Numa rara manifestação de solidariedade entre adversários, torcedores do Botafogo saudaram o goleiro Aranha, do Santos, antes e durante o jogo deste domingo, no Maracanã, que terminou com a vitória dos cariocas por 1 a 0. As duas equipes entraram juntas no gramado com uma faixa contra o racismo. “Somos preto (sic), somos branco (sic). Somos um só”. Em seguida, a torcida botafoguense, em coro, homenageou Aranha.
O goleiro e os demais atletas santistas retribuíram o gesto com aplausos. Aranha foi vítima de racismo no jogo com o Grêmio, quinta-feira, em Porto Alegre, pela Copa do Brasil. Foi chamado de ‘macaco’ e ouviu outras ofensas. O caso teve grande repercussão, com declarações até da presidente Dilma Rousseff.
Na arquibancada, um torcedor com a camisa do Botafogo exibia um cartaz no qual também deixava clara sua contrariedade com a atitude de alguns gremistas. “Aranha, a torcida alvinegra está com você”. No intervalo da partida, o locutor do Maracanã informou que “racismo é crime” previsto em lei federal, com pena de “2 a 5 anos de reclusão”.
Aos 33 anos, experiente e seguro, Aranha não deixou que o incidente prejudicasse sua atuação. Logo aos 2 minutos, numa saída arrojada, evitou o gol do Botafogo. Ao longo do primeiro tempo e até levar o gol, na etapa final, o Santos deteve mais o controle da bola e ditou o ritmo do jogo. Mas o time pecava por não conseguir entrar na área do Botafogo em condições de concluir.
Foram poucas as oportunidades de gol da equipe. O Botafogo se fechava bem e tentava os contra-ataques com Emerson, que obrigou a Aranha a fazer uma defesa difícil num chute forte. Após o intervalo, o Botafogo passou a arriscar um pouco mais e os armadores do time santista sentiam a falta de tabelas com os atacantes.
Feliz por ter sido convocado ontem para a seleção brasileira, em substituição a Hulk, que se machucou pelo Zenit, Robinho não justificou a lembrança do técnico Dunga. Desperdiçou algumas jogadas por abusar dos dribles na hora errada. Em quase todas as disputas de bola, parecia um pouco atrasado. Foi assim o jogo todo.
O gol do Botafogo surgiu num dos poucos lances vistosos do clássico. Após cobrança de escanteio de Edílson, a bola sobrou na entrada da área e Daniel completou de trivela. Aranha nem se mexeu e não havia mesmo como evitar o gol.
A derrota expõe mais uma vez a dificuldade do Santos de se firmar no Brasileiro, principalmente em jogos fora de casa. Até agora, só obteve duas vitórias na competição atuando como visitante. O time vinha embalado de Porto Alegre, onde derrotou o Grêmio por 2 a 0, na quinta-feira e deixou bem próxima a classificação para as quartas de final da Copa do Brasil. Por isso, a torcida santista esperava um desempenho melhor no Maracanã.
FICHA TÉCNICA:
BOTAFOGO 1 X 0 SANTOS
GOL – Daniel, aos 18 minutos do segundo tempo.
ÁRBITRO – Rodrigo D’Alonso Ferreira (SC).
CARTÃO AMARELO – Edílson, Edu Dracena, Emerson e Cicinho.
RENDA – R$ 231.585,00.
PÚBLICO – 12.221 pagantes.
LOCAL – Estádio do Maracanã, no Rio (RJ).
BOTAFOGO – Jefferson; Edílson, Bolívar, André Bahia e Júnior César; Gabriel, Bolatti, Ramírez (Rodrigo Souto) e Daniel (Wallyson); Emerson e Bruno Correa (Rogério). Técnico: Vagner Mancini.
SANTOS – Aranha; Cicinho, Edu Dracena, David Braz e Mena (Zé Carlos); Arouca, Alison (Souza), Lucas Lima e Thiago Ribeiro (Leandro Damião); Rildo e Robinho. Técnico: Oswaldo de Oliveira.