Como Gabriel Menino, do Palmeiras, foi parar na lateral da seleção de Tite
Tite surpreendeu. Para preencher a lacuna na lateral-direita da seleção brasileira, posição na qual Daniel…
Tite surpreendeu. Para preencher a lacuna na lateral-direita da seleção brasileira, posição na qual Daniel Alves, Danilo, Fagner, e Emerson se alternaram nos últimos anos, a opção foi um meio-campista de 19 anos, do Palmeiras: Gabriel Menino. Ao menos na lista, ele será o reserva imediato de Danilo nos jogos contra Bolívia e Peru, os primeiros do Brasil nas Eliminatórias da Copa do Mundo. Mas como esse rapaz foi parar na seleção?
A improvisação, de imediato, causa estranheza. Tite chegou à seleção em 2016 dizendo que queria replicar na amarelinha o melhor e as funções de seus convocados nos respectivos clubes. Houve flexibilização ao longo do tempo, até porque a própria seleção mudou de esquema. Mas Gabriel Menino na lateral é um dos casos mais extremos.
O jovem é um dos talentos vindos da base do Palmeiras que estão se destacando na temporada. Ao lado de Patrick de Paula, ele tem sido pilar importante do meio-campo e até fez um golaço no jogo contra o Bolívar, na Libertadores, quarta-feira. Em março, ele renovou contrato com o Palmeiras até 2024.
Só que, no time profissional, a experiência dele como lateral-direito é muito restrita. Foram três jogos, ainda antes da pandemia, no momento em que Vanderlei Luxemburgo se viu sem Mayke e Marcos Rocha. Menino deu conta do recado em duas partidas pelo Paulistão, contra Guarani e Santos, e uma pela Libertadores, contra o Tigre. Na base, ele já tinha feito essa função pelo lado direito e não fez objeção quando Luxemburgo o consultou para isso.
— O meio-campo é a posição dele. Mas ele tem força, velocidade, ótima técnica e se adaptou muito bem — explicou ao Globo Maurício Copertino, auxiliar técnico do Palmeiras.
Mais um da geração 2000 a chegar à seleção (a mesma de Vinicius Júnior), Gabriel Menino acumula histórico na base do Brasil, a partir da categoria sub-20, então treinada por Carlos Amadeu. Ele fez parte da preparação e da campanha do Sul-Americano de 2019 — o Brasil ficou em quinto, fora do Mundial e do Pan-Americano. Em uma das viagens a cuidados da CBF, em 2018, Gabriel comeu uma carne contaminada e testou positivo no exame antidoping. No julgamento, foi absolvido.
Consolidando-se no time profissional em 2020, a presença de um lateral “fora da caixinha” como Gabriel Menino contrasta com os problemas físicos de Daniel Alves — que estava na convocação de março, já não atua mais de lateral no São Paulo e ainda machucou o braço. Pela lista, Tite já não conta mais com a experiência de Fagner e não confia tanto na juventude de Emerson, do Betis. Ao mesmo tempo, não vê outros jovens, como Guga — chamado constantemente para a seleção olímpica — como opção para a principal.
Usar um meio-campo como lateral fica menos estranho a partir do momento em que Tite gosta de usar laterais construtores.
Tite conversou nas últimas semanas com o Palmeiras. Buscou informações sobre Gabriel Menino e mais um jogador, que acabou não convocado. César Sampaio, auxiliar da seleção, esteve in loco para observar o clássico entre Palmeiras e Santos, pelo Brasileirão, no qual Menino foi titular.
O encantamento culminou com a convocação desta sexta-feira. Quando Tite chamou outro jovem palmeirense, em 2016 — o atacante Gabriel Jesus —, o técnico logo o colocou como titular do Brasil. Foram dois gols na estreia e a aposta deu resultado. Resta saber o nível de utilidade que Tite enxerga no Gabriel Menino.