Atlético-MG negocia dívidas e terá mais poder de fogo com venda de shopping
Após uma negociação que durou cerca de dois meses, o Atlético-MG anunciou a venda de…
Após uma negociação que durou cerca de dois meses, o Atlético-MG anunciou a venda de mais 49,9% do Diamond Mall, shopping localizado na região Centro-Sul de Belo Horizonte e que pertencia ao clube mineiro. O time mineiro vai receber R$ 340 milhões da Multiplan, que já havia comprado a outra metade por R$ 298 milhões – dinheiro utilizado na construção da Arena MRV. A venda do centro comercial terá impacto no futebol atleticano a partir de 2023.
Mas nenhum centavo dos R$ 340 milhões que o Atlético vai receber, assim que o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) aprovar a negociação, será utilizado para contratar jogadores ou pagar salários. Todo o dinheiro será utilizado para pagar dívidas, que consumiram meio bilhão de reais apenas em juros durante uma década. Em 2021, por exemplo, o Galo gastou quase R$ 80 milhões com o custo da dívida que era de R$ 1,3 bilhão em dezembro do ano passado. Dinheiro que poderia ser aplicado no futebol.
Por isso, a estratégia a diretoria do Atlético está definida e já começou. O clube negociou com alguns credores, que toparam uma redução de até 50% do valor com a condição do pagamento à vista. A prioridade do Galo é pagar quem aceitar o desconto, além das dívidas onerosas, aquelas que geram os maiores juros. Com R$ 340 milhões para quitar parte dos débitos, os dirigentes atleticanos têm uma projeção otimista de que vão conseguir reduzir a dívida do clube em cerca de R$ 500 milhões.
O Galo não ficará totalmente livre do pagamento de juros, mas a partir de 2023 não terá de gastar quase R$ 80 milhões do faturamento com o custo da dívida. O que vai impactar no futebol, que terá mais dinheiro, seja para comprar jogadores ou aumentar a folha salarial.
“A venda do Diamond Mall permitirá que o Atlético possa ter três, quatro jogadores do quilate do Hulk”, disse Rafael Menin, que é vice-presidente do Conselho Deliberativo e membro do colegiado que atualmente comanda o clube alvinegro.
Na negociação feita com a Multiplan ficou acertado que o Atlético-MG vai receber R$ 136 milhões à vista e R$ 204 milhões em 12 parcelas, indexadas ao índice oficial de inflação (IPCA). Mas para receber o dinheiro todo de uma vez só e ter o poder para negociar com os credores, o clube vai fazer uma operação bancária para adiantar o pagamento das parcelas.
DÍVIDA ABAIXO DOS R$ 700 MILHÕES EM DEZEMBRO
De acordo com o balanço financeiro do Atlético, referente ao ano de 2021, a dívida do clube era de R$ 1,3 bilhão em dezembro do ano passado. Esse valor já caiu para pouco mais de R$ 1,1 bilhão no primeiro semestre de 2022, após alguns acordos feitos pelo departamento financeiro do Galo. Com a venda do Diamond Mall e o cenário otimista projetado pela direção, o Atlético deve fechar a temporada com uma dívida abaixo dos R$ 700 milhões.
Aliás, a projeção da cúpula atleticana é de que até 2026 o clube não tenha mais nenhuma dívida que não seja a tributária, que já está equacionada. Em abril o Atlético deixou o PROFUT (apenas da modalidade PGFN não previdenciários), e aderiu ao PERSE (Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos). Isso gerou uma redução de R$ 51 milhões na dívida tributária.
MECENAS NÃO VÃO RECEBER
Não é segredo para ninguém que a situação financeira do Atlético não condiz com o elenco que o clube tem desde o segundo semestre de 2020. A compra de vários jogadores e a elevação na folha salarial só foi possível pelo aporte financeiro dado pelos mecenas do clube. Foi com os mais de R$ 400 milhões emprestados pela família Menin que o Galo conseguiu montar do time campeão brasileiro e da Copa do Brasil em 2021.
Porém, nenhum valor da venda do shopping será utilizado para o pagar os mecenas. Como o acordo não tem juros, a dívida com a família Menin será quitada com o lucro das vendas de jogadores.
Um dos chamados 4 R’s, o ex-presidente Ricardo Guimarães também não vai receber nada referente à venda do Diamond Mall. Inclusive, o ex-dirigente atleticano já fez um acordo com a atual diretoria, em junho do ano passado, referente a empréstimos mais antigos. Guimarães deu um desconto de R$ 70 milhões para o Galo, que vai ter de pagar apenas R$ 85 milhões dos R$ 155 milhões que devia ao ex-mandatário. Serão R$ 65 milhões em forma de patrocínio no uniforme e outros R$ 20 milhões parcelados.