ELEIÇÃO

Atletas enfrentam perrengues e gastam do bolso para eleger oposição no COB

Marco La Porta venceu o então presidente do COB Paulo Wanderley

Marco La Porta e Yane Marques irão comandar o COB. Foto: Alexandre Loureiro/COB

ALEXANDRE ARAUJO E RODRIGO MATTOS
RIO DE JANEIRO, RJ (UOL/FOLHAPRESS) – Esportistas membros da comissão de atletas do COB enfrentaram perrengues e gastaram do próprio bolso para eleger o candidato de oposição Marco La Porta à presidência da entidade. Ao final, tiveram peso decisivo na derrota do presidente Paulo Wanderley.

A Comissão de Atletas do COB tem 19 votos do total de 55 do colégio eleitoral. Decidiram fechar uma apoio unânime à oposição.

A eleição, no entanto, foi marcada em um período em que há competições em curso. Além disso, um dos membros da comissão, Jade Barbosa, tinha casado e estava em lua de mel.

Era possível substituir dois atletas com suplentes. Mas, ainda assim, havia esportistas fora do Brasil. O COB só paga passagens nacionais para os eleitores.

Um dos que teve de bancar a viagem com recursos próprios foi o jogador de polo aquático Gustavo Guimarães, o Grummy, que está disputando o Sul-Americana em Cali, na Colômbia.

Ele viajou durante a madrugada do dia da eleição em um trajeto de oito horas via Bogotá para chegar de manhã ao COB. À noite, ele pegaria os voos para retornar a Cali.

“Foi no meio do Campeonato Sul-americano, mas é por um bem maior. Não podia deixar meus companheiros na mão. Eu tinha um compromisso com quem votou em mim”, disse.

“Não sei como escolheram a data, mas tiveram alguns casos desses. É um período complicado.”
Jacqueline Mourão, que já competiu no mountain bike e em esqui cross country, mora no Canadá.

“Eu moro no Canadá para estar em contato com a neve o máximo possível. Então, foi uma escolha minha vir e exercer o meu papel, para o qual fui eleita para representar os atletas na Comissão de Atletas, e também participar desse momento tão histórico. Todas as cadeiras da assembleia estão tomadas nesta sexta-feira (4), todo mundo está aqui. É uma eleição muito importante, e nossas ações refletem no futuro.

Então, foi um investimento, mas senti que era o meu deve estar aqui e representar os atletas e nossa categoria”, analisou.

A ex-atleta também considerou a data da eleição complicada. “Sim. Para alguns, está tendo eleição [municipal], e foi difícil. Rodrigão, por exemplo, chegou nesta sexta-feira (4) de manhã. Foi uma data complicada, e ela foi marcada muito em cima da hora”, contou.

A decisão de apoiar a oposição da comissão de atletas teve bastante relação com o fato de Paulo Wanderley tentar uma segunda reeleição. Há questionamentos jurídicos sobre a legalidade de sua candidatura já que a legislação proíbe mais de dois mandatos em confederações olímpicas. Mas o COB aprovou sua postulação a considerando legal.

“Reconhecemos o trabalho (do Paulo Wanderley). O que a gente entende é que o melhor para o esporte olímpico era o La Porta. A gente, na Comissão de Atletas, entende que a governança do COB estaria em risco com essa reeleição. É um ponto. Além disso, pesou a competência do La Porta e da Yane”, disse Fabiano Peçanha, presidente da Comissão de Atletas.