Foi apenas o primeiro, e único, teste. E foi um teste proveitoso. O desempenho da seleção olímpica no amistoso contra o Japão cria boa expectativa para a Olimpíada. O time soube se impor e, mesmo considerando-se a timidez e a fragilidade do adversário, é fato que conseguiu praticar aquilo que foi treinado. A vitória por 2 a 0 neste sábado, no estádio Serra Dourada, em Goiânia, pode vir a ser o primeiro firme passo de uma campanha cujo objetivo final é o inédito ouro olímpico.
A seleção brasileira estreia na Olimpíada na próxima quinta-feira, enfrentando a África do Sul no estádio Mané Garrincha, em Brasília, com a confiança elevada e a certeza de que a assimilação aos conceitos propostos pelo técnico Rogério Micale está sendo muito boa.
No jogo assistido in loco pelo técnico da seleção principal, Tite, e até por um personagem que anda bem distante das apresentações da equipe brasileira, o presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, viu-se muito do que foi preparado na Granja Comary.
O time teve posse de bola, boa e constante movimentação – Neymar começou mais pelo lado esquerdo do ataque, posicionamento semelhante ao do Barcelona -, marcou pressão da saída de bola dos japoneses. Por diversas vezes, o trio ofensivo, formado por Neymar, Gabriel Barbosa e Gabriel Jesus, em algumas ocasiões “assessorados” por Rafinha e Felipe Anderson, buscou tabelas. Com sucesso. Os laterais avançaram bastante. E os jogadores de meio de campo atuaram quase sempre como meias – até Thiago Maia.
É fato que não foi possível testar em profundidade o esquema defensivo, uma vez que o Japão jogou muito atrás. Mas a zaga fez o que foi treinado, posicionando-se quase na linha do meio de campo. Uma única vez no primeiro tempo os japoneses conseguiram chegar com perigo, por trás da zaga brasileira – o goleiro Uilson, que substituiu o poupado Fernando Prass, antecipou-se e fez defesa.
O defensivismo japonês, no entanto, proporcionou aos brasileiros além das tabelas para furar o bloqueio, outra alternativa bem ao gosto de um time que tem jogadores habilidosos: as jogadas individuais.
E foi numa dessas arrancadas que saiu o primeiro gol. Gabriel Barbosa recebeu de Rafinha, entrou driblando e marcou. O segundo sairia após um escanteio cobrado por Neymar, que Marquinhos completou de cabeça.
Esse foi o resumo do primeiro tempo e da parte mais importante do amistoso, uma vez que na etapa final os dois treinadores fizeram várias substituições. Mas a etapa final também foi proveitosa para Micale. Ele pode ver que Renato Augusto, que colocou em campo na volta do intervalo, pode jogar tanto um pouco mais avançado como de volante, organizando a saída de bola.
Pôde ver também, nos 17 minutos em que jogou no esquema 4-2-4 (Luan entrou no lugar de Rafinha), que assim o time fica muito exposto. Logo corrigiu, colocando o volante Walace no lugar de Gabriel Barbosa.
Como sempre acontece nesses amistosos, o ritmo caiu demais no segundo tempo. Neymar começou a apelar demais para os lances individuais; Gabriel Jesus pareceu ter cansado. Mas as arrancadas continuaram acontecendo – e o juiz Wilson Riveiros deixou de marcar algumas faltas claras – e a seleção teve o mérito de continuar no ataque. Precisa, porém, aprimorar a marcação. Mas o início se mostrou bastante promissor
para a garotada de Micale.
FICHA TÉCNICA
BRASIL 2 X 0 JAPÃO
BRASIL – Uilson; Zeca (William), Marquinhos, Rodrigo Caio (Luan Garcia) e Douglas Santos; Thiago Maia(Rodrigo Dourado), Rafinha (Renato Augusto) e Felipe Anderson (Renato Augusto); Gabriel Barbosa (Luan), Gabriel Jesus e Neymar. Técnico: Rogério Micale.
JAPÃO – Nakamura (Kushibiki); Muroya, Shiotani (Ywanami), Ueda (Tomyiasu) e Fujiharu (Kamekawa); Endo (Ogawa), Oshima (Harakawa), Yajima (Asano), Nakajima e Minamino; Koroki. Técnico: Makoto Teguramuri.
GOLS – Gabriel Barbosa, aos 33, e Marquinhos, aos 40 minutos do primeiro tempo.
ÁRBITRO – Wilson Riveiros (COL).
CARTÃO AMARELO – Oshima.
PÚBLICO – 32.517 pagantes.
RENDA – 1.508.070,00.
LOCAL – estádio Serra Dourada, em Goiânia (GO).