Goiano conquista título de campeão mundial de Kickboxing
Aos 22 anos o atleta diz que o esporte é a grande paixão da vida e critica a falta de incentivos no País
O goiano Rodrigo Stivi conquistou, nesta sexta-feira (9), o título de campeão mundial de Kickboxing na modalidade Full Contact. A categoria é de 90 kg. O jovem, de 22 anos, lutou contra o austríaco Boro Jovanovic, que desistiu da antes do segundo round. O campeonato mundial de Kick Boxing ocorreu em Buenos Aires, na Argentina.
Boro e Stivi já haviam se enfrentado no país de origem do adversário do brasileiro. O primeiro confronto ocorreu no ano passado e ontem eles se encontraram novamente no ringue, em uma revanche. A disputa terminou por desistência técnica de Jovanovic.
“Às vezes parece que a ficha nem caiu. Eu cresci vendo meu tio lutar, vendo grandes lutadores. Eu não imaginava ser campeão mundial. Eu não imaginava que seria tão cedo. Estou bastante feliz”, diz Rodrigo.
Desvalorização
Atleta profissional desde os 18, Rodrigo iniciou os treinos quando ainda era criança, aos 11 anos de idade. Espelhado pelo tio, o também campeão mundial Wagner Stivi, ele segue a carreira com o apoio de familiares e amigos.
A falta de incentivos, principalmente por parte do Governo, traz algumas dificuldades, mas não fazem com que o jovem desista da vida de esportista. A bolsa atleta, benefício do Governo Federal, varia de R$ 370 a R$ 1.850. Rodrigo explica que nem sempre os valores são o bastante para a rotina de treinos e as viagens para competições e campeonatos.
“O esporte não é valorizado. Falta apoio do Governo. O pró-atleta tem um valor injusto em relação ao que merecíamos”, diz o jovem. Mas nem isso desanima Rodrigo, que tem uma rotina intensa, dividida entre treinos, aulas e a universidade.
Ele estuda Educação Física e ainda é professor da arte marcial. No próximo ano vai conquistar o 2º Dan, que é a graduação de atletas a partir da faixa preta. Para isso, precisa seguir uma alimentação regrada e calcular até mesmo o sono, que varia de 6 a 8 horas diárias. “Como sou atleta de alto desempenho, às vezes preciso economizar no sono para ganhar no treino”, explica.
Conquista coletiva
A equipe de preparo de Rodrigo é formada por vários profissionais, que ele faz questão de nominar: o treinador, Cláudio Cacau; o tio e ex-atleta, Wagner; o preparador físico, professor Anselmo; a professora Carliane; e uma nutricionista.
Por isso, o atleta diz que o título de campeão mundial é mérito do trabalho de todas as pessoas que estão com ele. Não fosse, ainda, o apoio de familiares e amigos, ele não seria capaz de fazer o que tanto ama.
“Sou feliz no que eu faço e tem pessoas que me ajudam constantemente. Na verdade, hoje o Kickboxing é a minha vida. Eu vivo em função dele, eu trabalho para isso. Eu faço por amor, porque eu amo”, diz.
Mais novo de três irmãos, o jovem já é tio da pequena Isabela e mora em Goiânia com os pais e a irmã. Ele conta que leva uma vida sem muitos luxos: “Não falta nada. Mas também não sobra muito”, explica.
Futuro
Rodrigo Stivi pretende se aperfeiçoar cada vez mais na arte marcial, mesmo apesar das dificuldades e falta de reconhecimento. “O meu objetivo é continuar sendo um atleta, até quando eu puder, até quando eu não puder. Quando chegar uma fase que não puder mais lutar, quero ajudar a formar atletas profissionais e não-profissionais”, finaliza.
Na noite deste domingo (11) Stivi desembarca no Aeroporto Santa Genoveva com o cinturão de campeão mundial de Kickboxing. Apesar da felicidade da conquista, na próxima semana ele já retoma os treinos: “Não tem descanso nessa vida de atleta”.