AGRESSÃO

Ex-mulher diz que foi agredida por Caio Paulista; jogador do Palmeiras nega

Clara e Caio Paulista moraram juntos por cerca de três anos e se separaram neste ano

Caio Paulista em partida pelo Palmeiras. Foto: Cesar Greco - Palmeiras

LIVIA CAMILLO
SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – Clara Monteiro, 21, ex-mulher de Caio Paulista, do Palmeiras, afirma ter sofrido agressões durante o relacionamento. Ao UOL, o advogado de Clara diz que move uma ação judicial contra o jogador por violência.

O atleta negou ter agredido a ex-companheira e disse que há um processo por pensão alimentícia que corre em segredo de Justiça.

O QUE ACONTECEU

Em fotos e vídeos postados nas redes sociais, Clara mostra hematomas pelo corpo, além de um olho roxo, marcas das supostas agressões de Caio Paulista. O episódio mais recente teria acontecido em outubro de 2023, segundo o relato.

Na publicação, a tatuadora não cita diretamente o nome do jogador, mas se diz “cansada de se calar diante das violências que sofreu”. Clara e Caio Paulista moraram juntos durante mais de três anos, mas se separaram em maio deste ano. Eles tiveram união estável de abril de 2022 a maio de 2024.

Em contato com a reportagem, Clara atribuiu as marcas das agressões a Caio. Segundo a jovem, que é mãe da filha caçula do atleta, as violências aconteceram em dois momentos da relação.

Clara não registrou boletim de ocorrência contra o ex-companheiro, mas diz que move uma ação judicial com supostas provas sobre a agressão.

“Existe uma ação judicial na esfera civil em andamento em face do Caio Paulista, a fim de reparar o dano sofrido por sua ex-mulher Clara Monteiro, por algumas agressões feitas por ele [Caio Paulista] no decorrer da relação. Tais agressões possuem diversas provas, as quais seguem em apreciação pelo Poder Judiciário. Ressalto que, na época dos fatos, a vítima Clara Monteiro não fez boletim de ocorrência por conta do controle que o Caio Paulista exercia sobre ela. Sem contar o medo que ela tinha, pois sempre se mostrou uma pessoa muito controladora e agressiva”, afirma Marcos Paulo Arias, advogado de Clara Monteiro;

Por meio de sua assessoria, Caio Paulista nega que tenha agredido a ex. Ele foi titular na partida contra o Criciúma, pela 26ª rodada do Brasileiro.

“Em relação à carta aberta postada ontem pela minha ex-namorada e mãe da minha terceira filha, venho a público me posicionar. Tivemos um relacionamento de alguns meses e, passado quase um ano do fim, estamos discutindo na Vara Familiar de São Paulo temas financeiros relacionados à pensão alimentícia e outras demandas. Até o momento, não houve acordo e corre em segredo de justiça. Não existe nenhuma outra demanda em Vara Criminal relacionada a supostas agressões. Venho afirmar que nunca a agredi, bem como não agredi nenhuma outra mulher, e, acima de tudo, a respeito como mãe da minha filha”, afirma Caio Paulista, em nota oficial.

O Palmeiras afirma que questionou Caio Paulista sobre a suposta agressão à ex. O clube divulgou um comunicado e diz que seguirá acompanhando a investigação sobre o caso.

A Sociedade Esportiva Palmeiras esclarece que, tão logo tomou conhecimento sobre a carta aberta publicada pela mãe de um dos filhos do atleta Caio Paulista em uma rede social, o jogador foi convocado pela diretoria para uma reunião, ocorrida na noite de sábado. Questionado a respeito do relato e das imagens divulgados, Caio Paulista negou ter cometido qualquer agressão e disse não haver processo ou investigação contra ele na esfera criminal. É de conhecimento público que o Palmeiras não tolera qualquer forma de violência e tem no respeito pela mulher um de seus valores fundamentais.

Todos os colaboradores do clube devem seguir as normas de conduta estabelecidas internamente, que preveem diferentes medidas punitivas, a depender da gravidade do fato e da comprovação penal. O Palmeiras seguirá acompanhando o caso com a devida atenção”, afirma comunicado oficial do Palmeiras.

LEIA O RELATO DE CLARA MONTEIRO NA ÍNTEGRA

Pensei em inúmeras vezes se iria realmente expor minha vida aqui, mas eu simplesmente não tive outra opção. Eu estou exausta. Já ultrapassei os meus limites. Eu cansei. Cansei de me calar, cansei de me esconder e de me sabotar por diversas vezes devido a esta situação. neste domingo (15) venho através dessa carta aberta para o meu eu, sobre algo que me assombra dia e noite, e sei que vou levar comigo ao decorrer dessa vida, essa cicatriz e esse trauma misturado com esse sentimento de angústia no meu interior. Mas sobre isso tudo, eu preciso me manter forte nessa situação todas as manhãs e sei que sou uma mulher forte pra caramba e consegui me manter firme e de pé sozinha até aqui, mas não estou aqui depois de tanto tempo pra deixar passar em branco, e sei que diversas mulheres passam por isso todos os dias, quero que todas as mulheres leiam e tenham certeza que por mais difícil seja, você consegue sim sair de uma uma agressão psicológica, agressão física e verbal. eu desejo forças a todas as mulheres que passam por isso e sair disso tudo é muito difícil, mas não é impossível.

EM CASO DE VIOLÊNCIA, DENUNCIE

Ao presenciar um episódio de agressão contra mulheres, ligue para 190 e denuncie.

Casos de violência doméstica são, na maior parte das vezes, cometidos por parceiros ou ex-companheiros das mulheres, mas a Lei Maria da Penha também pode ser aplicada em agressões cometidas por familiares.

Também é possível realizar denúncias pelo número 180 -Central de Atendimento à Mulher- e do Disque 100, que apura violações aos direitos humanos.

Há ainda o aplicativo Direitos Humanos Brasil e através da página da Ouvidoria Nacional de Diretos Humanos (ONDH) do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH). Vítimas de violência doméstica podem fazer a denúncia em até seis meses.