POLÊMICA

Jogador do Goiás diz ter sofrido racismo de torcida; Organizada se posiciona

O atacante foi decisivo na vitória sobre o CSA, por 1 a 0, em Maceió

Alef Manga. Foto: Fernando Lima/Goiás

Após a vitória do Goiás sobre o CSA, fora de casa, na noite de quarta-feira (14), o atacante Alef Manga concedeu entrevista coletiva. Na oportunidade, o atleta falou sobre a confusão em que se envolveu depois da derrota para o Náutico, no último jogo esmeraldino em casa, e acusou torcedores de racismo.

“Naquela discussão contra o Náutico, acabei sendo ameaçado. Começaram a xingar a gente (Manga e Paulo Egídio) de preto. Ficamos chateados pelo fato que aconteceu, a torcida tem o direito de reclamar, cobrar, mas acho que não tem o direito de ameaçar, tacar objetos e chamar de preto e de nego. Não vou processar ninguém, acho que já passou, não vou fazer nada disso, é uma situação que já ocorreu. Mas quero agradecer a todo mundo que me apoiou, só eu sei nesses dias o que passei de sofrimento. Nós precisamos muito do Egídio (supervisor de futebol), é um cara bacana, agradeço ao presidente também pelos incentivos”, desabafou o atacante.

Na ocasião, torcedores cobraram Alef Manga – que perdeu uma grande chance na partida – e o supervisor Paulo Egídio interviu, inclusive, cuspindo em um dos esmeraldinos que protestavam.

Procurada pela reportagem do Mais Goiás, a Força Jovem Goiás (FJG), principal torcida organizada esmeraldina, se posicionou por meio de Mateus Tobias, presidente da entidade. “Sobre a acusação do Manga, é uma acusação muito grave, de uma coisa que não cabe mais no meio que vivemos. A nossa visão é que precisamos combater o racismo. Se ele tiver como provar, que vá na delegacia e leve isso adiante, pois não é uma simples acusação, é algo bastante grave”, iniciou.

De acordo com Mateus Tobias, os torcedores envolvidos no episódio com Alef Manga e Paulo Egídio no último dia 9 não são integrantes da Força Jovem e sim da Goiás Chopp, outra organizada esmeraldina. “Conheço todos, seus familiares e comportamento e acredito que podem ter se exaltado, xingado, mas jamais, pela índole deles, terem tido uma atitude racista e jogado um copo no rumo do Manga. Até porque não tem essa filmagem, pois teria de ser mostrada, já que é uma agressão. Duvido muito que os torcedores que receberam o cuspe na cara teriam uma atitude dessa. É uma acusação grave e, se tiver provas, tem de levar adiante. Se não tiver prova e ter falado isso para justificar a atitude dele e do dirigente Paulo Egídio, ele (Manga) errou mais uma vez”, explicou o dirigente da Força Jovem.

Alef Manga salientou que não irá processar os envolvidos na discussão, classificando como ‘fato passado’. De toda forma, o presidente da FJG reforçou a necessidade de que o atacante exiba as provas para comprovar que foi ameaçado e sofreu racismo.

“Em algumas situações, temos de ponderar que não basta a gente falar que recebemos. Está falando, mas não está provando que foi acusado de morte, nem que sofreu racismo. Ao falar as coisas que são graves, deveria provar também. Não apenas ficar falando, aproveitar a mídia e jogar as coisas no ar para justificar uma coisa que também foi errada, para falar coisas sem provas. É uma coisa complicada”, concluiu Mateus Tobias.