Dome sacrifica mantra de Jesus no Flamengo e gera desconforto no elenco
Além de tentar dar cada vez mais a sua cara ao time do Flamengo, o…
Além de tentar dar cada vez mais a sua cara ao time do Flamengo, o técnico Domènec Torrent começa a enterrar o passado recente com Jorge Jesus. E também a modificar a forma de trabalhar com o elenco, destituindo filosofias até então enraizadas. Por consequência, os primeiros desgastes se apresentaram e o ambiente pesou.
“Tem muita gente me perguntando se tenho alguma lesão, estou 100 % graças a Deus”, postou Arrascaeta no Twitter, nesta segunda, dando sinais claros de insatisfação. A indireta aparente ao treinador na verdade foi um ruído. Dome falou após o empate com o Botafogo que não escalaria pelo nome, mas levaria em conta a forma dos atletas. Não apenas física, mas técnica e tática.
Ao notar Pedro Rocha treinando bem, Dome decidiu rodar o time e dar chance ao ponta na vaga do uruguaio. Que não tinha problema físico, mas oscilava na função tática. Não dava a intensidade necessária ao time, que também não tinha pontas agressivos. Se Jorge Jesus mantinha o esquema 442 para não abrir mão de Arrascaeta e Éverton Ribeiro, os meias não são intocáveis com o novo treinador, ainda na busca por implementar seu jogo posicional.
Para isso, Dome alterou seis posições em campo na última partida. Com a oportunidade a Pedro Rocha, Bruno Henrique foi centralizado, e Gabigol aberto pela esquerda. O 433 tinha um meio-campo com Ribeiro e Diego por dentro. E a nova formação do Flamengo se encaixou bem no início, até a falta de intensidade dar campo ao Botafogo.
Internamente, o elenco rubro-negro como um todo tenta se manter motivado para a transição de trabalho, mas reconhecem a dificuldade de tudo engrenar. Ainda acostumados aos movimentos da equipe com Jorge Jesus. Quem está mais desapegado disso, notadamente os atletas considerados reservas, acabam ganhando terreno nos treinos. Além de Pedro Rocha, o centroavante Pedro e o volante Thiago Maia são muito bem avaliados por Dome.
A tendência é que o rodízio com pano de fundo físico em função da maratona do Brasileiro tenha também essa motivação. Não escalar pelo nome ou pela participação nos últimos títulos, mas nos últimos treinos. E Dome sabe que não pode chegar com o pé na porta e trocar vários atletas de uma vez. Mesmo que tenha respaldo da diretoria, demonstrada novamente nas palavras do vice de futebol Marcos Braz na apresentação do lateral Isla.
Há clara sensação interna no clube que jogadores em baixa ainda não abriram espaço para outras peças para que não haja uma mudança brusca, que gere ainda mais desconforto. E há, ainda, aposta que o conjunto adquirido desde o ano passado seja um fator favorável para a transição de ideias. Desta forma, a diretoria entende que se Dome precisar modificar o time para promover a transição e levar o Flamengo a jogar bem novamente, terá tempo para tal.
O fato de o time estar apresentando lesões pode até facilitar, de certa forma. O problema muscular de Gabigol e Rodrigo Caio vai abrir brecha para Pedro e também Thuler, jovem zagueiro que também se destaca nos treinamentos recentes. Mesmo em má fase, Gabigol ainda foi deslocado para a ponta direita, posição que Vitinho pode reaparecer depois de algumas chances não tão bem aproveitadas. Jorge Jesus usava os meias por fora, para afunilarem na movimentação com os atacantes. Agora, os pontas ganham notoriedade no modelo proposto por Dome.
No jogo de posição, as posições estão em jogo.