Bastidores

Estádio do Flamengo vira peça-chave em ano eleitoral no clube e no Rio

A candidatura de Cacau à Câmara pegou Braz de surpresa, e o diretor chegou a ser afastado do dia a dia do futebol

ALEXANDRE ARAUJO E LUIZA SÁ
RIO DE JANEIRO, RJ (UOL/FOLHAPRESS) – Não apenas a liderança no Brasileiro anima a torcida do Flamengo, mas também o sonho do estádio próprio cada vez mais perto. O assunto vem agitando os bastidores. Em ano eleitoral no clube e no município do Rio de Janeiro, a futura casa rubro-negra virou pauta e todos querem tirar uma casquinha.

Dirigentes do Flamengo e candidatos a vereador posaram ao lado do prefeito Eduardo Paes. O vice-presidente de futebol e vereador Marcos Braz (PL) e o diretor de relações externas Cacau Cotta (MDB) publicaram vídeo nas redes sociais após o anúncio da desapropriação.

Os dois provocaram um racha na diretoria devido à “rivalidade” nas urnas. A candidatura de Cacau à Câmara pegou Braz de surpresa, e o diretor chegou a ser afastado do dia a dia do futebol, pasta encabeçada por Braz. Os dois participam de diferentes maneiras do processo.

O projeto está centralizado no presidente Rodolfo Landim. Fotos, informações e reuniões dificilmente são divulgadas sem que o mandatário esteja ciente. Ele, inclusive, virá como candidato à presidência do Conselho Deliberativo e, por isso, aproveita a fase. Cacau Cotta esteve em reuniões com Eduardo Paes, enquanto Marcos Braz vai liderar uma comissão da Câmara para cuidar do assunto do estádio.

Eduardo Bandeira de Mello, ex-presidente do Fla e deputado federal (PSB) também tratou o assunto. Ele publicou uma foto ao lado de Eduardo Paes nas redes. Bandeira foi um dos nomes cogitados para representar a oposição, que ainda não definiu candidato, no pleito rubro-negro do final do ano.

Candidato da situação, Rodrigo Dunshee aproveitou o estádio para publicação em que rechaça a SAF. A possibilidade de o Fla vender parte do controle do clube é outro tema que permeia a eleição presidencial do clube e está diretamernte ligado à viabilização da arena. “A estruturação deste projeto vai viabilizar o estádio sem SAF”, disse. Apesar de Landim ser a favor, a maioria do clube é contra essa ideia. Com o apoio do presidente, Dunshee sabe que a concretização da empreitada lhe renderá votos valiosos na Gávea.

Eduardo Paes, que concorre a reeleição, se coloca com protagonismo. Ao lado de o deputado federal Pedro Paulo, o prefeito “abraçou” o assunto e até desapropriou o terreno do Gasômetro nesta semana, dando novos passos ao projeto do estádio. O prefeito, vale lembrar, também agilizou o projeto de reforma de São Januário. Ele tem tratado o assunto nas redes sociais a todo o momento com humor e informações.

Marcos Braz, no entanto, apoia opositor de Paes na eleição para prefeito. Integrante do PL, o dirigente já demonstrou apoio a Alexandre Ramagem, do mesmo partido, e já até levou o candidtato às dependencias do CT Ninho do Urubu, atitude que gerou desconforto internamente.

Todas as partes querem agilizar o assunto até outubro. Esse será o mês da eleição municipal e, em dezembro, acontece o pleito no Flamengo.

COMO ESTÁ O PROJETO

A Prefeitura do Rio de Janeiro publicou em Diário Oficial a desapropriação do terreno do Gasômetro. O Flamengo já tem um projeto bem adiantado e mostrou uma série de outras atividades que podem ser desenvolvidas na área.

O imóvel irá a leilão. Há uma expectativa de que isso aconteça entre 20 e 30 dias. Teoricamente, qualquer um poderia comprar, mas haverá indicações de uso específico no edital, como a obrigação de construção de um estádio, o que tornará desinteressante para terceiros.

O clube se vê pronto financeiramente para esse processo. O Flamengo conta com dinheiro em caixa e ainda com valores a receber da futura venda de apartamentos em um prédio no bairro do Flamengo. Essa operação vai render mais de R$ 100 milhões.

O projeto é considerado “grandioso e excelente para a cidade”. As ideias incluem uma praça na frente do estádio com um estilo de fan fest. Há planos de colocar telões para acompanhar jogos com demanda grande, bares e centro de convenções.

A intenção é construir uma arena para entre 75 mil e 80 mil pessoas. O naming rights é visto como fundamental. Landim pediu que os torcedores não especulem nomes porque o clube considera importante fazer dinheiro com essa venda.

Ainda há alguns passos pela frente. Além da compra do terreno, o clube precisará apresentar um projeto definitivo e um modelo de financiamento para a construção. A compra ainda terá de ser aprovada pelo Conselho Deliberativo após uma vitória no leilão. O preço do terreno é estimado em R$ 150 milhões pela Prefeitura.