Ziraldo assina cartaz da Mostra de SP, que terá ‘Annette’ e premiados em Cannes
Dedos alongados seguram estrelas e planetas diante de um fundo escuro. Saturno está lá e…
Dedos alongados seguram estrelas e planetas diante de um fundo escuro. Saturno está lá e a Terra também, bem como um homenzinho de terno azul que, deitado de bruços, observa a paisagem com o rosto apoiado sobre as mãos, parecendo flutuar.
Os olhos vidrados mimetizam aqueles de um espectador de cinema, que presta atenção nas cenas que se desenrolam à sua frente. É como se o personagem representasse o público que a 45ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo espera receber em suas sessões a partir do dia 21 de outubro.
A paisagem intergaláctica ilustra o cartaz da nova edição deste que é um dos mais importantes eventos cinematográficos do país. Seu autor é ninguém menos que Ziraldo, artista convidado para emprestar sua arte ao cartão de visitas da Mostra de São Paulo e que, de quebra, ainda será homenageado na programação.
O escritor e cartunista de 88 anos -e que fará aniversário durante o evento- se faz presente, além de no cartaz, no documentário “Ziraldo, Era uma Vez um Menino”, que faz parte da leva de filmes nacionais que terão sua estreia na Mostra.
Realizado por sua filha, Fabrizia Pinto, e com música do filho, Antonio Pinto, o longa narrado em primeira pessoa traz o artista mineiro comentando sua vida, desde a infância na pequena Caratinga até os dias atuais, passando por sua atuação política contra a ditadura, o trabalho no Pasquim e a concepção de personagens icônicos, como o Menino Maluquinho e Pererê e sua turma.
Criada no fim dos anos 1970, a ilustração que deu origem ao pôster da 45ª Mostra é de uma época em que Ziraldo “tinha um prazer filha da puta de desenhar”, em que “queria me superar a cada desenho”. É fruto de uma série de ideias tidas para um cartaz da empresa de eletrônicos Sharp, que à época deixou o quadrinista livre para criar o que bem entendesse.
Ziraldo, no entanto, não é a única estrela confirmada para brilhar na Mostra deste ano. A programação ainda não foi totalmente fechada, mas entre aqueles já escalados para fazer sua estreia brasileira durante o evento estão títulos recentemente premiados no Festival de Cannes.
São eles o musical “Annette”, do francês Leos Carax -prêmio de direção-, “Ahed’s Knee”, do israelense Nadav Lapid -prêmio do júri-, “Noche de Fuego”, coprodução brasileira dirigida pela salvadorenha Tatiana Huezo -menção honrosa na seção Um Certo Olhar-, e “Murina”, da croata Antoneta Alamat Kusijanovic -prêmio Caméra d’Or.
O último tem produção do carioca Rodrigo Teixeira, que também está por trás de outra obra que desfilou na Croisette em julho e que integra a Mostra -“Bergman Island”, de Mia Hansen-Love. Outros títulos da programação que estiveram em Cannes incluem “Les Intranquilles”, do belga Joachim Lafosse, “Jane par Charlotte”, da franco-inglesa Charlotte Gainsbourg, e “Petrov’s Flu”, do russo Kirill Serebrennikov.
De Berlim, vêm a estreia do ator teuto-brasílio-espanhol Daniel Brühl na direção, “Next Door”, o suíço “The Girl and the Spider”, o canadense “Hygiène Sociale” e o alemão “Wood and Water”. De Veneza, o mexicano “El Otro Tom” e o franco-belga “Ma Nuit”.
Até o dia 3 de novembro, filmes de ao menos 46 países serão exibidos na Mostra em formato híbrido, após uma edição quase que inteiramente virtual no ano passado, consequência da pandemia de Covid-19. Agora, as sessões vão se revezar em salas de cinema do circuito paulistano, no vão-livre do Masp e em outros espaços da capital. Também haverá exibição pela internet, no streaming próprio da Mostra e nas plataformas Spcine Play, Sesc em Casa e Itaú Cultural Play.
O lineup completo de filmes, bem como maiores informações sobre ingressos e salas, serão anunciados pela organização da Mostra no início do próximo mês.