DECISÃO

Dudu jura amor ao Palmeiras e usa mantra de Abel para final da Libertadores

Palmeiras e Flamengo se enfrentam neste sábado (27), às 17 horas, em Montevidéu

Dudu durante atividade no Palmeiras. Foto: Cesar Greco - Palmeiras

O Palmeiras se interessou pela contratação de determinados atacantes no primeiro semestre deste ano. Alguns deles eram caros, milionários. Dois exemplos foram Hulk e Diego Costa, que assinaram com o Atlético-MG.

Mas nas discussões internas da diretoria sobre esses possíveis reforços, havia uma preocupação: era preciso lembrar que Dudu estava prestes a voltar.

O integrante do elenco mais identificado com o clube passou um ano no Qatar, emprestado ao Al Duhail. Negociação que apenas aconteceu por causa dos problemas familiares do atacante, que confessa: não via a hora de retornar. Pela TV, ele viu o Palmeiras, o time do qual deveria fazer parte, conquistar a Libertadores da temporada passada, contra o Santos.

“Eu fiquei feliz. Senti que era parte daquilo, mesmo longe. Todo mundo sabe que eu saí apenas por causa de questões pessoais”, afirma ele, que atravessava crise conjugal na época.

Mesmo com a satisfação, nasceu a vontade de repetir a dose, desta vez com ele em campo. A oportunidade está no dia 27, quando o Palmeiras volta a decidir o título continental. A final diante do Flamengo será em Montevidéu, no estádio Centenário.

Na conversa com a reportagem, Dudu reforça o tempo inteiro a importância que o clube, ao qual chegou em 2015, tem na sua vida. Conta do funcionário da Academia de Futebol que disse ter confiança nele, por ser um jogador identificado com a camisa. Amor e apego à instituição são assuntos difíceis no multimilionário futebol atual.

Mas o atacante palmeirense jura ser verdade, no seu caso.

“Claro que todo mundo precisa do seu salário. Mas eu não estou no Palmeiras pelo dinheiro, posso garantir. Eu sinto a derrota como o torcedor sente. É também pelo prazer, pela vontade. Eu fico muito feliz com a identificação que criei com o time. Isso, quando eu parar de jogar, é algo que não vai ter preço”, diz.

Descontado o tempo em que passou no futebol árabe, não é comum hoje em dia um jogador ficar tanto tempo em um grande clube do futebol brasileiro. Foi uma das contratações que fez a fama do gerente de futebol Alexandre Mattos com o torcedor palmeirense porque, em teoria, ele conseguiu “dar um chapéu” no Corinthians na contratação de Dudu.

“Não imaginava [em 2015] que ficaria muito tempo. Não pensei que seria assim. Tem sempre uma disputa muito forte por posições em clube grande e os principais jogadores querem atuar pelo Palmeiras”, completa.

No Palestra Itália, conquistou a Copa do Brasil de 2015, os Brasileiros de 2016 e 2018 e o Paulista de 2020. Mas quando chegou a vez da Libertadores, ele estava longe.

Quando a equipe conquistou a vaga para a decisão deste ano, ao eliminar o Atlético-MG no Mineirão com um gol dele, Dudu chorou.

“Foi pela emoção de estar na final, por ter a chance de disputar uma final de Libertadores. É ver que a nossa estratégia de jogos decisivos, de não levar gol em casa, deu certo. A gente entrou em campo no Mineirão sabendo que atuava por um gol e com a certeza de que faria um gol”, diz.

Ele descarta que a afirmação é uma resposta às críticas recebidas pelo time e por Abel Ferreira pelo estilo do futebol e a tática empregados nas duas semifinais. O Palmeiras atuou na defesa em casa e empatou em 0 a 0. Também contou com a sorte porque o Atlético-MG perdeu um pênalti. Em Belo Horizonte, o toque de Dudu para a rede representou a igualdade em 1 a 1 que classificou os paulistas pelo gol fora de casa.

“A gente tem um estilo de jogo e não vai mudar pelo que as pessoas falam. Vamos fazer o que o nosso treinador determina. Claro que todo mundo quer ver futebol bonito e alegre. Nosso time faz isso também”, garante. “Você chega na final da Libertadores não só jogando para frente. É com estratégia.”

Embora considere que Palmeiras e Flamengo possuem jogadores de alto nível e farão um confronto de qualidade, Dudu deixa subentendido não considerar grande a possibilidade de ser uma decisão aberta, com chances de gol o tempo todo. É uma final em jogo único, em que um erro pode decidir o título.

Foi assim que o time alviverde conquistou a edição de 2020, no último minuto dos acréscimos do segundo tempo, diante do Santos, quando Pará falhou na marcação de Breno Lopes.

“Nunca vivenciei isso de jogo único. A gente sabe que é complicado. Não pode errar, deve estar bem concentrado. Você sabe que se tiver um vacilo, se errar, não há chance de recuperação. O nosso momento será aquele. Não tem outro”, analisa.

Por isso ele diz confiar nos planos de Abel Ferreira. Treinador que, segundo Dudu, tem feito muito pelo time, mas também recebe muita ajuda do clube. Para o atacante, as equipes da Europa pelas quais o técnico português passou (Braga, em Portugal, e PAOK, na Grécia) “não representam 10%” da grandeza do Palmeiras.

“É final que pode ter prorrogação, então são 120 minutos em que a gente não pode bobear. Vai ser um jogo grande. Para atuar em partida assim, é preciso ser muito inteligente. É para ter o coração quente, mas a mente fria”, afirma Dudu, com a frase que virou uma espécie de mantra de Abel Ferreira.