F-1 tenta substituir GPs por provas virtuais, mas pilotos não se animam
Quando a Fórmula 1 anunciou que substituiria o GP do Bahrein, que teve de ser…
Quando a Fórmula 1 anunciou que substituiria o GP do Bahrein, que teve de ser adiado devido ao novo coronavírus, por uma prova disputada online usando o jogo oficial da categoria, os fãs se animaram. Afinal, seria uma forma de passar o tempo e se divertir vendo os pilotos disputando uma corrida com carros iguais e em um jogo que qualquer um pode ter em casa. Mas a realidade ficou bem aquém da expectativa: a corrida virtual teve problemas técnicos, e a baixíssima adesão dos pilotos do atual grid acabou gerando muitas críticas.
Chamada de Virtual Race, a versão online do GP do Bahrein contou com apenas dois pilotos do atual grid: Lando Norris, da McLaren, e o estreante deste ano, Nicholas Latifi, da Williams. Eles se juntaram por uma mistura bastante aleatória, desde o piloto de 89 a 2000 e hoje comentarista Johnny Herbert até o ex-One Direction, Liam Payne, passando por Nico Hulkenberg, Stoffel Vandoorne e até o ciclista medalhista olímpico Chris Hoy.
No final das contas, a vitória do GP virtual do Bahrein ficou com o chinês Guanyu Zhou, que faz parte do programa de jovens da Renault e está na F-2. Vandoorne foi o segundo e Phillip Eng, piloto da DTM, categoria de turismo alemã, foi o terceiro.
Não era esperada a participação de todos os pilotos, até porque especialmente os mais velhos costumam declarar que não são grandes apreciadores de jogos e simuladores. Mas o mesmo não pode ser dito dos mais jovens, como Alex Albon e George Russell. Mas quem mais fez falta no grid foi Max Verstappen, que não costuma perder nenhuma “pelada” virtual.
O holandês explicou à TV holandesa, contudo, que não está familiarizado com o jogo oficial da Fórmula 1, que não costuma ser usado por aqueles que levam mais a sério a brincadeira e preferem plataformas como o iRacing e o rFactor. “Levaria dias para eu entender o jogo e não quero fazer isso no momento. E também estou ocupado com vários outros campeonatos online. Não funciona para mim ficar mudando de plataforma. Quero correr para ganhar e não para ficar andando no meio do pelotão”, declarou.
O modelo de disputa também pode ter desanimado alguns pilotos: os carros eram todos iguais, com configurações de acerto limitadas, e os acidentes não tiravam os pilotos da prova. Então foi mais uma brincadeira do que uma corrida para valer.
Para piorar, problemas técnicos fizeram com que a prova, que inicialmente teria 28 voltas, fosse encerrada com 14. Falando em dificuldades, Norris, que vem participando de todas as corridas virtuais, seja qual for a plataforma, batendo recorde atrás de recorde em suas transmissões no Twitch, não conseguiu se conectar na primeira parte da corrida e só correu de verdade no final.
Dando um show à parte nesta fase online da F-1, Norris ligou para Verstappen, com quem costuma correr em outros simuladores, para conseguir alguns conselhos e ouviu que deveria “bater em todo mundo na primeira curva, dar uma volta de ré e ganhar”. Norris ligou também para o companheiro de McLaren, Carlos Sainz, o chefe, Zak Brown e Russell.
Mesmo decepcionando muitos fãs, a F-1 comemorou os números de engajamento e os 643 mil internautas que seguiram a prova ao vivo pelo YouTube, ainda que os números tenham sido bem inferiores em comparação com os mais de 1.400 acessos que o replay do GP do Brasil de 2016 teve no dia anterior, também em transmissão no YouTube oficial da categoria.
A programação segue a mesma para os próximos GPs. Só resta o vencedor Zhou confirmar sua presença: ele programava voltar para a China na segunda-feira (23) e lá seria testado para coronavírus, como todos os que estão desembarcando no país. E, independentemente do resultado, terá de ficar em quarentena por 14 dias. A próxima prova adiada da Fórmula 1 é o GP do Vietnã, que também deve ter uma corrida virtual, dia 5 de abril.