Sem Pato, o São Paulo criou pouco e deu sorte ao ir para o intervalo em vantagem. Mas a falta de ação são-paulina seria punida. Em uma grande partida do peruano Paolo Guerrero, o Corinthians virou para 3 a 2 e venceu o primeiro clássico contra o rival tricolor no Itaquerão. Expulso depois de dois carrinhos, Álvaro Pereira saiu como vilão pelo segundo jogo seguido e permitiu a virada exatamente quando o São Paulo teve um jogador a menos. Fábio Santos, que fez dois de pênalti (o primeiro deles bastante polêmico), também foi expulso, por falta pesada em Osvaldo.
Sete dias depois da vitória contra o Cruzeiro, no Morumbi, o São Paulo tem que agradecer ao Atlético-MG, que venceu por 3 a 2 o clássico mineiro, pelo o Brasileirão não ter acabado. Sem pontuar há duas rodadas, o time tricolor tem 42 pontos, a sete do líder, faltando 15 rodadas para o fim do Brasileirão.
Já o Corinthians, que vinha de um frustrante empate contra a Chapecoense, voltou a sonhar no Brasileirão. Em quarto, com 40 pontos, briga de igual para igual com São Paulo e Inter (41 pontos). O Grêmio, com 36, ainda joga pela rodada e pode chegar na briga.
O saldo do jogo, porém, pode ser altamente negativo para o Corinthians. No segundo tempo, as organizadas Pavilhão 9 e Camisa 12 brigaram a ponto de jogo precisar ser interrompido. Houve corre-corre, tumulto e pancadaria e a Polícia Militar teve dificuldade de conter a confusão. A briga aconteceu exatamente no setor Norte, onde a diretoria retirou as cadeiras horas antes do clássico, para dar mais liberdade aos organizados.
Além disso, apesar do pedido expresso da diretoria, boa parte da torcida do Corinthians gritou alto “bicha” a cada cobrança de tiro de meta por parte do goleiro Denis. O temor dos corintianos é que o STJD puna o clube pelos dois incidentes e retire mando de campos.
O JOGO
Com tendinite no joelho esquerdo, Rogério Ceni acabou vetado para aquele que seria seu único jogo no Itaquerão na carreira. O Corinthians, porém, também teve um problema de última hora: Elias, com amidalite, ficou de fora. Mano Menezes optou pelo tantas vezes decisivo Danilo, que só havia sido titular uma vez no Brasileirão: exatamente no clássico do primeiro turno.
De cara, o time da casa deixava clara a postura de pressionar o São Paulo e não deixar o rival rodar a bola. Mas, logo aos 5 minutos, Kaká bateu falta na área, Ralf ficou perdido, Rafael Toloi dominou e Souza, livre, abriu o placar.
Não adiantava mais o Corinthians procurar o erro tricolor: teria que propor o jogo. E aí, com Danilo até então apagado, ficou difícil criar qualquer coisa. Jogadas ofensivas só pelas laterais, sem grandes riscos a Denis. Até que, aos 21 minutos, Toloi disparou num contra-ataque, desabou com dores na coxa e foi substituído por Antônio Carlos.
E o zagueiro, que fez dois gols contra no jogo do Paulistão, deu azar. Aos 33, na primeira vez que o Corinthians tocou a bola, Malcom saiu na cara de Denis e chutou em cima do goleiro. O rebote foi em direção a Antonio Carlos, que tentou tirar o braço para não bater na bola. A combinação da movimentação do braço com a bola batendo no seu antebraço fez o árbitro marcar um pênalti bastante contestável. Fábio Santos bateu e empatou.
A torcida se animou, Guerrero chegou a ter chance (parou em Denis), mas foi o São Paulo que voltou a marcar. Aos 44, nova batida de falta de Kaká, novo vacilo da zaga e gol de Edson Silva, livre. Com dois chutes, o São Paulo ia para intervalo com 2 a 1.
Depois de 45 minutos apagados, Luis Fabiano saiu para a entrada de Michel Bastos. A ideia de Muricy era povoar o meio-campo e tentar equilibrar a partida. Mas foi o Corinthians que seguiu mandando no jogo, ainda que as melhores chegadas tenham sido em erros de posicionamento da zaga do São Paulo.
Aos 7, Malcom foi mais esperto que Edson Silva, matou no peito e chutou alto. Denis pegou. Aos 16, a jogada foi nas costas de Alvaro Pereira, que deu carrinho para impedir Fagner de entrar na área, recebendo o amarelo. Três minutos depois, o uruguaio ficou no mano a mano com Guerrero e precisou dar uma voadora para tentar travar o chute. Pegou de raspão na bola e derrubou o peruano. Pênalti e cartão vermelho direto. Fábio Santos cobrou de novo e fez 2 a 2.
Com um a mais em campo, o Corinthians passou a mandar ainda mais na partida e o gol passou a parecer questão de tempo. E foi. Aos 28, Danilo mostrou toda sua genialidade e, com um tapa na bola, deixou Guerrero na cara do gol. O peruano, com frieza, tirou de Denis e virou a partida.
Quando o jogo parecia ganho, Fábio Santos deu uma entrada violentíssima em Osvaldo e foi expulso. A entrada do atacante, aliás, já havia deixado o São Paulo mais ofensivo para buscar o empate. Mas a falta de organização não permitiu aos visitantes sequer ameaçar Cássio, que saiu de campo sem ter feito nenhuma defesa – os dois chutes entraram. Do outro lado, Luciano quase fez no finalzinho.
FICHA TÉCNICA:
CORINTHIANS 3 X 2 SÃO PAULO
GOLS – Souza, aos 5, Fábio Santos, de pênalti, aos 35, e Edson Silva, aos 44 minutos do primeiro tempo; Fábio Santos, de pênalti, aos 20, e Guerrero, aos 28 minutos do segundo tempo.
ÁRBITRO – Luis Flávio de Oliveira (SP).
CARTÕES AMARELOS – Bruno Henrique, Malcom e Guerrero (Corinthians); Edson Silva, Kaká, Ganso e Álvaro Pereira (São Paulo).
CARTÃO VERMELHO – Fábio Santos (Corinthians) e Álvaro Pereira (São Paulo).
RENDA – R$ 2.405.986,50.
PÚBLICO – 34.688 pagantes.
LOCAL – Itaquerão, em São Paulo.
CORINTHIANS – Cássio; Fagner, Gil, Anderson Martins e Fábio Santos; Ralf, Bruno Henrique, Danilo (Uendel) e Renato Augusto; Malcom (Luciano) e Guerrero (Romero). Técnico – Mano Menezes.
SÃO PAULO – Denis; Auro, Edson Silva, Rafael Toloi (Antônio Carlos) e Álvaro Pereira; Denilson (Osvaldo), Souza, Ganso e Kaká; Alan Kardec e Luis Fabiano (Michel Bastos). Técnico – Muricy Ramalho.