AUTOMOBILISMO

Após pressão da Red Bull, F1 congela desenvolvimento de motores

A reunião da Comissão de F-1, entre a chefia da categoria e as equipes, realizada…

A reunião da Comissão de F-1, entre a chefia da categoria e as equipes, realizada nesta quinta-feira (11) chegou a uma decisão importante e que vinha sido forçada pela Red Bull há meses: o congelamento do desenvolvimento dos motores a partir de 2022. Outra ideia discutida no encontro foi a adoção de corridas curtas em três etapas do ano – uma delas, no Brasil. A novidade não foi aprovada desta vez, mas os times pediram tempo para avaliarem os desdobramentos e voltarão a discutir o tema.

A resistência em relação às corridas curtas, que serviriam como teste para a F-1, no futuro, encurtar suas provas, além de mudar o formato de disputa do final de semana, que há anos permanece o mesmo, tem muito a ver com os gastos. Mesmo que sejam só três etapas a mais, o equipamento seria mais forçado e isso implica em aumento de orçamento. Isso, justamente no ano em que entra em vigor um teto de gastos para as equipes. Por outro lado, a ideia foi muito mais bem recebida que a de uma corrida curta com grid invertido, que os donos da F-1 tentaram emplacar por três vezes nos últimos dois anos, perdendo todas as votações.

A ideia que segue em pauta é de, em três GPs em 2021, fazer a classificação na sexta-feira para definir o grid da corrida curta no sábado, e o resultado desta corrida curta definiria o grid do domingo.

Já a questão do congelamento dos motores era fundamental até para a permanência da Red Bull na Fórmula 1. Isso porque, no segundo semestre do ano passado, sua parceira, a Honda, decidiu que sairia da categoria ao final deste ano, entendendo que já chegou no limite do que conseguiria ganhar com a tecnologia usada atualmente na categoria.

Por não querer se tornar cliente de nenhuma montadora que tem equipe própria na F-1, por entender que jamais teria a chance de título se o fizesse, a Red Bull pressionava pelo congelamento para ter a possibilidade de seguir usando os mesmos motores que já possui. A proposta acabou tendo apoio dos demais por pressão da própria Fórmula 1 e também porque significa uma economia bastante significativa para as demais fornecedoras de motores, que deixarão de investir pesado em uma tecnologia que todos consideram complicada demais, especialmente na parte da unidade de potência em que a energia calorífica é reaproveitada. As montadoras acreditam que a aplicação na indústria automotiva desse tipo de tecnologia é muito reduzida.

Com a aprovação do congelamento já para 2022 (o plano inicial era que isso acontecesse apenas em 2023) a Red Bull pode continuar com os motores Honda, terceirizando a manutenção ou fazendo-a em casa. O importante para o time e para a AlphaTauri, que pertence à Red Bull e também usa os motores Honda, era evitar ter de bancar os altos custos de desenvolvimento, ao mesmo tempo em que mantinha sua independência de Renault, Ferrari e Mercedes.

Próximos passos

O que ainda não está claro é se esse congelamento vai ser acompanhado de uma equalização de rendimento, como na época dos motores V8, quando era dada às fornecedoras que ficavam mais para trás em termos de desempenho a chance de melhorar seu produto para nivelá-lo. Dona do melhor motor da F1 desde o início da era híbrida, em 2014, a Mercedes é contra a equalização, mas as rivais pressionam para que isso seja feito para evitar que os anos de congelamento continuem sendo dominados pelo time alemão, embora isso não seja uma certeza, já que haverá mudanças profundas no regulamento dos carros de 2022.

E, mesmo se houve a equalização, não se sabe como ela será feita: se permitindo que os fornecedores que têm motores mais fracos desenvolvam seu produto, ou impondo algum tipo de limite para quem tem mais potência, como por meio de uma limitação de combustível, por exemplo. Como dificilmente os times chegarão a um acordo a respeito disso, o mais provável é que o congelamento seja simples, sem equalização.

A ideia é que o desenvolvimento dos motores fique congelado por três anos, até que se chegue a um consenso sobre qual a próxima tecnologia que as unidades de potência da Fórmula 1 usarão. O que se sabe é que o novo motor será adotado em 2025 (também um ano antes do que o originalmente planejado). Enquanto isso, o foco será no desenvolvimento de combustíveis mais ‘verdes’. O primeiro passo é usar 10% de biocombustíveis, já ano que vem, e ir aumentando essa proporção. A ideia é que a categoria siga sendo um laboratório de novas tecnologias para montadoras e inclusive consiga atrair novas empresas do setor automobilístico.