Clássico Paulista

Bastidores de São Paulo e Palmeiras têm hostilidade e conflito de versões

O vestiário após o jogo colocou fogo no barril de pólvora que já havia sido a partida

Polêmicas durante o jogo repercutiram também após o apito final no clássico paulista. Foto: Rubens Chiri - São Paulo FC

A rivalidade crescente entre São Paulo e Palmeiras chegou a outro patamar na noite deste domingo (3) quando o time tricolor vetou a sala de coletivas para o técnico Abel Ferreira conceder entrevista. As versões dos clubes diferem e o nível de hostilidade na área de imprensa era quase palpável.

O vestiário após o jogo colocou fogo no barril de pólvora que já havia sido a partida. A arbitragem polêmica com a não expulsão de Richard Ríos e o pênalti marcado a favor do Palmeiras foram motivo de revolta pelo lado são-paulino.

Na saída de campo, os são-paulinos entraram em conflito com a arbitragem com xingamentos e foram contidos pela polícia. Calleri, Rafinha e diretores tricolores aparecem em vídeos xingando o árbitro Matheus Delgado Candançan.

Em meio à confusão, João Martins, auxiliar de Abel Ferreira, aparece rindo da situação. A cúpula são-paulina tomou o ato como deboche e o presidente Julio Casares deu duras declarações.

O Palmeiras não gostou nada da declaração de Casares e entendeu a fala do presidente como uma ofensa a Abel Ferreira. O clube sentiu hostilidade o tempo todo e não gostou também da provocação no telão do estádio, que mostrou a faixa feita pela torcida organizada do clube e barrada pela Polícia: “Respeita teu pai. 17/5” e dois fantasmas com a letra B.

CONFUSÃO NA ÁREA DE IMPRENSA

O São Paulo vetou a sala de coletivas do MorumBis para Abel Ferreira. Geralmente, o adversário faz sua entrevista no local primeiro e, depois, é o técnico são-paulino quem fala.

O clube alegou, em nota, “reciprocidade” para o veto. O São Paulo lembrou a última vez em que esteve no Allianz Parque, quando precisou fazer sua entrevista em um espaço improvisado ao lado da Zona Mista onde ficam os jornalistas.

O Palmeiras afirmou, também em nota, que o clube tricolor não lhe deu opções e, por isso, cancelou a entrevista. O Verdão diz que só foi avisado do veto após a partida e que, inclusive, seu backdrop digital já estava preparado para a coletiva.

O São Paulo nega categoricamente que não tenha dado opções ao rival. O time tricolor afirma que apenas vetou a sala de coletivas, como o Palmeiras geralmente faz no Allianz, mas não vetou que outro espaço dentro da área de imprensa e zona mista fosse utilizado, como ocorre no estádio palmeirense.

Abel deixou o estádio pela zona mista e ao passar disse a seguinte frase: “não deixaram a gente falar”. Com o veto da sala de coletiva, o Palmeiras cancelou também as entrevistas na zona mista. Raphael Veiga foi o único a parar e sob protestos da comunicação do clube, que disse “não era para falar”.

O QUE DIZ O REGULAMENTO

O artigo 48 do regulamento do Campeonato Paulista declara obrigatória a entrevista coletiva após a partida. Em seu parágrafo segundo, ele diz que é “obrigação do clube mandante oferecer espaço e estrutura para organização e realização das entrevistas”.

Em seu parágrafo terceiro, explica sobre as salas ou espaços de imprensa.

Havendo apenas uma sala ou espaço de imprensa disponível no estádio, será realizada a entrevista da equipe visitante e, posteriormente, a entrevista da equipe mandante, salvo acordo prévio realizado entre os Clubes, que deverá ser informado à FPF com pelo menos 24 (vinte e quatro) horas de antecedência da realização das partidas.

O Allianz Parque e o MorumBis são estruturalmente semelhantes no que diz respeito à área de imprensa. Ambos contam com apenas uma sala de imprensa e um espaço maior para circulação dos jornalistas.

No MorumBis, a sala de coletivas é sempre cedida ao visitante, como manda o regulamento, com exceção da partida deste domingo.

No caso do Allianz, o Palmeiras não cede a sala de coletivas, mas abre para a utilização de outro espaço dentro do “espaço de imprensa”, como também possibilita o regulamento.