RACISMO

Jogador da base do Atlético relata ter ficado paralisado e sem reação, após ser chamado de “macaco”

Gustavo Assunção acusou um dos membros da comissão técnica do Trindade de ter o chamado de "macaco"

Gustavo em jogo pelo Atlético Goianiense. Foto: Heber Gomes - Mais Goiás

O jogador do time sub-20 do Atlético Goianiense, Gustavo Assunção, compareceu na tarde desta quinta-feira (9) no Grupo Especial de Combate a Crimes Raciais e de Intolerância para dar depoimento sobre o suposto caso de injúria racial ocorrido no jogo entre Trindade e Atlético-GO, pelo Goianão Sub-20.

Gustavo destacou que ficou sem reação durante a partida, após ser chamado de “macaco” por um integrante da comissão técnica do Trindade. O jogo teve de ser paralisada aos 39 minutos do primeiro tempo por conta de uma confusão no gramado.

“No jogo contra o Trindade, estava tendo uma discussão normal com o camisa 7 do Trindade. Foi quando o fisioterapeuta deles falou para mim, o que foi negão? Querendo defender o jogador deles. Ele continuou e falou o que foi negão?, o que foi ‘macaco’? Foi quando eu paralisei. Acabou que isso me tirou do jogo, não tive reação. Olhei para meus companheiros falando com o juiz, não tive nem reação, porque foi a primeira vez que aconteceu comigo isso”, relatou o jovem atleta rubro-negro.

Gustavo destacou que já logo teve o apoio do Atlético, que forneceu um psicólogo para dar atenção especial ao atleta. “Fiquei muito chateado, quieto no meu canto, senti muito esse fato. Estou falando com o psicólogo. Mas quero tentar agora focar na decisão de sábado para tentar esquecer esse fato”, comentou.

O jogador relatou também que recebeu apoio dos próprios atletas do Trindade durante o jogo. “Não imaginaria que iria acontecer comigo, fiquei surpreso, até os meninos do Trindade vieram me abraçar, mas aquilo me tirou do jogo e fiquei muito chateado”, disse.

Trindade emite nota de repúdio

Sobre o caso de injúria racial ocorrido na última quarta-feira (8), o Trindade emitiu uma nota de repúdio e destacou que a pessoa apontada como autor do crime não faz parte da Comissão Técnica do clube e não mantém vínculo empregatício com o clube.

“O Trindade não admitirá, em nenhuma hipótese, a presença de cidadãos em suas dependências que não respeitem os princípios básicos da dignidade humana e respeito ao ser humano… Prestamos aqui nossa solidariedade ao atleta ofendido, e não mediremos esforços na total apuração dos fatos e punição ao infrator”, disse uma parte da nota do clube.