Flamengo oferece R$ 2 milhões a famílias do Ninho que ainda não aceitaram acordo
Clube tenta pagar as últimas quatro indenizações, depois de fechar com seis famílias. Apenas uma das representantes das vítimas entrou na Justiça
Perto de completar um ano e meio do trágico incêndio no CT Ninho do Urubu, a diretoria do Flamengo tentou fechar recentemente os últimos cinco acordos que faltavam com as famílias das dez vítimas, todos atletas da base do clube, mas apenas os parentes de Jorge Eduardo aceitaram a quantia oferecida.
Segundo O GLOBO apurou, o clube ofereceu R$ 2 milhões em indenizações e pensão para os responsáveis legais.
Representantes de Arthur Vinícius, Christian Esmério, Pablo Henrique e Samuel Thomas não concordaram com os valores. Os parentes de Jorge Eduardo informaram que o acordo foi aceito para evitar ainda mais desgaste. O mesmo aconteceu recentemente com os familiares de Bernardo Pisetta, o acordo anterior ao feito pelos parentes de Jorge Eduardo.
O Flamengo indicou às famílias que faria a mesma oferta financeira para todas, e algumas entenderam por bem receber os valores para encerrar o assunto. As quatro restantes esperam ainda que seus advogados tenham acesso ao inquérito no Ministério Público, que indiciou oito responsáveis por homicídio culposo.
Até agora, então, foram feitos seis acordos, com representantes de Jorge Eduardo, Bernardo Pisetta, Athila Paixão, Gedson Santos, Vitor Isaías e Rykelmo (apenas com o pai). A mãe de Rykelmo, Rosana de Souza, foi a única a entrar na Justiça com o pedido de R$ 6,9 milhões.
O incêndio no Ninho do Urubu ocorreu no dia 8 de fevereiro de 2019. Além dos dez mortos, três atletas se feriram com mais gravidade, mas após internação já estão em atividade pelo clube.
Os oito indiciados:
- Danilo da Silva Duarte, engenheiro da NHJ;
- Edson Colman da Silva, técnico em refrigeração;
- Eduardo Bandeira de Mello, ex-presidente do Flamengo;
- Fábio Hilário da Silva, engenheiro da NHJ;
- Luis Felipe Pondé, engenheiro do Flamengo;
- Marcelo Sá, engenheiro do Flamengo;
- Marcus Vinícius Medeiros, monitor do Flamengo;
- Weslley Gimenes, engenheiro da NHJ.
Eduardo Bandeira de Mello se pronunciou após a decisão do Ministério Público do Rio. O ex-presidente do Flamengo afirmou que seus advogados não tentaram fazer acordo com o MP e mantém a “confiança na Justiça”.
— Aguardo confiante na Justiça o andamento do inquérito que apura as causas do incêndio ocorrido em 2019 no centro de treinamento do Flamengo e que resultou na morte trágica dos nossos 10 atletas. Através da imprensa tomei conhecimento de que o Ministério Publico rejeitou a conclusão do inquérito policial quanto a ocorrência de homicidio doloso, alterando para incêndio culposo. Em nenhum momento meus advogados fizeram qualquer pedido de acordo junto ao Ministério Publico uma vez que tenho certeza e total confiança de que as acusações serão inteiramente afastadas pela Justiça, que a verdade dos fatos prevalecerá ao final e que ficará comprovada minha absoluta inocência com relação ao trágico acidente. Por fim, sigo inteiramente solidário à dor das famílias que foram destroçadas por esse triste episódio e espero que elas tenham seu justo pleito de reparação atendido — declarou Bandeira.
Por fim, o Grupo de Atuação Especializada do Desporto e Defesa do Torcedor (GAEDEST/MPRJ) ressaltou que “o clube vem permanentemente procurando mitigar pagamentos de indenizações às famílias das vítimas do incêndio, aumentando o desespero das mesmas, numa nítida tentativa de não sofrer qualquer prejuízo econômico decorrente do grave fato a que o próprio clube deu causa”.
O Flamengo não irá se pronunciar publicamente, apenas no processo.