Como furto de cordão se tornou ouro inédito nas Paralimpíadas de Paris
Ana Carolina Moura subiu ao topo do pódio e conquistou o primeiro título do taekwondo feminino brasileiro nas Paralimpíadas, na categoria até 65kg
Há algumas teorias na ciência que indicam que uma ação em um ponto gera uma onda de consequências muitas vezes longe da origem no tempo e espaço. Talvez, uma das medalhas brasileiras nos Jogos Paralímpicos de Paris possa se utilizar delas. Um furto que “se transformou” em um ouro inédito.
Ana Carolina Moura subiu ao topo do pódio e conquistou o primeiro título do taekwondo feminino brasileiro nas Paralimpíadas, na categoria até 65kg. Ela começou na modalidade após pesquisar por meios para autodefesa, depois de ver um item com grande valor sentimental ser furtado.
Procurei uma arte marcial para saber me defender. Levaram um item muito valioso pra mim, que era um colar que minha tia tinha me dado quando eu nasci. Minha mãe já tinha me alertado: ‘Não fica andando no centro de Belo Horizonte com esse colar’, ‘É de ouro, não vai’. Quando furtaram, me senti muito frustrada Ana Carolina
“Comecei a fazer o taekwondo com o mestre Pulga e deu tudo certo. Perceberam que eu tinha uma aptidão para competição e começaram a me encaminhar”, completou.
A atleta tem má-formação congênita do antebraço direito. Por recomendação médica, começou as atividades físicas ainda bem nova. A primeira modalidade foi a natação, passando por balé, ginástica rítmica e futebol.
Os primeiros passos no taekwondo não foram fáceis. Com apenas alguns meses de prática, rompeu o ligamento do tornozelo e teve de parar por um ano. O retorno aconteceu após quase um ano “de molho”, e, a partir dali, ela viu que seria uma relação duradoura.
Ana Carolina tem 28 anos e fez a estreia em Jogos Paralímpicos em Paris. “Eu vim algumas vezes à França, mas nunca tinha vindo ao Grand Palais, e quando viemos visitar o local de competição, foi surreal. Eu já me senti extremamente emocionada, mas sempre com muita alegria. É claro que tem um nervosismo, na primeira luta nem se fala, mas depois que começou, fomos embora.”
Na final, a brasileira enfrentou a francesa Djelika Diallo e venceu por 13 a 7.