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Um pronunciamento do presidente da Fifa, Joseph Blatter, impressionou o mundo do futebol nesta terça-feira. Cedendo às pressões da Uefa e de diversos dirigentes pelo mundo e em meio a investigações de corrupção na entidade, o suíço anunciou a renúncia ao cargo para o qual foi reeleito na última sexta-feira, no congresso ordinário da entidade em Zurique, na Suíça. Agora, um congresso extraordinário será convocado para eleger o novo mandatário.
“Vou convocar um congresso extraordinário e colocar minha função à disposição. Um novo presidente será eleito para me suceder. Vou continuar a exercer minha função como presidente até um novo ser escolhido. O próximo congresso (marcado para maio de 2016) demoraria muito. Esse procedimento será de acordo com os estatutos e haverá tempo suficiente para aparecerem os novos candidatos”, declarou Blatter.
A surpreendente decisão vem à tona um dia depois de o nome do braço direito de Blatter, o secretário-geral da Fifa Jerome Valcke, aparecer nas investigações do FBI sobre crimes de suborno e organização criminosa no futebol que se iniciaram na última semana. Segundo o “The New York Times”, Valcke teria transferido US$ 10 milhões (R$ 32 milhões) de propina para Jack Warner, ex-presidente da Concacaf, que foi indiciado pela Justiça norte-americana por irregularidades na venda de direitos de televisão e pela construção de um centro de treinamentos em um terreno de sua propriedade.
As novas eleições, que acontecerão em um congresso extraordinário, serão comandadas por Domenico Scala, presidente do Comitê de Auditoria da entidade. Segundo ele, é a complementação de um grande processo de mudanças na estrutura da organização.
“Durante quatro anos, a Fifa trabalhou muito duro para realizar suas reformas. Como o presidente (Blatter) disse, é preciso profundas mudanças estruturais. Muitos desses passos foram rejeitados. Hoje, mais do que nunca, a Fifa tem que complementar essas mudanças. Não queremos especular nada, vamos deixar tudo muito claro sobre como o comitê executivo é eleito”, disse Scala.
“A Fifa tem o compromisso de mudar as questões relacionadas ao futebol e transformar isso em algo mais transparente. Hoje, o presidente comunicou isso às 209 federações associadas. Precisamos reformar a maneira como as pessoas veem a Fifa. A organização não pode ser usada por pessoas que queiram enriquecer por meio do jogo”, completou.
Um nome forte para substituir Blatter no cargo é o presidente da Uefa, Michel Platini. O ex-jogador francês é um dos grandes inimigos políticos do suíço, e fez campanha aberta para o príncipe jorndainaino Ali Bin Al Hussein, rival de Sepp Blatter nas eleições da última semana.