Basquete brasileiro busca vaga olímpica em difícil missão na Croácia
No grupo brasileiro tem Tunísia, Croácia, Alemanha, Rússia e México
Faz meses que o técnico croata Aleksandar Petrovic, comandante da seleção brasileira masculina de basquete, pensa, estuda e reflete sobre um jogo em específico: o desta terça-feira (29), contra a Tunísia, na estreia do torneio Pré-Olímpico.
A partida diante dos africanos em Split, na Croácia, será realizada às 15h (de Brasília). Seis equipes disputam o campeonato, e apenas o campeão garante vaga nos Jogos de Tóquio-2020, a partir de 23 de julho.
O peso do duelo de abertura para os brasileiros se deve ao formato da competição. Os seis participantes estão divididos em duas chaves, com os dois melhores avançando para as semifinais.
A outra adversária da primeira fase será a Croácia, que além de jogar em casa é uma potência do basquete e possui no seu plantel Bojan Bogdanovic, um dos destaques do Utah Jazz na NBA. Petrovic, portanto, mira a vitória sobre os tunisianos para deixar a classificação às semis bem encaminhada. O outro grupo tem Alemanha, Rússia e México.
“A única coisa importante no grupo é ganhar da Tunísia. Não quero mostrar todas as cartas contra a Croácia, porque podemos hipoteticamente jogar contra eles de novo [numa eventual final]. Tenho na cabeça, junto com meus assistentes, todos os cenários contra a Tunísia. Há um quinteto muito forte, mas o sexto e o sétimo jogadores estão bem abaixo do quinteto inicial”, afirmou o técnico ao jornal Folha de S.Paulo em maio.
De lá para cá, ele, que estava em sua casa na Croácia, se encontrou com os atletas brasileiros na Polônia para treinamentos e amistosos de preparação. A seleção venceu os dois jogos contra os poloneses e tomou o caminho de Split na última sexta (25).
Dos 15 integrantes do elenco, 3 tiveram que ser cortados para fechar o limite de 12. Assim, o armador Caio Pacheco, 22, do Bahía Basket (ARG), o pivô Cristiano Felício, 28, do Chicago Bulls (EUA), e o ala/pivô Léo Demétrio, 27, do Flamengo, ficaram fora do torneio.
“Tivemos primeiro a saída do Caio, um jovem muito talentoso, depois do Cristiano Felício, que certamente estará conosco no futuro, e por último o Léo Demétrio, que foi uma grande surpresa nessa preparação, treinando muito bem e jogando muito bem na posição três. É outro que em breve estará de volta e defenderá o Brasil por muitos anos”, disse Petrovic.
Enquanto projeta o futuro, o treinador não abriu mão de alguns dos atletas veteranos que jogaram na NBA e participaram das últimas edições de Jogos Olímpicos e Mundiais. Caso tenham sucesso na Croácia, eles ainda poderão ter uma despedida em grande estilo no Japão.
Como definido pela Federação Internacional de Basquete em seu site, seria “the last samba” (o último samba) dessa geração, uma brincadeira com a série “The Last Dance”, sucesso do streaming no ano passado e que conta a trajetória de Michael Jordan e do Chicago Bulls nos anos 1990.
Anderson Varejão, 38, Marcelinho Huertas, 38, e Alex Garcia, 41, são pilares do grupo. Já Marquinhos, 37, chegou a ser convocado, mas pediu dispensa. O mesmo fizeram dois nomes que estão na liga americana atualmente: Raulzinho, 29, e Didi, 21.
Petrovic não escondeu sua decepção com as ausências, mas, mostrando a autoconfiança característica de quem disse saber como parar o astro grego Giannis Antetokounmpo no último Mundial de 2019 –promessa cumprida–, continua projetando boas chances para a equipe brasileira.
“Temos responsabilidade nas regras defensivas. O Pré-Olímpico é uma competição em que não há amanhã. Não se pode falhar. Chutes de três podem entrar ou não. Podem ajudar a vencer. Mas você precisa estar pronto para defender até a morte”, afirmou, repetindo seu principal mantra para a busca pela vaga.
Responsável pela marcação de Antetokounmpo há dois anos, Alex simboliza o que o croata espera dos atletas dentro de quadra. “Estou à disposição para o que a seleção precisar. Fico muito feliz em carregar comigo essa parte defensiva, parar os jogadores adversários para não complicar nossa caminhada. Lido muito bem com essa responsabilidade”, disse o ala.
Huertas e Vitor Benite, 31, que vêm de boa temporada na Espanha, deverão ser os principais responsáveis por conduzir o ataque brasileiro. Nomes mais jovens, como os armadores Georginho, 25, e Yago, 22, e o ala/pivô Bruno Caboclo, 25, também poderão cumprir papel importante.
Com a seleção feminina fora dos Jogos, caberá à masculina tentar impedir que o país fique sem representantes olímpicos pela primeira vez desde 1976. O Brasil também não se classificou no basquete 3 x 3, modalidade estreante no Japão.
A arena em Split poderá receber lotação completa em seus 10 mil lugares, mediante comprovante de vacinação ou exame negativo de Covid-19.
Também nesta semana serão realizados outros três torneios classificatórios com seis seleções, na Sérvia, Lituânia e no Canadá. Os vencedores de cada um se juntarão a Japão, Estados Unidos, Argentina, Espanha, França, Austrália, Nigéria e Irã, garantidos em Tóquio.
Pré-Olímpico masculino de basquete em Split
Grupo A
Alemanha
México
Rússia
Grupo B
Brasil
Croácia
Tunísia
Terça (29)
11h30 Alemanha x México
15h Brasil x Tunísia
Quarta (30)
11h30 México x Rússia
15h Brasil x Croácia
Quinta (1º)
11h30 Rússia x Alemanha
15h Croácia x Tunísia
Sábado (3)
Semifinais
Domingo (4)
Final
Convocados do Brasil
Armadores
Georginho – São Paulo
Marcelinho Huertas – Tenerife (ESP)
Rafa Luz – BC Nevzis-Optibet (LIT)
Yago – Flamengo
Ala/armador
Vitor Benite – Burgos (ESP)
Alas
Alex Garcia – Bauru
Léo Meindl – Fuenlabrada (ESP)
Alas/pivôs
Bruno Caboclo – Limoges (FRA)
Lucas Dias – SESI Franca
Pivôs
Anderson Varejão – Cleveland Cavaliers (EUA)
Lucas Mariano – São Paulo
Rafael Hettsheimeir – Flamengo