Com R$ 580 milhões de dívida, São Paulo busca recursos para manter Daniel Alves
O déficit com o ex-lateral da seleção é de cerca de R$ 10 milhões
Desde o início do ano, Casares e sua diretoria têm montado planos de redução de despesas para conseguir pagar as dívidas. O presidente, inclusive, organizou um comitê financeiro de trabalho para atuar na renegociação com credores e estuda alternativas para incrementar receitas de patrocínio e do sócio-torcedor.
A situação de Daniel Alves, no entanto, é delicada. Em entrevista ao GE.com, o diretor de futebol Carlos Belmonte admitiu a dificuldade com o jogador, mas garantiu ser possível achar uma solução. “Tivemos uma conversa com o Daniel. Ele tem o desejo de continuar no São Paulo e a gente deseja que ele continue também. É tentar ajustar da melhor forma possível esses pagamentos. Se não for possível, a gente conversa em um outro formato”, comentou o dirigente, que fez questão de exaltar a postura do atleta.
Deu a entender que Daniel não faz qualquer cobrança da dívida. “O que ele recebeu até agora do São Paulo é menos do que um jogador mediano. Isso precisa ficar claro, senão daqui a pouco sai aqui e ali que o Daniel é mercenário. Muito pelo contrário. Falo isso para destacar a sua entrega. É o primeiro a chegar e o último a sair dos treinos. Está sempre se dedicando”, afirmou Belmonte.
Daniel Alves chegou ao clube em agosto de 2019 para recolocar o São Paulo no caminho dos títulos. Contratado para atuar no meio-campo, ele foi apresentado e foi saudado por cerca de 45 mil pessoas ao pisar no gramado do Morumbi pela primeira vez. Num palco montado no centro do campo, Raí, Lugano, Hernanes, Kaká, Luís Fabiano e o então presidente Carlos Augusto de Barros e Silva marcaram presença para prestigiar o reforço.
Apesar de toda pompa, o resultado acabou não sendo o esperado. Embora tenha vivido bons momentos no clube, Daniel Alves não conseguiu levar o São Paulo a nenhuma conquista e chegou a ser questionado quando o time caiu abruptamente de rendimento no Campeonato Brasileiro do ano passado. O técnico argentino Hernán Crespo, contratado após a demissão de Fernando Diniz, anunciou logo na sua chegada que contava com a experiência do atleta de 37 anos para ser o líder da equipe dentro de campo.
Pressionado pela necessidade de acabar com o jejum de títulos (a última conquista foi a Copa Sul-Americana de 2012), Casares tem reforçado o futebol. A principal e primeira novidade foi o retorno do ex-técnico Muricy Ramalho, empossado como coordenador de futebol para atuar na ligação entre a comissão técnica e o elenco com a diretoria.
Ao mesmo tempo, o clube tem buscado jogadores para deixar o time mais competitivo. Foram contratados os atacantes Éder e Bruno Rodrigues, os meias William e Benítez, o zagueiro Miranda e o lateral Orejuela. Todos acertos pontuais. Em contrapartida, o clube deve economizar mais de R$ 26 milhões com as dispensas de nomes como Gonzalo Carneiro, Hudson, Juanfran, Toró e Weverson, Junior Tavares e Tréllez. A reformulação será permanente.
Até antes de o Paulistão parar, o time vinha fazendo boas apresentações. Ocupa a liderança do Grupo B, com sete pontos, o mesmo da Ferroviária, após quatro jogos. As premiações dadas aos campeões dos torneios podem ajudar nessa caminhada. Ganhar o Estadual daria R$ 5 milhões ao clube, que poderia repassar o dinheiro a Daniel Alves, por exemplo, e reduzir em 50% sua dívida com o jogador. O marketing do clube trabalha para encontrar novas formas de fazer dinheiro. Os adiantamentos de cotas de TV e participação nas disputas sempre são alternativas
A Conmebol vai oferecer US$ 95 milhões (R$ 546 milhões) aos clubes mais necessitados das suas competições. Este valor será dividido como forma de pagamento antecipado das cotas. O São Paulo, que está na Libertadores, pode se valer dele. Há ainda o caminho da venda de jogadores. A possibilidade não está descartada, até porque o São Paulo aposta alto nas bases, não para esta temporada, mas para gerações futuras. O processo pode ser antecipado também.