o porquê delas serem contra o modo do voto e explica que é a chance de conferir se o voto foi realmente computado à pessoa votada e compara o processo com a emissão da via do cliente por parte da máquina de cartão de crédito.
“O brasileiro, o cidadão, tem o direito de saber se aquele número que ele digitou, se aquele nome que ele digitou realmente é o que está sendo computado na máquina. Porque aquela máquina só tem acesso a ela uma meia dúzia de pessoas”, defendeu. “Não vai atrasar nada na vida das pessoas, isso é transparência”, complementou.
O cantor diz ainda que “só a gente que gostou” da urna utilizada no país, enfatizando que vários países conheceram o processo eleitoral brasileiro e não adotaram a medida.
Zezé ressalta que não gostaria de estar falando sobre o assunto por pessoas tratarem o assunto como se ele estivesse tomando partido.
O sertanejo aproveitou para convidar os fãs para o ato nacional pró-voto auditável que acontecerá no início do mês. “Dia 1º de agosto vai ter uma manifestação no Brasil inteiro, para o povo mostrar, principalmente para o Congresso, que o povo quer o voto auditável sim. Eles ficam confundindo a cabeça de vocês, falando que é um retrocesso, que vai voltar lá atrás, não vai voltar nada”, reforçou.
“Vamos brigar pelos nossos direitos, por aquilo que é transparente. Eleição é fundamental, eleição é democracia e a gente tem que lutar para que isso seja da maneira mais transparente possível. (…) A gente tem que ter um partido só. Nosso partido tem que ser esse aqui: Brasil”, finalizou.
Dia 01/08, em apoio ao VOTO AUDITÁVEL!
A partir das 14h estarei na Paulista para apoiar esse tema tão relevante para a transparência nas eleições! Procure a organização de sua cidade!@zcloficial pic.twitter.com/b39RfZDxog
— Carla Zambelli (@Zambelli2210) July 26, 2021
Voto auditável já é realidade no Brasil
Em entrevista ao podcast Poder em Jogo, do Mais Goiás, o professor Alexandre Azevedo, técnico do Tribunal Regional Eleitoral de Goiás (TRE-GO), explicou que o voto da urna eletrônica já é auditável. “A urna eletrônica surgiu no Brasil, a partir de estudos da própria Justiça Eleitoral, justamente para evitar fraudes nas campanhas”, sublinhou. Ele relembrou dos tempos em que havia roubo e destruição de urnas por candidatos que estavam perto de perder as eleições.
“São quase 30 anos de experiência com a urna eletrônica, e todas elas bem sucedidas”, continuou o professor. Azevedo explicou ainda que, no dia da eleição, faz-se a Votação Paralela. Para isso, sorteiam-se aleatoriamente algumas urnas no dia anterior, que são preenchidas com votos, como uma votação normal, usando escoteiros e bandeirantes.
Em um ambiente totalmente filmado, eles votam e conferem os votos em seguida. “Se o sistema tiver fraude, haverá em todo o sistema, em todas as urnas”, disse. E, conforme o técnico ressaltou, nunca houve.
Ouça a entrevista completa abaixo:
Outra polêmica de Zezé di Camargo
Em setembro de 2017, o sertanejo deu entrevista ao canal no YouTube da jornalista Leda Nagle e afirmou que não houve ditadura no Brasil. A fala foi mal vista e rechaçada nas redes sociais.
“Muita gente confunde militarismo com ditadura. Todo mundo fala ‘nós vivíamos numa ditadura’. Nós não vivíamos numa ditadura, nós vivíamos num militarismo vigiado”, afirmou Zezé. “Ditadura é a Venezuela, Cuba com Fidel Castro, Hungria, Coreia do Norte, China,… Esses são realmente ditadores”, continuou o cantor.
A ditadura militar, entretanto, foi retratada no filme Os Dois Filhos de Francisco, que conta a história de vida da família de Zezé di Camargo. Em uma das cenas, o cantor tem sua música censurada em uma rádio local por denegrir o regime militar. A faixa dizia “viva as forças armadas e a sua tirania”.
O locutor da rádio, ao ouvir este trecho da canção, afirma “daqui a pouco a censura baixa aqui e vai todo mundo preso. O presidente do Brasil é um militar, você não sabia, não? Tá ficando doido?”.