Música e cinema, outras paixões de Pelé: Rei tocava violão e atuou em filmes
Pelé era conhecido por tocar violão nas concentrações dos jogos
A consagração no futebol nunca pareceu ser o suficiente para Pelé. A carreira artística sempre o fascinou, especialmente a música e o cinema. Em diversos momentos, ele trocou a bola por violão e microfones, e, em vez de ensaiar jogadas, preferiu decorar textos para filmes e especiais de TV.
A música sempre foi uma das paixões de Pelé, conhecido por dedilhar violões nas concentrações do Santos e da seleção. Verdadeiros ensaios para gravações solo ou acompanhado de estrelas como Elis Regina e Gilberto Gil. Em seu Dicionário da Música Popular Brasileira, o pesquisador Ricardo Cravo Albin observa que o jogador também serviu de inspiração para vários cantores e compositores que fizeram músicas para homenageá-lo em vida.
“Em 1960, a Orquestra e Coro RGE gravou a marcha ‘Pelé, Pelé’, de Alceu Menezes. Em 1961, o cantor Luiz Vanderley gravou pela RCA Victor o chá-chá-chá ‘Rei Pelé’, de Wilson Batista, Jorge de Castro e Luiz Vanderlei. Essa composição foi regravada dois anos depois pelo Coro do Clube do Guri. Em 1962, a dupla sertaneja Craveiro e Cravinho oficializou a cana-verde ‘Pelé dos Pobres’, de Sulino, Moacir dos Santos e Fernandes. No mesmo período, o cantor Paulo Tito gravou o baião ‘Pelé’, de Gordurinha. Em 1963, o choro ‘Pelé’, de Oiram Santos, foi gravado por Eli do Banjo na gravadora Copacabana”, informa o pesquisador.
CANTOR
Cravo Albin revela também as atividades de Pelé como cantor. Em 1969, ele gravou com Elis Regina o compacto simples Tabelinha – Elis x Pelé (Phillips), que contém as músicas “Perdão Não Tem” e “Vexamão”, de sua autoria. Em 1978, foi lançado o LP Pelé (WEA), com a trilha sonora original do filme lançado naquele ano sobre sua despedida do futebol. O disco tem produção e arranjos de Sérgio Mendes e traz Pelé cantando em duas faixas em dueto com a cantora Gracinha Leporace, “Meu Mundo É uma Bola” e “Cidade Grande”.
O disco traz ainda outras duas composições de sua autoria, “Nascimento” e “Voltando a Bauru”, além de canções de Sérgio Mendes. Pelé voltou a gravar um compacto em 1979, com as músicas Criança e Moleque Danado, de sua autoria e fruto de seu engajamento em favor dos menores de idade.
NAS TELONAS.
O cinema foi outro caminho de exposição utilizado por Pelé. A primeira vez em que ele apareceu na tela grande foi na comédia “O Barão Otelo no Barato dos Bilhões”, dirigido por Miguel Borges em 1971. Estrelado por Grande Otelo e Dina Sfat, o filme tem a participação de Pelé como Doutor Arantes – nos créditos, ele é nominado como Edson Arantes do Nascimento.
Em 1979, Anselmo Duarte convidou o jogador para figurar como ele mesmo em “Os Trombadinhas”, longa policial em que Pelé ajuda na recuperação social de menores de rua. Ele voltou a ser protagonista em “Pedro Mico”, drama que Ipojuca Pontes dirigiu em 1985 baseado na peça de Antonio Calado. Conta a história de um malandro carioca que rouba joias e foge, enganando sua quadrilha, que passa a persegui-lo nos morros, como a polícia.
Mas foi em 1981 que Pelé deu o maior salto cinematográfico ao participar de “Fuga Para a Vitória”, longa dirigido por John Huston. O filme é recheado de estrelas como o sueco Max von Sydow, que interpreta um major do exército alemão. Durante a 2.ª Guerra Mundial, ele decide organizar um amistoso entre a Alemanha e prisioneiros aliados comandados por um capitão inglês vivido por Michael Caine. Pelé deu as dicas das jogadas que foram filmadas (como uma belíssima bicicleta sua), mas estranhamente vive um prisioneiro vindo de Trinidad e Tobago.
Pelé ainda viveu um repórter esportivo em “Os Trapalhões e o Rei do Futebol”, em 1986, além de inspirar outros dois documentários: “Isto é Pelé” (1974), de Eduardo Escorel e Luis Carlos Barreto, e “Pelé Eterno” (2004), de Anibal Massaíni Neto
PELEZINHO FEZ SUCESSO
Em abril de 1977, um dos mais bem-sucedidos quadrinistas do Brasil e do mundo, Mauricio de Sousa, resolveu homenagear o maior ídolo do esporte nacional. O gibi Pelezinho, que contava as histórias do garoto Pelé quando tinha 7 anos, foi lançado pela Editora Abril em 1977 e durou até 1986 (foi relançado pela Editora Panini em 2012, modernizado e adequado à era da internet).
Pelezinho fez tanto sucesso que Mauricio até tentou emplacar novos personagens, como Dieguito (baseado em Diego Armando Maradona), Ronaldinho (Fenômeno) e o Senninha (Ayrton Senna). Mas a recepção do público não foi a mesma. Em 2013, o gibi de Pelé foi lançado na Alemanha, durante a Feira do Livro de Frankfurt. Na Copa do Mundo do Brasil, em 2014, a história em quadrinhos virou uma série de vinhetas de animação no Discovery Kids.