VÔLEI

CBV e ex-dirigentes da entidade são alvos de operação da Polícia Civil e MP-R

Batizada de "Operação Desmico", a ação apura crimes de lavagem de dinheiro e organização criminosa

Presidente da Federação Internacional de Vôlei, Ary Graça ( Foto: FIVB)

A Polícia Civil do Rio de Janeiro e o Ministério Público do Estado (MP-RJ) realizam uma operação conjunta nesta quinta-feira nas sedes da Confederação Brasileira de Vôlei (CBV), em Saquarema (RJ) e na capital fluminense, e em endereços ligados ao ex-presidente da entidade Ary Graça, que atualmente comanda a Federação Internacional de Vôlei (FIVB, na sigla em inglês). Além dele, outras nove pessoas são investigadas e tiveram mandados de busca e apreensão autorizados pela Justiça, incluindo o ex-prefeito de Saquarema Antonio Peres Alves e ex-funcionários da CBV.

Batizada de “Operação Desmico”, a ação apura crimes de lavagem de dinheiro e organização criminosa. Desde as primeiras horas do dia, os agentes da Polícia Civil tentam cumprir 20 mandados de busca e apreensão nos bairros do Leblon, Barra da Tijuca, Copacabana, Ilha do Governador e Vargem Grande, na capital fluminense, além do município de Saquarema.

Segundo denúncia do MP-RJ, durante o mandato do ex-prefeito Antonio Peres Alves (2000-2008) foram editadas três leis complementares em Saquarema que concediam benefícios fiscais abaixo do piso constitucional, o que fez com que várias empresas fantasmas fossem criadas na cidade. A manobra promoveu um aumento exponencial e irregular da arrecadação em Saquarema, ao mesmo tempo em que provocou uma grande evasão fiscal em outras cidades, já que empresas de outros municípios passaram a declarar – falsamente – sede em Saquarema.

De acordo com o delegado Thales Nogueira, titular da Delegacia de Combate à Corrupção e Lavagem de Dinheiro (DCC-LD), descobriu-se que em dois pequenos escritórios em Saquarema funcionavam de forma fictícia mais de mil empresas que recebiam benefícios fiscais concedidos pelo então prefeito. Os valores obtidos com as centenas de contratos de sublocação eram repartidos entre os integrantes da organização criminosa. O rombo seria de pelo menos R$ 52 milhões.

Contra Ary Graça, a denúncia do MP-RJ afirma que o ex-presidente da CBV manejava recursos de patrocínio do Banco do Brasil à entidade em favor de si próprio e do grupo criminoso, celebrando contratos com empresas recém-criadas. Desta forma, apesar de possuir sede na capital, a CBV celebrou contratos que não foram devidamente executados com empresas estabelecidas em Saquarema.

A reportagem do Estadão entrou em contato com os citados na “Operação Desmico” e aguarda um posicionamento oficial deles.

Em Nota Oficial divulgada em seu site, a Confederação Brasileira de Vôlei se posicionou sobre a investigação. Leia a íntegra:

“A Confederação Brasileira de Voleibol (CBV) confirma que recebeu nesta quinta-feira (20.05) pela manhã a Polícia Civil em suas sedes na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro (RJ), e em Saquarema (RJ), por conta de uma investigação iniciada pelo Ministério Público do Rio de Janeiro em 2013 sobre ex-dirigentes da entidade.

Funcionários da confederação prestaram todo o auxílio às autoridades policiais que buscavam documentos relativos a um suposto esquema de fraude tributária que teria contado com o auxílio do ex-presidente da CBV, Ary Graça Filho.

De acordo com as investigações, a CBV teria sido vítima dos seus então dirigentes, que teriam criado contratos fictícios para desviar dinheiro da instituição.

A atual gestão da confederação cooperará integralmente com a investigação e, se forem comprovados prejuízos financeiros à CBV, tomará todas as medidas necessárias para que estes valores sejam integralmente ressarcidos à comunidade do voleibol.”